Mulheres Negras, empreendedorismo, negócios, criatividade

Moda, cabelo e música: três afroempreendedoras se unem em campanha

Inédito no Brasil, o programa Chivas Venture Brasil celebra a história de Regina Ferreira, Diva Green e Miria Alves, três afro-empreendedoras nacionais de diferentes nichos

Por Mariana Oliveira

03|10|2022

Alterado em 06|10|2022

O programa Chivas Venture, derivado do Chivas Regal, marca escocesa de whisky, que este ano contou com uma versão inédita no Brasil, reuniu três empreendedoras negras de diferentes nichos de mercado: Regina Ferreira, CEO da agência de casting Hutu; Diva Green, hairstylist, fundadora da Ori Cabelos e Miria Alves, DJ e criadora do projeto TPM – Todas Podem Mixar, para apoiá-las e impulsionar seus negócios. A premissa do programa é: “quando uma mulher preta chega ao pódio, ela é capaz de mover positivamente toda a sociedade”.

Modelo e CEO da Hutu Casting, agência focada exclusivamente em modelos negros, Regina Ferreira atua há doze anos no mercado de moda e eventos. Regina criou a agência em 2019 pela carência que sentia que o mercado tinha em ter modelos negras. Seu desejo era construir portas para que esses profissionais pudessem se sentir representados e trabalhar com mais dos seus regularmente, não apenas em datas ou temáticas que abraçam a diversidade.

Este ano, a modelo entrou para a Bloomberg Línea, lista que elenca os 500 nomes mais influentes da América Latina.

Amanda Coelho, popularmente conhecida como Diva Green, é uma artista capilar especialista em produção de perucas, tranças, penteados e fundadora da Ori Cabelos. Levando em conta o desejo de valorizar e reconhecer suas matrizes étnicas por meio de penteados, Diva fundou a marca. Orí significa “cabeça” em Iorubá, idioma  nigero-congolês falado pelos povos iorubás, e surge com a intenção de resgatar memórias de pertencimento em celebração à ancestralidade potencializada pela coroação refletida em cada penteado.

DJ com habilidade em mixar diversos gêneros musicais, desde o hip hop ao funk,  idealizadora e CEO do projeto TPM – Todas Podem Mixar, escola de DJs que há cinco anos ensina mulheres a mixarem, Miria Alves é uma empreendedora musical conhecida no meio por seus 12 anos de carreira. Em seus trabalhos busca conscientizar e impulsionar mulheres por meio da educação musical.
As afro-empreendedoras se conheciam de outros trabalhos ao longo de suas carreiras, mas ao serem convidadas para trabalhar juntas neste projeto, tiveram a oportunidade de se conectar de outra maneira.

Desde o início do ano, foram feitas mentorias, acolhimento e investimento nas marcas. A cocriação entre as empresárias culminou no Chivas Venture Day, evento realizado em julho que as uniu em uma performance autoral, cada uma aplicando sua expertise: com os cabelos da Diva, trilha sonora assinada por Miria e os modelos do casting da Hutu, selecionados por Regina.

Para Regina, a entrada no programa foi vista como surpresa pelo fato de estar a frente de uma agência recente no mercado. A oportunidade foi vista de modo satisfatório ao ser reconhecida pela qualidade de seu trabalho enquanto empreendedora negra em posição de liderança competindo no mercado fashion de maioria branca. “Vejo que atualmente tudo se baseia em números e engajamento nas redes sociais, o que é importante, mas não dá tempo de postar tudo e não é meu intuito. Então, quando me convidaram fiquei bem feliz em ver meu trabalho validado pela importância dele e não por números na internet”.

Estar ao lado de outras mulheres pretas que admiram, para elas foi especial. Tiveram a oportunidade de compartilhar medos, sonhos e descobrir dificuldades em comum, culminando em uma rede de apoio. “Foi importante pois deu um gás para continuarmos”, Regina alega.

Mirna enxerga do mesmo modo, bem como tirar um tempo para se auto valorizar. “Temos medo de nos reconhecer enquanto empreendedoras, empresárias, estrelas e donas do próprio negócio.

Outro ponto importante destacado é a participação de pessoas pretas nos bastidores. Regina descreve sua alegria. “Na maioria desses projetos, a galera preta está na frente. Mas e por trás, como fica?. Estou aqui pelo significado de ser uma pessoa preta à frente de uma campanha. Mas a maioria de meus clientes são pessoas brancas, o dinheiro ainda está na mão deles, quero que cada vez mais o dinheiro esteja em nossas mãos para que tenhamos autonomia para fazer o que quizer”.

As gestoras já sentem de modo palpável os resultados desse encontro, a oportunidade de olhar de outra forma ao seu próprio negócio. Miria conta esperar que junto à crescente visibilidade de suas marcas este modelo de projeto chegue a mais pessoas, inspirando mais mulheres e mulheres negras. “Eu já vi isso como um resultado do meu trabalho na gestão dentro desse empreendedorismo musical. Quando uma marca investe em uma campanha para contar minha história me deixa bem feliz, porque mostra que acredita em mim, e isso faz com que outros clientes e o mercado comecem a olhar melhor para o meu trabalho”.