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Cantora Mazé Cintra lança seu primeiro disco solo aos 64 anos

Com mais de 30 anos de carreira, a cantora Mazé Cintra estreia seu primeiro EP aos 64 anos. “Estou só começando”, conta.

Por Mariana Oliveira

08|05|2023

Alterado em 09|05|2023

Aos 64 anos, a cantora Mazé Cintra lança seu primeiro EP “MAZÉ”, trazendo ritmos do maracatu, ijexá, samba e congo. Trabalhando no meio musical há mais de 30 anos, sentiu que agora era o momento ideal para se lançar como cantora solo.

Além de cantora, percussionista e compositora, Mazé é educadora, formada em Educação Física, lecionou por anos na rede pública e simultaneamente estava envolvida com a arte. “Meus pais se conheceram no coral, então ouço música desde sempre. Eu cantava com minhas irmãs e primos”.

Extended play, ou EP, é um tipo de gravação musical longa para ser considerada um single (música lançada individualmente) e curta para se adequar a um álbum.

Diferente das irmãs, Mazé não estudou música na infância. Nos anos 80, tornou-se membro do Coral Canto Livre, e foi a porta de entrada para o mundo musical profissional, que mais tarde se tornaram gravações de discos com outros grupos vocais. “Foi um grupo super importante, ganhamos alguns concursos. Depois dele, teve outros grupos vocais até eu desembocar no Vésper Vocal”.

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Ensaio de divulgação do EP "Mazé", primeiro disco solo da cantora. © Aline Copabianco

© Aline Copabianco

© Aline Copabianco

© Aline Copabianco

Mazé participou da Abaçaí Cultura e Arte, organização que promove arte e cultura com atividades integrativas. Colaborou em projetos com grandes nomes da música como Elza Soares, Paulinho da Viola, Fabiana Cozza, Marlui Miranda, Alessandra Leão e integrou o Bloco Afro Ilú Obá de Min desde a fundação.

Após toda essa caminhada em projetos coletivos, em 2022 a cantora resolveu dar uma chance a um trabalho solo aos 64 anos.

“Eu ainda estou me apoderando de cantar sozinha, de estar à frente, porque eu sempre estive em grupos”.

Mazé Cintra

Todo o processo iniciou durante a pandemia do Covid-19, período em que ficou “muito reflexiva” e aproveitou a reclusão para criar. “Também foi um trabalho espiritual meu de querer embarcar nessa”.

O EP é uma síntese de toda sua carreira, com um toque de coragem ao dar um voto de confiança para si mesma. A expectativa era lançar um disco completo, com 12 faixas, porém sem aprovação em editais de financiamento, teve de reduzir os planos. “Não passei, encarei o desafio. A gente conseguiu vender o apartamento dos meus pais, porque eles se encantaram, aí surgiu uma graninha. Não gravei o CD, mas pelo menos gravei um EP”.

Com novos projetos na manga, Mazé não pensa em parar agora, sonha em desbravar a carreira solo com o lançamento das oito músicas que ficaram de fora do EP, o mais breve possível. “Tenho 64 anos, mas na verdade me sinto com 35. Eu já tenho outros planos coletivos também, estou só começando. Se eu ficar parada, não vai dar certo, tenho bastante tempo ainda”.