rua alagada

SP: Alagamento no Lar Maria e Sininha foi ‘tragédia anunciada’

Luciana Bispo, coordenadora do Lar Maria e Sininha, relata descaso da subprefeitura de Cidade Ademar com as obras no local

Por Beatriz de Oliveira

02|02|2024

Alterado em 02|02|2024

O dia 31 de janeiro foi marcado por angústia e impotência para Luciana Bispo, coordenadora do polo cultural Lar Maria e Sininha, localizado na Cidade Ademar, distrito da zona sul de São Paulo (SP). As intensas chuvas resultaram em alagamentos, causando danos significativos a equipamentos essenciais no local, como máquinas de lavar, brinquedos e roupas. . Luciana denuncia o descaso da subprefeitura de Cidade Ademar como a principal razão para o que definiu como “tragédia anunciada”.

O Lar Maria e Sininha desempenha um papel crucial há 35 anos no bairro Mata Virgem, sendo o único espaço de acolhimento no contraturno escolar para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.

Sob a sede da organização, há um córrego canalizado, cuja responsabilidade é da subprefeitura. Entre outubro e dezembro de 2023 houve uma reforma no local e a instalação de canos mais estreitos dos que os usados anteriormente. Luciana alega ter sido ignorada por funcionários da obra e pela subprefeitura ao questionar sobre o uso do material inadequado, incapaz de lidar com o escoamento da água da chuva e propenso a ocasionar alagamentos.

A coordenadora relata que, a partir 28 de dezembro, quando as chuvas fortes começaram na região, tentou em vão marcar reuniões com o subprefeito Rogério Balzano para solicitar ações preventivas. No entanto, não obteve resposta. Na manhã do dia 31 de janeiro, ao comparecer à subprefeitura com outras moradoras, foi informada de que Balzano não estava presente e que uma reunião estava marcada com ela para o dia 6 de fevereiro.

No mesmo dia, por volta das 15h30, as chuvas recomeçaram, resultando em alagamento devido à falta de canalização adequada. Luciana descreve seu sentimento naquele momento como “impotência, perda e abandono”. Embora alagamentos anteriores tenham ocorrido, este foi considerado o mais grave pela coordenadora.

sala alagada

Lavanderia do Lar Maria e Sininha alagada

©reprodução

Além do alagamento, parte do muro da organização, construído no final de 2023 após mais de uma década sem proteção, desmoronou durante a enchente.

“As autoridades precisam olhar para a periferia com respeito, com a mesma destreza que tem em bairros não periféricos. Os secretários e subprefeituras precisam conhecer a cidade, saber quais são as dificuldades das regiões”, pontua Luciana.

Outro lado

Em nota, a subprefeitura de Cidade Ademar afirmou:

“A Subprefeitura Cidade Ademar, por meio de suas equipes técnicas, segue acompanhando e prestando os serviços que são de sua competência e responsabilidade desde o começo da demanda, sempre atendendo da melhor forma possível não só a responsável pelo espaço, mas a todos da região. Antes do ocorrido do último dia 31, a senhora Luciana esteve na Subprefeitura acompanhada de outras moradoras da região, sendo atendidas pela assessoria do gabinete do Subprefeito. Na ocasião, o Subprefeito Rogério Balzano estava em vistoria externa, acompanhando serviços de zeladorias e obras que estão sendo realizadas na região.

Vale destacar que, já estava previamente agendada uma reunião com a representante do Lar Maria e Sininha e outros moradores para o próximo dia 06/02, junto ao Subprefeito com a participação de representantes da SEHAB/MANANCIAIS e SIURB.

Sobre o alagamento da sede, é importante destacar a situação geral do local: Sob terreno particular onde está localizada a Associação Lar Maria e Sininha passa uma tubulação antiga que se tornou insuficiente para o escoamento das águas advindas do “Morro dos Macacos”, as quais aumentaram significativamente em volume e velocidade após obras de contenção e drenagem realizadas no local. Em 2023, foi aberto um processo (SEI) pela Subprefeitura Cidade Ademar e encaminhado para SIURB, solicitando informações sobre a existência e previsão de uma nova canalização com uma seção maior, que escoe sem extravasão as águas do referido córrego. Porém o processo ainda segue em tramitação com a SIURB, secretaria responsável por obras deste porte.

Após o desmoronamento, no mesmo dia, a Subprefeitura Cidade Ademar enviou suas equipes e solicitou o apoio da Defesa Civil para a interdição do ponto crítico e realização de análise de risco do local. Hoje, pela manhã, prestadores de serviço da Sub realizaram a limpeza do córrego e a retirada do veículo que foi arrastado pela enxurrada.

A Subprefeitura Cidade Ademar lamenta profundamente o ocorrido e diferente do que tem sido veiculado, desde o ano passado tem feito intervenções paliativas para tentar minimizar os problemas até a execução da nova canalização nas dimensões necessárias para um escoamento sem transbordamento, que seria a solução definitiva para o caso.

Como citado acima, o Subprefeito Rogério Balzano receberá a senhora Luciana e demais moradores da região em reunião já agendada antes da ocorrência de ontem, no próximo dia 06/02, terça-feira, ao lado dos representantes técnicos da SIURB e da SEHAB/MANANCIAIS para discutir sobre a realização do projeto e a execução da obra na área atingida, para eliminação definitiva do problema.

Por fim, informamos ainda que a Subprefeitura de Cidade Ademar, efetuará a confecção e instalação de gradis “tipo parque” no trecho onde ocorreu a queda do muro, pois como o gradil é vazado, dará maior vazão às águas que escoam superficialmente sobre o terreno particular onde está situada a Associação Lar Maria e Sininha, assim evitando o empuxo no muro e represamento de água dentro do terreno, até a solução definitiva”.