Três coisas que você não pode permitir em uma relação amorosa

Relacionamentos não são construídos de forma unilateral. É preciso que as duas partes estejam de acordo

19|07|2023

- Alterado em 27|07|2023

Por Ashley Malia

Não sei vocês, mas, ultimamente, ando completamente viciada em reality shows sobre relacionamentos, estes com um temperinho de qualidade duvidosa. Eles têm sido meu entretenimento favorito. Eu juro! E, é claro, já assisto desconfiando e avaliando o comportamento dos participantes.

Confesso, estou prestes a me tornar especialista em boy lixo, até porque fui bem formada pelo Picolé de Limão [quadro do podcast Não Inviabilize, liderado pela podcaster Déia Freitas].

No meio de tantas cenas polêmicas, os comportamentos abusivos são tantos que nem dá para contar nos dedos. A 3a temporada de Casamento às Cegas Brasil, por exemplo, me deixou surpresa, porque, já no início, identifiquei traços problemáticos em certos participantes.

Assistindo a tudo isso e vendo relatos de relacionamentos abusivos de outras mulheres, comecei a refletir sobre atitudes tóxicas que vivenciei em relações anteriores, coisas que hoje são inaceitáveis e inegociáveis para mim.

Relacionamentos não são construídos de forma unilateral. É preciso que as duas partes estejam de acordo e que respeitem a autonomia, as decisões e a individualidades do outro.

Muitas seguidoras me perguntam se existe segredo para ter um relacionamento saudável. Minha resposta é: bom, não existe fórmula mágica. Essa “fórmula” pode ser diferente de uma pessoa para outra. Mas, para mim, o que funcionou foi listar cada comportamento que me fez sentir violentada nesses relacionamentos.

Diante dessas experiências ruins, fui amadurecendo e a minha lista de “coisas inegociáveis em um relacionamento” foi aumentando. Assim, fui evitando cada pessoa tóxica que cruzava o meu caminho. Vou te contar três aprendizados que entraram na relação do que não permito que façam comigo.

Críticas à minha autonomia

Ser criticada todas as vezes em que buscava fazer algo de forma autônoma foi uma das coisas que mais demorei para superar em relacionamentos anteriores. Essa manipulação começa de forma sutil e, depois, vai alcançando níveis absurdos.

Mexe com a sua autoestima, te faz duvidar de si mesma e deixa sequelas profundas. Até hoje me sinto incapaz de realizar algumas coisas simples sozinha, pois tive minha autonomia criticada durante meses ou anos. É o tipo de amarra da qual nos libertamos aos poucos. Não é fácil esquecer certas coisas.

Por isso, antes mesmo de me relacionar com outras pessoas, após sair de um relacionamento tóxico, minha autonomia se tornou prioridade e inegociável! Minha autonomia é apenas minha e de mais ninguém. E isso jamais será sinônimo de egoísmo.

Silêncio e afastamento como punição

Sabe aquele silêncio depois de uma discussão? A pessoa some e te deixa com inúmeros questionamentos, até o ponto de você começar a achar que fez algo errado quando, muitas vezes, só estava exercendo o seu direito de ter voz, autonomia e opinião em um relacionamento.

O silêncio e o afastamento como punição é uma prática muito comum em relacionamentos tóxicos e, infelizmente, sei que não fui a única a passar por isso. É também uma forma de violência e se tornou algo inaceitável e inegociável para mim.

Independente de qualquer coisa, o diálogo sempre é o meu ponto de partida. Não aceito o silêncio e nem o silenciamento, não aceito o “deixa pra lá” ou o “depois a gente conversa”. Não aceito ser passiva em um relacionamento que é a dois. Vivo atualmente o meu relacionamento mais longo, mais saudável e tranquilo. E afirmo sem dúvidas que o diálogo é a parte mais fundamental.

Chantagem emocional

Demorei pra perceber que sofria com chantagens emocionais em relacionamentos anteriores. Acho que, muitas vezes, é o motivo de tantas mulheres não perceberem que estão em relacionamentos tóxicos. O conflito ou o que chamo de “conversas de alinhamento” são praticamente campos minados.

Me lembro perfeitamente de várias discussões que iniciei por ter plena certeza daquilo que me incomodava e do quão legítimo era aquele incômodo. Entretanto, sempre terminava me sentindo culpada e voltando atrás, pois era forçada a acreditar que o problema era eu e não ele.

Por isso, não devemos julgar mulheres que permanecem nesses relacionamentos. Muitas vezes elas não conseguem sair por conta desse tipo de manipulação.

Ashley Malia Preta e plural. É baiana, jornalista e influenciadora digital. Fala sobre autoestima, raça, livros, cultura pop e viagens. Em 2020, foi premiada pela Câmara Municipal de Salvador com o Prêmio Maria Felipa.

Os artigos publicados pelas colunistas são de responsabilidade exclusiva das autoras e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Nós, mulheres da periferia.

Larissa Larc é jornalista e autora dos livros "Tálamo" e "Vem Cá: Vamos Conversar Sobre a Saúde Sexual de Lésbicas e Bissexuais". Colaborou com reportagens para Yahoo, Nova Escola, Agência Mural de Jornalismo das Periferias e Ponte Jornalismo.

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