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Steyce Norrane: artista de Osasco sonha em maquiar Beyoncé

Em ascensão na maquiagem artística, Steyoncé começou na arte durante a pandemia e hoje faz sucesso nas redes

Por Mariana Oliveira

18|10|2022

Alterado em 18|10|2022

Diretamente de Osasco, região metropolitana de São Paulo, Steyce Norrane vem ganhando espaço nas redes sociais com seu trabalho de maquiagem artística, geralmente utilizada no teatro, cinema, clipes musicais e fotos para revistas.

A jovem de 25 anos começou na maquiagem artística há pouco mais de dois anos, após assistir ao filme “Black Is King” (2020), da cantora e compositora norte-americana Beyoncé. Dirigido, escrito e produzido pela própria cantora, o longa é um álbum visual do disco “The Lion King: The Gift” produzido concomitantemente com o remake do filme “O Rei Leão” (2019), em que a cantora dublou a personagem Nala.

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A primeira maquiagem artística de Steyoncé foi inspirada em The Lion King: The Gift, de Beyoncé. © Arquivo Pessoal

Releitura de The Lion King: The Gift, de Beyoncé. © Arquivo Pessoal

Capa do álbum The Lion King: The Gift, da cantora Beyoncé (2019). © Divulgação

Em plena pandemia, sem experiência em desenhos e muito menos na maquiagem, sentiu necessidade de mostrar admiração e gratidão de alguma forma. “Porque é uma obra de mulher preta”, diz. Assim nasce sua primeira pintura artística, que levou seis horas para ser construída. No início, tudo o que criava era na tentativa e erro, aperfeiçoando conforme as necessidades que percebia. “A maquiagem nunca esteve presente na minha vida, hoje eu sou profissionalizada”.

Steyce enxerga a maquiagem como uma forma de se expressar, assim como fazem os músicos ou pintores. Encontrou no estilo um modo de expressar seus sentimentos, homenagear artistas que admira e deixar sua assinatura. “Pensava apenas em tentar, se desse certo continuaria, caso contrário,  tudo bem, buscaria outra coisa”.

Steyce tem como únicos recursos a laje de sua casa, um celular e a luz do sol. Tintas, pincéis e outros materiais são caros, mas consegue fazer um estoque com a corrente demanda de trabalhos. O paraíso para ela são lojas de aviamentos, lugar onde compra “coisas bem aleatórias” para usar em algum momento. “É um investimento que você faz aos poucos, porque realmente não é barato. Precisa de criatividade para se adaptar e baratear um pouco mais”.

A ferramenta de maior destaque para suas inspirações criativas é a música. Ela explica que, após escolher o álbum base da maquiagem, inicia os estudos para adaptar o quadrado típico da capa de discos para o rosto de quem será aplicado. “Penso nos desenhos de forma imaginativa. Testo na hora e se não rolar, arrumo e adapto de outra forma”.

Com forte apoio da família e amigos, marcou presença nas redes sociais após a dupla de cantoras de hip hop Tasha e Tracie compartilharem a releitura que havia feito do álbum Rouff (2019). Com o reconhecimento, a internet começou tratá-la por “Steyoncé”, e adotou o nome artístico.

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Releitura do álbum Rouff (2019) de Tasha e Tracie © Arquivo pessoal

Capa do álbum Rouff (2019) de Tasha e Tracie © Divulgação

“Em dois anos, já conquistei um espaço inimaginável, ainda mais começando pela internet, um lugar que você tem de buscar muito para crescer organicamente”.

Para um futuro não tão distante, deseja alcançar mais pessoas nas quebradas. “Meu intuito é que elas se sintam inspiradas assim como eu fiquei ao assistir o filme”. A maquiadora relata a dificuldade de as coisas chegarem antes nas periferias por falta de acesso, inclusive de internet. “Só conhecemos quando uma pessoa da região prova que é possível”. A possibilidade de encontrar com elas na feira, no mercadinho da esquina, até mesmo na padaria aproxima essa conexão.

Steyoncé ainda não consegue viver da maquiagem e trabalha com carteira assinada em outra área, mas espera viver apenas da arte em um espaço próprio com equipe, e, claro, que seu trabalho chegue à sua musa inspiradora: Beyoncé.