Por visibilidade e serviço acessível, rede cria mapeamento de psicólogas negras

Com foco na saúde mental da mulher negra, uma rede de psicólogas negras se articulou para mapear e aproximar essas profissionais da população que esteja precisando desse serviço a preços mais acessíveis.

Por Bianca Pedrina

08|09|2017

Alterado em 08|09|2017

Com foco na saúde mental da mulher negra, uma rede de psicólogas negras se articulou para mapear e aproximar essas profissionais da população que esteja precisando desse serviço a preços mais acessíveis.  O processo foi iniciado em junho de 2017  e, até o momento, são 500 psicólogas catalogadas. Embora a organização seja no Brasil, a intenção é ampliar o campo de atuação para a América Latina.

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I Rolê das Psicólogas Negras. Credito: Rede Dandaras


 

“Temos interesse em promover a equidade no atendimento para que seja também voltado para a população negra, com foco na mulher, porque somos maioria da população”, explica Laura Augusta, psicóloga e umas das cofundadoras da Rede Dandaras, impulsionadora do projeto.

“Quando dialogamos sobre psicologia a gente acaba generalizando, sem considerar especificidades, como gênero, raça e classe social, com isso, fica difícil nossa atuação. O atendimento individual clínico convencional é um atendimento em que a maioria da população negra não tem acesso por uma questão econômica. Vemos uma elitização e o não acesso a esse serviço”, argumenta.
Laura e Tainã Vieira, também psicóloga, criaram a rede Dandara em 2016, quando ainda estavam na faculdade. A ideia inicial era estabelecer um espaço de escuta entre mulheres negras, mas cresceu e acabou se expandindo além dos muros da instituição. O mapeamento surge, também, para questionar o racismo institucional. Apesar das mulheres representem 89% do quadro de profissionais nesta área, assim como em outras profissões,  são marginalizadas e invisibilizadas.
 

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Crédito: Pixabay.com


O projeto prevê a criação de uma plataforma online e um aplicativo para a divulgação. No entanto,  o investimento financeiro ainda é um entrave. “Somos duas psicólogas desempregadas que nesse momento não têm condições de bancar isso”, explica Laura. “Ainda assim, mesmo sem orçamento,  a rede segue fazendo parcerias para que o mapeamento esteja disponível ao público o quanto antes”, completa Laura. O formulário do mapeamento pode ser acessado aqui.
Além deste projeto, o coletivo realiza eventos recorrentes como o “Dialogando”, que são congressos mensais em que são tratados assuntos sobre a população negra, e o “Bate Boca”, palestra voltada para o meio acadêmico, em que um tema genérico é tratado com suas especificidades de gênero, raça e classe. Mais informações no Facebook da Rede Dandaras.