Marco Feliciano ataca Margareth Menezes em discurso na Câmara

Ofensas aconteceram na última quarta-feira (15), durante a primeira reunião da Comissão de Cultura da Câmara

17|03|2023

- Alterado em 24|03|2023

Por Amanda Stabile

Poucos meses após celebrarmos a nomeação de 11 mulheres para liderar pastas dos ministérios durante o governo Lula, a Ministra da Cultura, Margareth Menezes, foi vítima de comentários irônicos e de reflexos transfóbicos proferidos pelo deputado federal Marco Feliciano (PL).

Para o Ministério de Igualdade racial, que se posicionou em uma rede social, o caso é uma violência política de gênero e raça. 

Durante a primeira reunião da Comissão de Cultura da Câmara, que aconteceu na última quarta-feira (15), o deputado, que se declara contra a causa trans e a ideologia de gênero, ironizou:

“A ministra vem aqui… A ministra ou ministro, não sei quem é. É ministra ou ministro? Quero saber o que ela é. Eu sei que é uma mulher, mas não sei se pode chamar de mulher ou não”.

Na ocasião, a deputada baiana Lídice da Mata (PSB) defendeu: “A ministra tem nome: Margareth Menezes. E estou aqui para defendê-la”,  disse. “Seu presidente, nós não vamos aceitar esse tipo de colocação. Nós não podemos aceitar”, completou.

O episódio acontece apenas uma semana depois do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira subir ao plenário da Câmara usando uma peruca amarela de nylon e afirmando ser uma mulher.  Após o ato criminoso, o parlamentar, que já possui duas notícias-crimes apresentadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), criou um grupo de apoiadores e aumentou seus números nas redes sociais.

Esses dois atos nos mostram que alcançar os espaços de poder do nosso país é apenas um passo na nossa luta por respeito, equidade e para que as nossas especificidades e causas sejam consideradas e para que os nossos direitos sejam efetivados.

A nomeação dessas 11 ministras, que nós celebramos como uma conquista, para elas é mais um desafio diário. Porque ataques como esses e a violência política contra mulheres e mulheres negras infelizmente não são esporádicas. À Margareth Menezes, nossa solidariedade, apoio e luta para que sejamos sempre respeitadas.

Larissa Larc é jornalista e autora dos livros "Tálamo" e "Vem Cá: Vamos Conversar Sobre a Saúde Sexual de Lésbicas e Bissexuais". Colaborou com reportagens para Yahoo, Nova Escola, Agência Mural de Jornalismo das Periferias e Ponte Jornalismo.

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