Na boca do povo: você vai pagar mais caro na conta de luz

Tá todo mundo falando que o preço da conta de luz vai aumentar. Mas você sabe porque e no que esse aumento se baseia? A gente te explica.

Por Redação

08|07|2021

Alterado em 08|07|2021

Na Boca do Povo é uma curadoria dos acontecimentos mais importantes no Brasil e no mundo feita pela redação do Nós, mulheres da periferia. Aqui você acessa não só o fato, mas uma interpretação de como cada assunto impacta o seu dia a dia. Muita coisa acontece diariamente, e o Nós te ajuda a focar no que realmente importa.
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O que você precisa saber?

Tá todo mundo falando que o preço da conta de luz vai aumentar. Mas você sabe porque e no que esse aumento se baseia? Bom, antes de tudo é preciso resgatar uma decisão feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) lá em 2015. Neste ano foi adotado o sistema de bandeiras na conta de luz. Hoje isso é dividido em cores: verde, amarela e vermelha. E dentro dessas divisões também podem ter patamares diferentes.

A ideia é que consumidor saiba se está pagando o valor normal ou um valor a mais pela energia elétrica. As bandeiras tarifárias refletem os custos variáveis da geração de energia elétrica. E neste momento, está caro gerar energia no Brasil.

Então é assim: se a conta de luz é calculada pela bandeira verde, significa não há acréscimo. Quando a bandeira amarela entre vigor a tradução é: as condições de geração de energia não estão favoráveis. Nesse caso, a conta sofre um acréscimo de R$ 1,874 por 100 kilowatt-hora (kWh) consumido.

Já a bandeira vermelha, que é o nosso caso agora, demostra que o processo para fazer a energia acontecer e chegar até a sua casa , comércio ou industria, encareceu ainda mais. E é exatamente aqui que entram os patamares. O nível vermelho de alerta também tem duas subdivisões. No primeiro patamar, o valor adicional cobrado, proporcional ao consumo, é de R$ 3,971 por 100 kWh. No segundo esse valor sobe ainda mais. São R$ 9,492 por 100 kWh.

Mas no mês de junho o segundo patamar tinha um preço menor, de R$ 6,24. O aumento foi de 52% foi definido no dia 29 de junho e divulgado pela agência reguladora. Na sua conta esse aumento representa, em média, um acréscimo mínimo de 5,5%. A previsão é que bandeira vermelha no patamar 2 fique em vigor até o mês de novembro e ainda há possiblidade de novos reajustes.

Em que contexto isso acontece?

É o seguinte: cinco estados brasileiros estão vivendo a pior seca dos últimos 91 anos. E quando uma crise hídrica acontece, ou seja, quando a água está escassa, também temos um aumento na conta de luz. Isso porque, para gerar energia, dependemos do elemento água.

Pouca chuva significa menos água nos reservatórios e menos produção nas usinas hidrelétricas. Nesse caso, é necessário recorrer às termoelétricas, recurso mais caro.

Em maio desta ano, a ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) emitiu uma nota técnica para a Agência Nacional de Águas (ANA) alertando que que pelo menos oito grandes usinas hidrelétricas instaladas na região Sudeste estão com seus reservatórios perto do colapso total até 30 de novembro, fim do período de estiagem.

Mas o uso dos reservatórios é a única forma de gerar energia? Não! Nos últimos 20 anos, após a crise do apagão de 2001, o custo da energia aumentou em 10% para a população. Essa crise fez com que outras fontes fossem exploradas.

Hoje, cerca de 11% da energia elétrica vem de geradores a vento; 2,5% são gerados pelo sol. Houve uma queda na dependência de hidrelétricas de 83% em 2001 para 63% atualmente. Só que: os reservatórios das usinas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste são responsáveis por mais de 70% da produção e, no início de julho, estavam operando com apenas 29% da capacidade.

Mas o fato é que ainda dependemos de fatores climáticos: chuva, vento, sol. E o pior é que as atuais condições políticas em relação ao clima e meio ambiente não são favoráveis no Brasil. Segundo a ONS, o Brasil vive a pior crise hidríca dos últimos tempos. A entidade afirma que “nos últimos sete anos os reservatórios das hidrelétricas receberam um volume de água inferior à média histórica”. 

Recentemente, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) informou que pelo segundo ano seguido, o Brasil registrou no mês de junho recorde de queimadas na maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. Especialistas tem alertado que o aquecimento global altera a dinâmica do clima em todo o mundo. O desmatamento da Amazônia, neste sentido, só piora esse processo.

O desmatamento da Amazônia também teria um impacto direto na questão da crise elétrica. “O aquecimento global muda a dinâmica do clima em todo o mundo, e o desmatamento da Amazônia também age nesse sentido, mas mexe diretamente com os ciclos hidrológicos no país, que tanto depende deles para a geração de energia, a produção agrícola e abastecimento das cidades”, afirma Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima ao El País. A conta é simples: ao destruir a floresta, altera-se a capacidade elétrica do país. De acordo com Astrini, “o desmatamento e o aquecimento global atuam juntos e se retroalimentam”.

Então, o aumento da conta de luz é, também, uma questão ambiental. Olhar para essa questão de forma desagregada não ajuda. Aliás, só atrapalha.

No começo da tarde da última sexta-feira (2), por exemplo, elas respondiam por 29% do consumo.

Como isso atinge você?

A primeira coisa que você precisa saber é que, diante de todo esse contexto, a partir do mês de julho a conta de luz estará pelo menos 5,5% mais cara. Uma das ideia dos alertas por bandeia é “preparar” a população sobre o aumento. Assim, é possível prever algumas mudanças de comportamento. Mas sabemos que isso não é assim tão simples. Mesmo assim, vamos deixar algumas dicas aqui de como fazer isso:

1. Use menos o ferro de passar roupas
O ferro elétrico não é o maior vilão no consumo de energia. Mas reduzir seu uso já ajuda. Então, passe as roupas de uma tacada só e, sempre que possível, adote medidas como:

  • Pendurar as roupas bem esticadas no varal para que fiquem menos amarrotadas e deem menos trabalho para passar;
  • Deixar as roupas mais finas penduradas no banheiro na hora do banho para desamassá-las só com o vapor,

2. Nada de banhos longos
A gente sabe que no frio a vontade de tomar banho quentinho e se demorar lá aumenta. Mas que tal reduzir para um máximo de cinco minutos? E sempre que possível, priorize o modo “morno” ou “verão” em dias quentes.

3. Não esqueça o carregador de celular na tomada
Nos tornamos pessoas tão viciadas em ter o celular sempre ligado que, muitas vezes, deixamos o carregador de celular na tomada sozinho, mesmo depois que o aparelho estiver completamente carregado. Vai bastante energia aí, viu?! Evite.

4. Se tem luz natural, não acenda as luzes
Se tem um sol raiando lá fora, deixa ele brilhar! Acender luzes em ambientes já naturalmente iluminados não ee negócio.

5. Evite o ‘modo espera’ dos aparelhos
Toda vez que você não estiver usando um aparelho, desligue. Tire o eletrodoméstico da tomada e economize um pouco mais.

6. Escolha lâmpadas LED
Essa dica é antiga, mas não custa repetir. Dê sempre preferência às lâmpadas LED. Essas consomem até 80% menos que as lâmpadas convencionais.

9. Cheque se há fuga de energia na sua casa
Às vezes a gente estranha que a conta está ainda mais cara do que o normal e não entende bem porque. Este pode ser um dos motivos e é fácil de verificar. Confira se não há algum probleminha de escape na sua rede. É fácil. Primeiro, desligue e desplugue todos os aparelhos da casa. Depois, apague todas as luzes. E então, confira o seu medidor de consumo junto ao registro — caso ele continue girando, procure um eletricista e acabe com esse desperdício.

10: Deixe a geladeira quieta
A eletricidade gasta pela geladeira é para diminuir a entrada de calor em seu interior. O que significa que, quanto menos você abre e fecha suas portas, menos energia ela precisa usar. Por isso, confira as borrachas de vedação, já que elas isolam o interior do seu eletrodoméstico e impedem essa troca de calor, e não abra a geladeira para pensar no que vai pegar, sabe? Só abre e pega rapidinho 🙂

Fontes: G1 e Agência Brasil

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