Primeira Marcha do Orgulho Crespo simboliza a união das mulheres pretas no AFROntamento ao racismo

A Primeira Marcha do Orgulho Crespo que aconteceu no último sábado (25) na Avenida Paulista foi acima de tudo acolhedora e fraterna. As mulheres negras que cruzavam com o movimento nas ruas respondiam com os punhos cerrados em direção ao céu. E todas respondiam firmes, sorridentes e contagiantes. Entres tantas cores nos cabelos, estilos de cortes, […]

Por Semayat S. Oliveira

27|07|2015

Alterado em 27|07|2015

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Nosso cabelo é nossa raiz, nossa coroa e nossa vitória. O Orgulho Crespo é o Orgulho Preto. Nós a frente de nossas escolhas | Foto: Semayat Oliveira


A Primeira Marcha do Orgulho Crespo que aconteceu no último sábado (25) na Avenida Paulista foi acima de tudo acolhedora e fraterna. As mulheres negras que cruzavam com o movimento nas ruas respondiam com os punhos cerrados em direção ao céu. E todas respondiam firmes, sorridentes e contagiantes. Entres tantas cores nos cabelos, estilos de cortes, tranças e twists, o que imperou foi uma união pela liberdade de existir, plena e natural.
Organizada pela Hot Pente, Blog das Cabeludas – cabelo crespo, afro hair, black power e Casa Amarela, a concentração aconteceu no vão do Masp – Museu de Arte de São Paulo e fechou o final de semana em que se comemorou o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha. Karol ConKa, a atual diva do rap nacional e inspiração para mulheres negras de todas as idades, foi uma das convidadas e seguiu a frente da marcha com outras representantes do movimento.
Engana-se quem ainda acredita que o crescimento de mulheres abandonando a química representa apenas uma onda da moda. Uma mulher negra que, um dia, aceitou o seu cabelo aceitou também e antes de qualquer outro fator o seu corpo, sua história e sua luta. Nosso cabelo é nossa raiz, nossa coroa e nossa vitória. O Orgulho Crespo é o Orgulho Preto. Nós a frente de nossas escolhas.
Fechar uma faixa da Avenida Paulista com um público majoritariamente feminino em nome da valorização da identidade preta foi, entre outros elementos, a celebração de uma luta travada pelo feminismo negro anos atrás. É o resultado do empenho de mulheres negras que construíram formas próprias de conquistar umas as outras, no sentido de emanciparem-se da mutilação dos nossos corpos, sonhos e autoestima. Cada vez que uma mulher opta por rejeitar o uso da química, outra se fortalece. E cada vez que outra se fortalece, outras tomam coragem. É um ciclo de empoderamento e, na tarde do último domingo, houve um boom de poder!

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Hoje, grandes marcas veem em nós uma potente fatia de mercado. E embora este avanço capitalista tenha seu lado positivo, em relação ao aumento da representação da mulher negra na publicidade, a ditadura passou de “cabelos lisos” para “cabelos cacheados”. E este ainda não é o nosso objetivo. Nós, que temos cabelos crespos de tantas texturas diferentes, continuaremos o trabalho em prol de uma liberdade capaz de construir, ao longo do tempo, uma emancipação real.

A imagem construída pela mídia ainda não é o que somos. Mas o importante é que, com glamour, cor, pompa e muita ousadia, somos, existimos e RESISTIMOS. Pisamos na Paulista e no mundo com a certeza de que não há de nascer quem possa travar a potencialidade de ser uma mulher negra consciente da sua ancestralidade e sua força de transformar o presente e o futuro. Os golpes do “rachismo” (racismo+machismo) perdem impacto e Nós crescemos!
Avante! Deixe-o crescer livre!