Gal Costa, MPB, Tropicália

‘Meu nome é Gal’: um dos maiores nomes da MPB, Gal Costa morre aos 77

Gal é marcada pela participação no movimento Tropicália, mas seu legado reverbera em artistas contemporâneos.

Por Mariana Oliveira

09|11|2022

Alterado em 09|11|2022

Na manhã desta quarta-feira (9/11), a assessoria de imprensa de Gal Costa confirmou a morte da cantora e compositora aos 77 anos. Não foram divulgadas maiores informações e a causa da morte ainda é desconhecida.

Faltando 54 dias para o fim de 2022, a Música Popular Brasileira (MPB) sofre com a perda de mais uma grande artista nacional. Em 20 de janeiro, “a voz do milênio” Elza Soares partiu de causas naturais aos 91 anos.

‘Meu nome é Gal’

Nascida em 26 de setembro de 1945, na cidade de Salvador (BA), Maria da Graça Costa Penna Burgos, é a nossa Gal Costa. Eleita pela revista Rolling Stone Brasil como a 7ª maior voz da música brasileira, em 2012, a cantora recebeu prêmios como o Grammy Latino, em 2004, e o Prêmio da Música Brasileira, em 2018.

Gal iniciou na música ainda na adolescência. Sem nunca ter estudado canto, começou se apresentando em festas escolares e ao trabalhar em uma loja de discos apaixonou-se pela bossa nova. Embora sua voz tenha feito história pelo ritmo, a artista se aventurou em outros estilos, como o pop da jovem guarda em 1969, em parceria com Roberto e Erasmo Carlos. Também regravou o samba-exaltação do mineiro Ary Barroso com “Aquarela do Brasil” (1980). E, em 2011, misturou música eletrônica e funk carioca no álbum “Encanto

Ao lado de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e outros artistas, participou do movimento Tropicália, que atingiu seu auge na música brasileira na década de 1960. As músicas lançadas no período eram marcadas pela ambiguidade das letras, que serviam como forma de protesto durante o período da ditadura civil-militar. Gal é uma das artistas presentes no álbum-manifesto “Tropicália ou Panis et Circencis”, lançado em decorrência ao movimento, com quatro faixas no disco, como “Parque Industrial” e  “Hino ao Senhor do Bonfim da Bahia” (com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Mutantes). “Baby” (com Caetano Veloso) e “Mamãe coragem”.

Em entrevista à revista O Grito, em 2021, Gal contou ter percebido um “rejuvenescimento” de seu público. “Percebi pelas redes sociais e pelas pessoas que têm ido aos meus shows, um público mais jovem. Fico feliz que minha voz esteja passando por novas gerações. É comovente ver a recepção dos mais jovens, cantar para eles é forte, a energia é boa demais”. No mesmo ano, em plena pandemia, gravou e lançou o disco “Nenhuma Dor”, produção em que repaginou seus sucessos em duetos com artistas de novas gerações. Nomes como Criolo, Rubel, Seu Jorge e Zeca Veloso marcaram presença.

Na teledramaturgia, foi responsável por interpretar a abertura de algumas novelas na TV Globo, entre elas “Modinha para Gabriela”, tema de “Gabriela” (1975 e 2012). “O casarão” (1976), com a faixa “Só louco”. Em “Vale tudo” (1989), “Brasil”. “Deus nos acuda” (1992), “Canta Brasil” e na novela “Porto dos milagres” (2001), com a música “Caminhos do mar”.

Aos 77 anos, estava na ativa com a turnê “As várias pontas de uma estrela”, revivendo grandes sucessos dos anos 1980. Por recomendação médica, interrompeu a agenda de shows até o fim de novembro, após uma cirurgia para retirar um nódulo na fossa nasal direita. O próximo concerto estava programado para acontecer em 17 de dezembro, na Sala São Paulo (SP).

Ao longo de sua carreira, Gal lançou mais de 40 álbuns e 12 DVDs. Relembre algumas músicas que foram sucesso em sua voz:

Coração Vagabundo (1967)

Que Pena (Ele Já Não Gosta Mais De Mim) (1969)

Lágrimas Negras (1974)

Força Estranha (1979)

Vaca Profana (1997)