Marco no campo da produção de conhecimento e da política, a 14º Festa Literária das Periferias aconteceu neste mês, no centro do Rio de Janeiro, reuniu emblemáticas pensadoras, escritoras e artistas, majoritariamente negras e entrou para a história como evento cultural e acessível
Redação: Juliana Vieira
Edição: Karoline Miranda
Atualizado em 06|12|2024
Seria festa, não restava dúvida: no palco-picadeiro do Circo Voador, no centro do Rio de Janeiro, a tarde daquela segunda-feira ensolarada, recebia público e convidadas, majoritariamente pessoas negras. O espaço circular contornava os reconhecimentos, abraços e olhares familiares, enquanto os desconhecidos se saudavam e, de certo modo, comungavam as presenças naquele espaço.
Este novembro negro, período para rememorar as histórias de formação do Brasil – não contadas -, é ainda mais emblemático em 2024. Não só por ser o primeiro ano em que o marco em homenagem a Zumbi dos Palmares ganha feriado nacional, mas também pela realização da 14º Festa Literária das Periferias – FLUP. Embora as festas no bairro boêmio da Lapa, no Rio de Janeiro, sejam rotineiras, aquela, aberta e gratuita, se contrapôs às barreiras características dos eventos literários: promoveu encontros entre escritoras, intelectuais, artistas e personalidades, em sua imensa maioria mulheres negras. Das letras, contações de ‘causos’ às celebrações diárias, a FLUP entrou para a história.
Sob as travessias da historiadora, poeta e cineasta sergipana Beatriz Nascimento (1942-1995), migrante para a cidade do Rio de Janeiro em 1949, o festival enfatizou algumas identidades nacionais defendidas pela intelectual. Em plena ditadura militar, ela aliou militância política antirracista à pesquisa acadêmica, se consolidando como expoente dos feminismos negros.
As reivindicações de Beatriz, como por exemplo o reconhecimento cultural da presença de expressão negra por meio da oralidade, foi pontuada por Conceição Evaristo. A partir da oralidade, indicou Conceição, recriamos cosmogonias pelas artes e pelas manifestações religiosas, desde as afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda, até o catolicismo, por meio das congadas ( que é uma tradição cristã, mas tem estreita relação africana). A linguista, escritora e pesquisadora-docente natural de Minas Gerais, presença ovacionada na FLUP, ressaltou em seu discurso as experiências negras, segundo ela, frontalmente vivenciadas nos corpos das populações arrancadas da África e trazidas às Américas.
A escritora Conceição Evaristo
©Juliana Vieira
Conceição, próxima homenageada em 2025, e a primeira celebrada em vida pelo festival, reitera: “enquanto pensam que tudo para nós é festa, seguimos em estratégias de resistências, desde as primeiras travessias”. Quanto à elaboração de discursos sobre nossas existências, eles têm sido cada vez mais elaborados, e é fundamental creditar também Beatriz por isso, quando ela se mobilizou publicamente e reivindicou socialmente o “ser negro” numa leitura complexificada, ainda nos anos 70.Ao eleger termos como “transatlântico” e “transmigração”, Beatriz Nascimento referendou a função do deslocamento na definição das trajetórias negras no Brasil.
No documentário Ôrí, filme registro dos movimentos negros entre 1977 e 1988, a historiadora narra: “A terra é circular. O sol é um disco. Onde está a dialética? No mar. Atlântico-mãe. É a poesia da partida para a conquista”. E a FLUP materializou travessias nos sete dias de evento. Revelou a literatura (substantivo feminino – e negra) mobilizada pelas dores históricas e igualmente pelas resistências das letras, vozes e corpos das mulheres negras e periféricas.
As confluências nos cursos das águas se combinam com o conceito de quilombo, defendido por Beatriz Nascimento, como símbolo de estratégia e inteligência de sobrevivência por meio da agregação e luta em comunidade. Ao reunir autoras estrangeiras, como a britânica Bernardine Evaristo, primeira mulher preta a ganhar o Booker, a cubana Teresa Cárdenas, a socióloga nigeriana Oyèrónkẹ Oyěwùmí, a alemã Josephine Apraku e a francesa Marie NDiaye, vencedora do Goncourt, a FLUP possibilitou aquilombamentos de ideias e ideais.
Para Bernardine, produzir romances contendo aspectos da diáspora africana deve ser considerado um mergulho em busca das histórias. “Cheguei às identidades transatlânticas para montar as ‘águas das personagens’, com isso tentei novas narrativas ligadas ao Reino Unido e também modificar as narrativas da história mundial”. A autora anglo-nigeriana apresentou seu novo romance, Sr. Loverman, no festival.
Oyeronke Oyewumi e Gloria Wekker
©Juliana Vieira
A mesa “Mulheres Transatlânticas” contou com a professora holandesa afro-surinamesa Gloria Wekker, mediada pela fotógrafa e curadora Mame-Fatou Niang e com a presença da aclamada autora de ‘A Invenção das Mulheres’, Oyeronke Oyewumi. Mais uma vez, as falas convergiram com as premissas de Beatriz Nascimento. As participantes comentaram sobre a necessidade de “falar a partir de nós mesmas”.
Acerca da influência de África nas relações raciais e de gênero, Oyeronke relatou: “o continente altera nossas compreensão, e é urgente repensar partindo das diretrizes das mulheres negras, sem precisar de validação da lógica branca, ocidental”.
Seguindo a linha das análises de opressões sociais, sempre desdobrando em estratégias de preservação e resistência, houve uma obra lançada na festa: “Hiato e Amor”, da autodeclarada mulher negra e não-binária Josephine Apraku. A autora dialogou com as conexões entre desigualdades e relacionamentos íntimos. Fortemente influenciada pela produção de bell hooks, ela reforçou a necessidade de espaços de fortalecimento e justiça social, no âmbito público e privado.
As ondas movimentaram para além das ilustrações do cenário-mosaico da FLUP. Programação ‘banhada’ pelas chuvas leves e moderadas, a série de mesas literárias “Quilombo Acadêmico: Histórias de Mulheres Afrodiaspóricas” foi espaço de descobertas. À tona, histórias de personalidades públicas e outras ainda desconhecidas: musicistas, atletas, mães de santo, cientistas, quilombolas e trabalhadoras no pós-abolição. Em comum? Todas mulheres negras, das cinco regiões do país, carregando marcos emblemáticos nos seus percursos de vida. As mesas apresentaram algumas das 100 mulheres homenageadas nos verbetes no Dicionário Biográfico: Histórias Entrelaçadas de Mulheres Afrodiaspóricas, livro lançado pela FLUP, da editora Malê.
Dentre tantas a exaltar, já que organizou a obra e lembrou que não foi um trabalho, mas parte de sua vida organizar a publicação, a professora universitária Rosinalda Corrêa da Silva Simoni, mulher quilombola e integrante do Grupo de Mulheres Negras Malunga e da Articulação de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB) destacou Carolina Maria de Jesus.
Segundo Rosinalda, Carolina é uma mulher “de periferia, achada na periferia, que saiu da fome e achou na fome a poesia para descrever a sua realidade”. Mulheres negras fazem a história com as próprias mãos, portanto, são as protagonistas desse país. As obras de Carolina Maria de Jesus, como aponta, só tiveram o devido valor, sobretudo o Quarto de Despejo, depois de sua morte. “Ela representa pessoas como eu, que sou quilombola, ainda que estivesse no contexto urbano da favela do Canindé, em São Paulo. Carolina nos mostrou os muros que delimitam não só os espaços geográficos das periferias nas cidades, mas os muros criados como barreiras para a população periférica acessar seus direitos. E continuam fazendo ‘muros sociais’ para a periferia seguir na marginalidade. A professora universitária se referia às 100 mulheres verbeteadas como “pretagonistas”, assim como as mulheres autoras que pesquisaram e produziram textos para o livro.
Já Sônia Cleide Ferreira, técnica em enfermagem e ativista histórica do Movimento de Mulheres Negras, estava em ambas as posições: autora e homenageada. Oriunda de Jataí, interior de Goiás, Sônia fundou em 1990 o Grupo de Mulheres Negras Malunga, nascido dentro da pastoral afro, e se dedicou a atender demandas das mulheres negras e periféricas.
De acordo com ela, a região Centro-Oeste é fortemente marcada pelo sexismo, racismo e homofobia e a mudança deste cenário só é possível com o fortalecimento de políticas públicas. Exemplo disso são as cotas: instrumentos de reparação histórica, as ações afirmativas para estudantes negros nas universidades públicas brasileiras foram conquistadas em 2012, por meio da Lei Federal 12.711 e garantiram a reserva de 50% das vagas para pessoas autodeclaradas negras. Cleide menciona o feito por ter sido resultado da pós-conferência de Durban, evento no qual participou ativamente. “Hoje conseguimos que nossas meninas negras tenham acesso ao ensino superior”, comemorou.
Também do centro-oeste do Brasil, a professora goiana Janira Sodré ressaltou as mulheres negras como habitantes das periferias geográficas e sociais, sendo suas trajetórias tracejadas fora das narrativas hegemônicas. Por isso o ganho com os nossos discursos sobre os problemas e, sobretudo, sobre as alternativas que podemos produzir, entendendo inclusive nossas interações intergeracionais, apontamos para futuros possíveis e repletos de pluralidades.
Quanto à superação de preconceitos, incluindo os religiosos, também são características vinculadas à história que a antropóloga de Osasco Simony dos Anjos decidiu mencionar: a de Maria da Fé Viana. Mulher evangélica, coordenadora da Pastoral de combate ao racismo da igreja Metodista de São João do Meriti, na Baixada Fluminense, região metropolitana do Rio de Janeiro. “Muitas vezes nos perguntamos: como vamos conversar com as mulheres que estão dentro das igrejas, sendo alcançadas pelos grupos conservadores?”, questiona Simony. Em 2001, Maria da Fé foi laureada pelo seu trabalho contra o racismo nas estruturas cristãs. Para Simony, este é um bom exemplo, “temos muitas Marias da Fé dentro das igrejas evangélicas, elas estão dialogando e disseminando os direitos das mulheres e são presença abrindo os cultos, limpando os templos, fazendo santa ceia. Porém, lá também são invisibilizadas”, analisa. Para a antropóloga, se a sociedade realmente quer dialogar com as pessoas evangélicas, é urgente superar o preconceito e conhecê-las.
Mesa Quilombo Acadêmico
©Juliana Vieira
Movimentos de avanços e recuos fizeram marés nos encontros com teor político da programação. A existência, resistência e persistência das mulheres negras são inerentes e frontalmente políticas, como reforçou Neon Cunha, mulher negra, ameríndia, transgênera e ativista independente ao participar da mesa “O que queremos para ontem?”. O caso Ágatha Félix, que teve o policial, autor do tiro de fuzil que matou a menina, absolvido pelo 1º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro na semana do evento, foi lembrado por Neon.
Jurema Werneck chamou o país de “violenta república do racismo”. E resumiu: “nossa urgência é resistir, resistir e resistir”. A médica, diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil e representante do Movimento Alerta (iniciativa que coleta dados sobre mortes ocorridas por covid-19), teve a sua participação na CPI da Pandemia no Senado, em junho de 2021, rememorada por Benedita da Silva. A emblemática deputada federal carioca substituiu a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, na mesa.
“Eu e Werneck viemos do mesmo lugar: da favela. E a gente sabia que nosso corpo não nos pertencia, porque a gente precisava do serviço público e nada chegava onde estávamos”, refletiu Benedita. A parlamentar reforçou a relevância de Beatriz Nascimento na sua trajetória, ela queria ver nós, mulheres negras, livres e vivas. Urgências como saneamento básico e violência de gênero foram aspectos evidenciados por Benedita. Segundo ela, “as mulheres negras seguem precisando de medidas específicas, só assim enfrentaremos as desigualdades sociais que ainda assolam esse país”.
A situação das meninas e mulheres faveladas deve ser falada, estudada e levada em conta na política partidária. É a defesa da estudante Marise Cunha Santos, que cursa Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro e é moradora da Rocinha. A graduanda esteve todos os dias no evento. Marise destaca que “a FLUP fez um movimento importante ao aliar literatura e política nos encontros plurais com ativistas, defensoras de Direitos Humanos e profissionais de campos diferentes, como o da saúde, favorecendo a fala e tudo que faz parte do universo das mulheridades negras”.
As mulheres negras fazem parte da maior fração populacional: 60 milhões de pessoas, cerca de 28,5% dos habitantes no território nacional, segundo dados do relatório sobre desenvolvimento humano do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). As particularidades deste grupo também ganharam foco político na mesa “O Ori e as Periferias”, composta pela psicóloga, professora universitária e ativista Jaqueline Gomes de Jesus; Lúcia Xavier, da ONG Criola, e Ana Paula Oliveira, mãe que perdeu o filho Johnatha, de 19 anos, em em Manguinhos, no Rio de Janeiro. Com a mediação da jornalista e co-fundadora do Nós, mulheres da periferia, Semayat Oliveira, o encontro abordou a centralidade das mulheres negras na promoção da saúde e dos Direitos Humanos.
Semayat Oliveira, do Nós, mulheres da periferia e Jaqueline Gomes
©Juliana Vieira
Segundo Jaqueline Gomes de Jesus, o adoecimento é inerente a uma sociedade capitalista, fragmentada, na qual mulheres negras são vistas apenas como parte. O adoecimento das mulheres negras é um projeto: “impactadas pelo racismo, portanto adoecidas, considerando nosso volume demográfico, não conseguimos nos unir e fazer a revolução”. Ela prossegue: “cuidar do Orí tem a ver com saúde mental, com o antigo banzo, com a depressão, transtorno tão recorrente no mundo do trabalho”, finaliza.
As repercussões acerca do tema trabalho foram destacadas em diversos momentos do evento, com destaque para a recente mobilização da escala 6×1, pauta que ganhou as redes sociais com o encaminhamento da PEC na Câmara dos Deputados. A iniciativa prevê redução da jornada de trabalho. Atualmente, a Constituição estabelece até 44 horas semanais e 8 horas diárias, e a Proposta de Emenda à Constituição propõe carga horária semanal máxima de 36 horas, ou seja, 4 dias de trabalho e 3 dias de folga. Falando de mulheres negras, o grupo representa 45% do trabalho de cuidados e são 65% das trabalhadoras domésticas no país.
Um dos encontros mais aclamados da FLUP, com lotação máxima do picadeiro, foi a gravação do podcast Angu de Grilo, com a jornalista Flávia Oliveira e sua filha, Isabela Reis, recebendo Sueli Carneiro e sua filha, Luanda Carneiro. A ativista e pensadora, Sueli Carneiro, refletiu sobre a fragmentação política da classe trabalhadora ao ser questionada sobre a PEC 6×1. “É um movimento que alcança um número expressivo de pessoas, é um encontro universal, em comum. E, me parece, pode ser uma pista de como podemos reencantar alguns enfrentamentos se articulando num campo magnético a partir das reivindicações trabalhistas, como essa da jornada excessiva. Achei interessante a denominação de VAT – Vida Além do Trabalho, algo aproximado à ideia do Bem Viver, conceito historicamente defendido há mais de uma década pelos movimentos de mulheres negras”.
Flávia Oliveira e Isabela Reis, do Angu de Grilo, junto com Sueli Carneiro
©Juliana Vieira
Numa maré baixa, a espectadora atenta Néa Leal relatou a saga para conseguir participar da FLUP. Semanas antes, sofreu um acidente, foi mordida por um cachorro e precisou buscar atendimento em UPA (Unidade de Pronto Atendimento), na região central do Rio de Janeiro. Lá, a professora de ensino fundamental escutou da médica: “você consegue trabalhar amanhã”. Vítima de racismo institucional, segundo Néa, ela foi totalmente desumanizada, inclusive. “Não consegui atestado para nenhum dia e precisei ir trabalhar no dia seguinte”, disse. De acordo com a 3º edição da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra – Uma Política do SUS (2017), do Ministério da Saúde, o racismo institucional é frequentemente observado nos serviços de saúde, podendo ser manifestado por meio à população negra pelas altas taxas de mortalidade materna e infantil, incidência e prevalência de doenças crônicas e infecciosas e, ainda, através dos altos índices de violência urbana, em comparação com a população não-negra.
De origem suburbana, hoje moradora de Copacabana, a professora é uma mulher negra. “Consegui me recuperar a tempo de prestigiar a festa. Fazer parte disso me encoraja, porque aqui é justamente o local de convergência de todos estes assuntos: saúde, direitos das trabalhadoras, desumanização, e também da oportunidade de resgate pela literatura, fortalecimento e reconhecimento como mulheres que propõem reflexão e revolução: eu sou esta mulher”, finaliza.
Num outro vai-e-vem das marés, Maria da Consolação Lucinda ponderou prós e contras do evento neste ano. Pela primeira vez na FLUP, autodeclarada leitora voraz de literatura africana e moradora de Duque de Caxias, Maria gostou da localização do festival. Segundo ela, a aproximação com escritoras, com trocas férteis também a animaram, por ter na literatura uma ferramenta de auto expressão. “Todo meu desenvolvimento, as subjetividades, visão de mundo são provenientes da relação com a Literatura”. Porém, ela fez ressalvas: “na verdade, um chamado ao cuidado da curadoria, entendo a formação das redes, por exemplo, para a escrita do Dicionário. Ainda assim, pontuou sobre a existência de muitas pessoas periféricas que poderiam contribuir tanto indicando verbetes, quanto escrevendo. Não podemos tornar a ideia de periferia, um novo gueto de exclusão”.
Diversas correntes se encontraram nos dias oscilantes entre chuvas e aberturas de sol da FLUP, de poetas/performances a pesquisadoras/ pensadoras. Andrea Bak, atriz, poeta, escritora, rapper e química, uma das MCs do Sarau Beatriz Nascimento, que começou com Conceição Evaristo e Esmeralda Ribeiro e terminou com Eliane Potiguara e Priscila de Jesus. Para Andrea, este arco na programação é representativo: “abrimos o sarau com mulheres negras ícones das letras e finalizamos com pessoas dos povos indígenas – sem eles, não estaríamos aqui, a produção cultural dos nossos parentes se encontram com as nossas, assim como as lutas.
A multiartista Andrea Bak
©Juliana Vieira
A maior parte populacional: pessoas negras e indígenas estiveram durante o evento, apresentando projetos, denúncias, elaborações do presente com vistas ao passado e mirando o futuro. Distantes do discurso apocalíptico de fim de mundo, apesar de cientes das problemáticas atuais, a força do festival reiterou utopias. Andrea comentou a grandiosidade da FLUP, com mais de 200 atrações, 18 shows e público estimado de mais de 31 mil pessoas. Para ela, a FLUP é o palco para a luz própria de mulheres negras.
E, ainda, sobre a importância da escrita feita por mulheres negras e periféricas, considerou que se for possível existir uma literatura mundial, ela é feita por nós, por meio da oralidade. “Tudo começa aqui, a gente ‘pare’ o mundo, gestamos sabedoria. Com nossos versos conseguimos mudar a sociedade e construir dias melhores, começando por agora”.