Por Redação
O letramento racial é um conceito cada vez mais relevante na sociedade atual. Trata-se da capacidade de compreender as questões relacionadas à raça e suas implicações sociais, políticas e históricas. Em outras palavras, é a habilidade de entender a realidade racial e agir de forma antirracista. No entanto, essa habilidade é muitas vezes negligenciada nas comunidades espirituais.
A frase “o óbvio também precisa ser dito” é particularmente relevante nesse contexto. Ainda hoje, muitas pessoas acreditam que a espiritualidade é um espaço livre de racismo, onde todos são iguais. No entanto, a realidade é bem diferente. O racismo existe em todas as camadas da sociedade, nas comunidades espirituais não seria diferente.
Por essa razão, é fundamental que seus praticantes tenham um letramento racial profundo. Isso significa compreender a história do racismo no Brasil, entender a importância da representatividade negra e indígena na mídia, na política e em outras esferas da sociedade. Estar alerta às microagressões e aos comportamentos racistas que podem ocorrer no dia a dia é uma premissa fundamental.
Além disso, é importante lembrar que o letramento racial não é apenas uma questão de conhecimento intelectual. É também uma questão de atitude. Não basta simplesmente saber sobre o racismo e suas implicações. É preciso agir de forma antirracista, inclusive dentro desses espaços espirituais. Essa é uma regra que também vale para você que segue a filosofia de terreiro.
Honrar os pretos velhos e caboclos é uma prática importante nas religiões afro-brasileiras, por exemplo. No entanto, essa honra deve ser estendida a todas as pessoas não-brancas que estão ao seu redor e não apenas aos espíritos. Isso significa respeitar a pessoa negra e indígena em todas as situações, não apenas dentro do terreiro.
Enfrentar o racismo e combater a discriminação racial é uma responsabilidade de todos, inclusive dos praticantes da espiritualidade. É fundamental que as comunidades espirituais sejam espaços de acolhimento e inclusão, independentemente de sua raça, gênero ou orientação sexual.
Mas, para isso, é preciso um letramento racial profundo e uma atitude antirracista em todas as esferas da vida.
Terapeuta reikiana, taróloga, astróloga, bruxa urbana e favelada. Autora do portal "A Bruxa Preta", em que escreve sobre espiritualidade, misticismo e universo holístico numa perspectiva decolonial e subversiva.
Os artigos publicados pelas colunistas são de responsabilidade exclusiva das autoras e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Nós, mulheres da periferia.
Larissa Larc é jornalista e autora dos livros "Tálamo" e "Vem Cá: Vamos Conversar Sobre a Saúde Sexual de Lésbicas e Bissexuais". Colaborou com reportagens para Yahoo, Nova Escola, Agência Mural de Jornalismo das Periferias e Ponte Jornalismo.
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