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45 anos de luta: as mulheres que marcaram o Movimento Negro Unificado

Neste 7 de julho, o Movimento Negro Unificado (MNU) completa 45 anos de história; conheça sete mulheres essencias para a luta da organização

Por Beatriz de Oliveira

06|07|2023

Alterado em 07|07|2023

Naquele 7 de julho de 1978, aproximadamente duas mil pessoas se reuniram em frente ao Theatro Municipal de São Paulo, no centro da cidade, para um ato público contra o racismo. Nascia oficialmente o Movimento Negro Unificado (MNU), que, deste então, tem colecionado esforços e conquistas na luta pela dignidade de vida da população negra. Neste 7 de julho de 2023, a organização completa 45 anos de existência.

A discussão do feminismo negro e o protagonismo de mulheres negras na luta contra o racismo são temas centrais na trajetória do MNU. O Nós, mulheres da periferia selecionou o nome de sete ativistas que passaram pelo movimento e deixaram grandes contribuições para a luta.

7 mulheres que marcaram o Movimento Negro Unificado

1

Neusa Maria Pereira

A jornalista Neusa Maria Pereira estava presente no ato de 7 de julho de 1978 e é cofundadora do MNU. Durante a ditadura militar, trabalhou no jornal Versus, veículo da imprensa alternativa que representava resistência ao regime. Neusa também criou a editora  Abayomi Comunicação, que produz o jornal Escrita Feminina, cuja primeira publicação ocorreu em 2013, e foi distribuído para mulheres da periferia de São Paulo.

2

Margarida Barbosa

A enfermeira e militante do MNU Margarida Barbosa foi pioneira no debate sobre anemia falciforme e nas particularidades da saúde da população negra. Enquanto era enfermeira do Hospital das Clínicas da Universidade de Campinhas (Unicamp), publicou em 1992, na revista O Negro, um artigo sobre anemia falciforme e abordou a necessidade de políticas públicas para essa e outras doenças que afetam mais a população negra.

3

Angela Gomes

Angela Gomes faz parte do MNU de Minas Gerais. É engenheira florestal, mestra em Controle de Contaminação Ambiental e doutora em Geografia. Em sua tese de doutorado abordou o cultivo de plantas trazidas da África em terreiros de candomblé, quilombos e quintas de mulheres negras em zonas urbanas; a pesquisadora reconheceu mais de 500 espécies. A ativista também foi consultora da Organização das Nações Unidas (ONU) na Guatemala.

4

Iêda Leal

Pedagoga e especialista em Métodos e Técnicas de Ensino, Iêda Leal é coordenadora nacional do MNU. Em Goiânia (GO), inicou sua militancia no movimento negro nos anos 1980. Atualmente, lidera a Secretaria de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial no governo Lula. Além disso, atua no movimento sindical e já foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Goiás (Sintego)

5

Luiza Bairros

Nascida em Porto Alegre (RS), Luiza Bairros mudou-se para Salvador (BA) em 1979, onde conheceu e passou a militar no MNU. Cursou Administração, era mestra em Ciências Sociais e doutora em Sociologia. No meio acadêmico, escreveu sobre racismo, relações raciais e de gênero, trazendo a importância das mulheres negras para o centro do debate. Atuou ainda como consultora em gestão pública. Seu último cargo público foi como Ministra-chefe da Secretaria de Políticas Públicas da Igualdade Racial do Brasil (SEPPIR), de 2011 a 2014.

6

Lélia Gonzalez

Lélia Gonzalez foi uma das fundadoras do MNU. Foi professora, antropóloga e pioneira na discussão do feminismo negro. Suas obras literárias e acadêmicas se configuraram como grandes contribuições do debate sobre intersecção de gênero e raça. Fundou também o  Nzinga – Coletivo de Mulheres Negras, que tinha o objetivo de abordar questões raciais a partir de referências do continente africano.

7

Thereza Santos

Thereza Santos foi atriz, dramaturga, escritora, professora, filósofa e militante do movimento negro. Ela teve uma  forte atuação política e se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), o que resultou em sua prisão nos anos 1970. Após ser libertada, decidiu morar no continente africano, onde atuou como guerrilheira do movimento de libertação de Guiné-Bissau e de Angola. Ela também fez parte do Teatro Experimental do Negro e foi a primeira mulher negra a ser nomeada para o Conselho Estadual da Condição Feminina de São Paulo, nos anos 1980.