Hábito de leitura: como criei meu e como você pode criar o seu

A jornalista Mariana Oliveira conta como organiza sua rotina de leitura. “Não devemos medir pela quantidade de títulos no ano, mas pela experiência”

12|01|2023

- Alterado em 12|01|2023

Por Redação

Entrei no mundo dos livros ainda na infância, durante os anos de alfabetização. Na escola tínhamos leituras semestrais obrigatórias, era certo que leria quatro livros por ano. Minha família não podia comprar outros além dos listados, então me habituei a relê-los.

As condições em casa melhoraram um pouco e o sebo do bairro se tronou um paraíso. Pegar livros emprestados com colegas e vizinhas também se tornou rotina. Durante o primeiro semestre do curso de jornalismo, a faculdade participou de uma campanha de doação de livros, levei cerca de 30 para casa. Desde que comecei a trabalhar e com novas amizades, compro e ganho muitos livros. Com os e-books e a disponibilização de títulos gratuitos por autores independentes e editoras. Meu acervo cresceu, então desenvolvi uma rotina de leitura que funciona para mim.

No mundo do booktube, booktok e bookstagram (nicho de criadores de conteúdo no Youtube, TikTok e Instagram, respectivamente). Grande parte dos criadores, compartilha hábitos e metas anuais com diversos aplicativos, bloco de notas, agendas personalizadas, títulos e autores que desejam ler durante o ano.

Eu me organizo por “categorias” e até pouco tempo, eram quatro simultâneos: um digital e de fácil leitura para acompanhar pela manhã no transporte público. Um físico para qualquer brechinha. Na volta para casa, costumava ler uma HQ (história em quadrinhos), livro de poemas ou contos e, por fim, o de cabeceira para ler antes de dormir, normalmente os mais pesados ou complexos.

Ao entrar no Nós, mulheres da periferia, e trabalhar de casa, me reorganizei mantendo dois livros-base. Me provoquei a adaptar e participar de desafios literários, que me oportunizaram conhecer novas autoras e introduzir em gêneros inéditos para mim. Clubes de leitura também funcionaram muito bem, debater com pessoas que concordam ou discordam dos pontos que observei só agregaram à experiência. Aplicativos de leitura e planilhas também ajudaram a me disciplinar e ter ciência do meu acervo.

Tudo isso é regra? Não. Cada pessoa desenvolve à sua maneira, conforme sua zona de conforto. A realidade, é que não existe fórmula mágica. A ideia não é competir quem lê mais durante um ano, mas aproveitar cada página, a narrativa, cada autor e o contexto em que foi escrito. É sobre desenvolver o hábito não como obrigação, mas como uma atividade prazerosa.

Larissa Larc é jornalista e autora dos livros "Tálamo" e "Vem Cá: Vamos Conversar Sobre a Saúde Sexual de Lésbicas e Bissexuais". Colaborou com reportagens para Yahoo, Nova Escola, Agência Mural de Jornalismo das Periferias e Ponte Jornalismo.

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