Feira Preta: maior festival de cultura negra da América Latina chega à sua 22ª edição
Conheça a história da Feira Preta, evento que celebra a negritude e o empreendedorismo e este ano tem o tema “Felicidade é a nossa revolução”.
Por Redação
27|04|2024
Alterado em 29|04|2024
Tudo teve início com um sonho. Para muitas mulheres negras, o despertar para o empreendedorismo pode surgir em meio à dor, perda ou ausência. Esse foi o caso de Adriana Barbosa ao fundar a Feira Preta. Após enfrentar o desemprego, ela percebeu que teria que construir o mundo onde desejava habitar. Assim, deu vida ao que hoje é um dos maiores eventos de cultura negra e empreendedorismo da América Latina.
©divulgação
Em 2002, aos 22 anos, Adriana viu-se diante da necessidade de traçar novos rumos. Transformando suas roupas e acessórios em produtos através de um modelo de brechó, juntamente com uma amiga, ela adentrou mercados alternativos e feiras de rua para comercializar seus itens. O primeiro passo surgiu como uma urgência imediata e logo se tornou um empreendimento promissor.
A primeira edição ocorreu na Praça Benedito Calixto, zona oeste de São Paulo (SP), Para organizar os preparativos do evento, hospedou-se em um pequeno hotel de frente para a praça. A feira contou com a participação de 40 empreendedores e cinco mil visitantes. No dia do evento, sob chuva, num ato de fé, ela solicitou a intercessão de Santa Clara para cessar o temporal. Sua esperança foi atendida. “Lembro-me de ter colocado um ovo em uma árvore da praça para que Santa Clara parasse a chuva. E a chuva, de fato, cessou, permitindo que a cantora Paula Lima, acompanhada pelo Clube do Balanço, entoasse a música ‘Santa Clara Clareou’, de Jorge Ben”, relembra a empreendedora. O momento foi tão marcante que sua filha recebeu o nome de Clara.
Foi em 2010 que a feira assumiu a configuração de festival, passando a ser realizada no Centro de Exposições Imigrantes, zona norte de São Paulo (SP), tornando-se reconhecida como a maior feira negra da América Latina. Consolidou-se como um evento voltado para oferecer conteúdo e incentivar o empreendedorismo negro, atraindo artistas e visitantes de diversas regiões do Brasil. Expandiu-se por diversos pontos da cidade de São Paulo. “Recebemos caravanas não apenas do interior de São Paulo, mas também de outros estados”, relata Adriana.
Foram realizadas 21 edições, incluindo uma durante a pandemia de Covid-19. Ao longo das edições presenciais, mais de 240 mil participantes estiveram presentes, enquanto mais de 1 milhão participaram virtualmente. Neste ano, a feira ocorrerá no Parque Ibirapuera, zona sul da cidade de São Paulo (de 3 a 5 de maio) . E expectativas são as melhores! Estão programados shows com artistas de renome nacional, além de mesas de debate sobre empreendedorismo. O evento ocupará mais de 200 mil metros quadrados do parque. “Acredito que este ano, no Parque Ibirapuera, será um novo marco histórico”, afirma a CEO da Preta Hub, organizou que criou e organiza o festival.
Ao longo da história do festival, muitos momentos históricos marcam a história do festival. Para Adriana, um em particular se destaca ao olhar para o passado: a edição de 2017. A feira, realizada no centro de São Paulo (SP), na Praça das Artes no Anhangabaú, teve como atração principal a renomada Elza Soares. No entanto, devido a problemas técnicos e infraestrutura de som inadequada, o show foi impossibilitado. Preocupada com a reação negativa do público diante do cancelamento, a produção do evento solicitou que a cantora se apresentasse. Mesmo diante do desafio, Elza subiu ao palco e entoou o verso “a carne mais barata do mercado não é mais a carne negra”, transmitindo a mensagem da feira e emocionando a todos os presentes. Essa cena ressoa até os dias de hoje.
As mulheres comandam o Festival Feria Preta
As mulheres são as que mais empreendem no Brasil. De acordo com pesquisa do Sebrae, realizada em 2022 com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e e Estatística) no Brasil, são mais de 10 milhões de empreendimentos liderados por elas, e na Feira Preta não é diferente. “O cenário que temos no festival Feira Preta não difere muito do contexto nacional, as mulheres são as protagonistas dos negócios”, revela Adriana.
Operando num modelo de governança compartilhada, o festival envolve a iniciativa privada, o Estado, o público e os empreendedores. “Felicidade é a nossa revolução” é o tema da edição de 2024. Após uma trilogia que abordou o passado, o presente e o futuro nas edições anteriores, é hora de focar no futuro. Para a equipe produtiva da Feira Preta, o futuro já chegou e precisa ser feliz.
“Acreditamos que o futuro precisa ser feliz. A luta faz parte da nossa história, assim como a resistência, mas também desejamos viver, nos divertir, ser felizes. Vamos transformar essa felicidade em uma conquista coletiva e prosperar muito.”
Para a idealizadora do evento, o momento em que múltiplas expressões criativas negras têm a oportunidade de serem apresentadas, onde as principais tendências afro-contemporâneas são lançadas e onde é possível desejar, coexistir sem medo e reconhecer a felicidade, a prosperidade, a criatividade e a abundância é a expressão máxima da concretude desse espaço. “É um processo de mentalização da felicidade”.
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Conteúdo patrocinado por Preta Hub
O Festival Feira Preta é uma realização da PretaHub, com apresentação do Ministério da Cultura, Doritos, Mercado Livre, Budweiser, Mercado Pago e Seda Boom e patrocínio de VIVO e Beats.
Reportagem: Ester Caetano