Dia de Dor

Quebrada Comunica: jornalismo das periferias pode falar sobre tudo

Com presença do Nós, mulheres da Periferia e Alma Preta, encontro refletiu sobre a linha editorial do jornalismo realizado a partir das periferias.

Por Lívia Lima

08|03|2021

Alterado em 08|03|2021

No dia 1º de março aconteceu mais um encontro virtual do projeto Quebrada Comunica, uma iniciativa da Rede Jornalistas das Periferias em parceria com o Instituto de Referência Negra Peregum, Uneafro Brasil e o Fórum de Comunicação e Territórios.

Com o objetivo de refletir sobre a linha editorial do jornalismo realizado a partir das periferias, o encontro contou com a participação do Nós, mulheres da Periferia e da agência de jornalismo Alma Preta.

Semayat Oliveira, jornalista e cofundadora do Nós, mulheres da Periferia contou a história de como o grupo se conheceu, iniciou o projeto entre 2012 e 2014, e atualmente, constitui uma redação formada exclusivamente por mulheres periféricas, majoritariamente negras. “A gente foi aprendendo com o fazer, ao longo do processo”, relatou ao dizer, inclusive, que no início ainda não havia uma identificação com o feminismo, por ser um conceito pouco discutido nas periferias na época.

Pedro Borges, editor e repórter da Alma Preta, relatou como a agência se construiu a partir de um projeto entre amigos na universidade, na Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Bauru, interior de São Paulo, e destacou a importância da profissionalização e necessidade de investimento na área comercial e financeira. “Precisamos contar com a colaboração de especialistas em todas as áreas”, pontuou.

Em relação à definição da linha editorial, tema do bate-papo, ambos os jornalistas salientaram a importância da liberdade para abordar diferentes temáticas. “Queremos falar mais de entretenimento e assuntos que nos interessam pessoalmente. Não precisamos falar apenas da dor da mulher preta e periférica”, afirmou Semayat Oliveira.

“Acreditamos que todos os problemas do país passam pela questão racial, então tudo nos interessa”, contou o editor do Alma Preta, indicando que a agência está focada em realizar jornalismo investigativo. Pedro também reforçou a importância dos jornalistas nas periferias atuarem em rede. “Nossa credibilidade é compartilhada. Quanto mais um cresce, é bom para todos”.

Este conteúdo faz parte do Quebrada Comunica, projeto de fortalecimento do campo da comunicação periférica da cidade de São Paulo idealizado pela Rede Jornalistas das Periferias em parceria com o Instituto de Referência Negra Peregum, Uneafro Brasil e o Fórum de Comunicação e Territórios.

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