10 mulheres criando a partir das margens

Desde jornalismo até moda, comunicação, arte e ativismo, essas mulheres desbravam novos caminhos, desafiando as estruturas de poder estabelecidas.

Por Redação

15|04|2024

Alterado em 16|04|2024

A maior parte do Brasil é margem e a maior parte dessa margem é composta por mulheres. Se os centros do poder e do dinheiro ainda estão concentrados nas mãos de uns poucos homens, em geral brancos, héterossexuais, cisgênero, estar em um corpo feminino já nos coloca fora desse centro. A partir daí, fatores simbólicos e geográficos vão contribuindo para este afastamento. Ser negra, indígena, LGBTQIAP+, PCD, morar nas periferias ou zonas rurais: as margens se encontram, interseccionam, expandem.

Embora faltem recursos, é verdade que abundam soluções.Enquanto os centros do poder têm abundância de recursos, mas poucas soluções suas crises. É preciso gerar fluxo, subverter a ideia de dentro e fora, periferia e centro, acima e abaixo. No palco do Web Summit Rio de Janeiro, um dos maiores eventos de inovação do mundo, três mulheres que trabalham a partir das margens falaram sobre criatividade. Mayara Penina, jornalista cofundadora do Nós mulheres da periferia, Carla Lemos, pioneira da produção de conteúdo sobre moda e Thaís Fabris, criadora da consultoria 65|10 se uniram não apenas para o evento, mas também para criar esta lista de outras 10 mulheres que criam a partir das margens e fazer um convite: conheça, apoie, contrate, divulgue, faça circular o trabalho delas.

Mulheres criando a partir das margens

Andreza Maia

Andreza é cofundadora e diretora de influência da
Futuros Possíveis, um laboratório de inteligência sobre futuros. Ela é especialista em inovação inclusiva, Linkedin Top Voice e palestrante e influencer corporativa, é uma das vozes mais relevantes nas temáticas de ESG do Brasil.

“Meu objetivo é discutir realidades, questionar futuros e encurtar distâncias através do conhecimento.”

Clariza Rosa

Sócia e cofundadora da Silva, agência de comunicação e produtora audiovisual que tem como compromisso retratar o Brasil real. Estrategista e comunicadora, já trabalhou para algumas das maiores marcas do Brasil e do mundo, além de ser articuladora de redes por equidade racial e justiça social.

“Meu processo está em olhar pro que eu acredito que tem que mudar. Quase tudo que eu discordo me mobiliza a criar algo novo a partir das crenças pro mundo.”

Thuane

Favelada, evangélica, da Baixada Fluminense, estudante de direito e diretora da Perifa Connection, plataforma de disputa de narrativas sobre as periferias brasileiras através da comunicação, formação e articulação política. A Thux viaja o mundo representando a voz da favela.

Thais Iroko  

]Uma das artistas plásticas mais promissoras da cena RJ com peças nas exposições Funk e Mulheres Abolicionistas no Museu de Arte do Rio.

Desiree Giusti 

Comunicadora e fotógrafa, fundadora da Yna comunicação, agência criada para atuar da e para a Amazônia e da Eleita, a primeira agência especializada em comunicação com perspectiva de gênero do norte do Brasil. Trabalha para gerar, a partir da comunicação, conexões e engajamento às causas sociais e ambientais na Amazônia.

“Meu trabalho segue um curso que deságua na comunicação como instrumento de diálogo e de mobilização em prol de causas que acredito e defendo. Atuo como estrategista e campaigner para que a Amazônia seja o centro, e os amazônidas reconhecidos como donos de suas vozes. E também para que mais mulheres ocupem espaços de poder: as mães, as pretas, as trans, as lésbicas.”

Heloísa Rocha

Atuando na área de comunicação e planejamento estratégico, Helô descobriu que a criatividade não é um talento de poucos, mas uma ferramenta que vem de fábrica. Criou em Brasília um dos coworking pioneiros voltados à economia criativa, é co-autora, produtora e apresentadora do podcast Ossobuco – Histórias que reverberam e uma das pioneiras em bordado sashiko no Brasil. Suas manualidades podem ser vistas no perfil @manufaturah.

“A gente começa a envelhecer no momento que nasce, mas a verdade é que existe uma idade em que você começa a ficar invisível e a não se sentir representada até mesmo naqueles lugares que se sentia bem até ontem. Para as mulheres isso é muito mais real e perceptível. Pra mim, tomar consciência disso, resolver falar sobre e encarar essa nova muralha foi o jeito de seguir em frente e fingir que não escutava a pergunta, mas você não é muito velha pra isso?”.

Karla Brights

Uma das melhores fotógrafas de moda do Brasil, Karla Brights tem um olho no estilo e outro no respeito à diversidade de quem ela retrata. Trabalhando para grandes publicações como a Vogue e O Globo e marcas como Boticário, Quem disse, Berenice e Jack Daniels, é com a mesma sensibilidade que ela retrata de mulheres anônimas a algumas das maiores celebridades brasileiras.

“Nos colocar como os agentes da mudança de um imaginário é não ter mais que esperar por permissões do topo da pirâmide para expressar o que é belo para nós.Nós somos aqueles por quem estávamos esperando.”

 Rapha Kennedy

A premiada artista visual amazônica, destaca-se por sua abordagem na fotografia, com um processo poético que floresce na observação atenta de seus pares e nas ancestralidades travestis que a precederam. À frente do Ateliê TRANSmoras, ela promove a autonomia de artistas e lideranças trans do Brasil.

“Criar a partir da margem é a possibilidade de perceber a vida de maneira mais sensível, sendo sagaz para atravessar os limites marginalizantes e materializar ao mundo as imagens que a mim são inevitáveis.”

Beatriz Cruz

Beatriz é escritora, multiartista e fundadora do @laemcasatatudobem, plataforma online de educação sexual que atua na prevenção de violências. Seu livro Carro Cris recebeu o 1º Prêmio Pretas Potências. Ministra palestras, formações e capacita familiares e profissionais com o intuito de promover a prevenção de violências sexuais infantis.

“Falar sobre educação sexual por si só já é um desafio, estamos num país que discrimina a educação em sexualidade e trata o assunto com extremo tabu, principalmente com as crianças. Em 2018 o tema sofreu vários ataques com fake news e isso só piorou o cenário. Em 2020 iniciei o projeto, durante a pandemia. Lá em Casa Tá Tudo Bem é uma provocação, uma pergunta e uma proposta de que todos os lares sejam seguros para as crianças. Seguimos!”

Elaíze Farias e Katia Brasil

São fundadoras da agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real, uma mídia sem fins lucrativos, financiada pelos leitores, fundações e empresas, lida em mais de 180 países. A missão da agência é dar visibilidade às questões da região amazônica e de seu povo, abordando temas como meio ambiente, direitos humanos, crise climática, defesa das mulheres e de pessoas LGBTQIAPN+.

“A agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real foi fundada pelas jornalistas Kátia Brasil e Elaíze Farias, em 2013, no norte do Brasil. É dirigida por mulheres, uma negra e outra indígena, que enfrentaram o preconceito e o descrédito até para abrir uma conta no banco. As reportagens publicadas são exclusivas e produzidas por uma equipe de jornalistas valorosa e corajosa, que não mede esforços para fazer o jornalismo de dentro da Amazônia para o mundo”.