Conversa de Portão #50: o combate ao racismo 20 anos depois de Durban

A Conferência de Durban contra o Racismo é o tema do episódio 50º do Conversa de Portão, que ouviu a relatora Edna Roland e a militante da Marcha das Mulheres Negras, Juliana Gonçalves. Ouça!

Por Jéssica Moreira

22|09|2021

- Alterado em 22|09|2021

Você já ouviu falar sobre a Conferência de Durban Contra o Racismo?

A luta contra o racismo ganhou novo impulso após o assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, denunciando a violência policial em todo o mundo. Mas as discussões que chegaram com força na TV ou redes sociais não nasceram hoje.

Pelo contrário, muitos dos conceitos, leis e avanços conhecidos por nós, como as Cotas Raciais, foram pensados durante décadas por militantes do Movimento Negro e Movimento de Mulheres Negras do Brasil.

Muitas dessas concepções foram defendidas durante a 3ª Conferência Contra o Racismo organizada pela ONU (Organização das Nações Unidas), ocorrida entre 31 de agosto e 8 de setembro de 2001, reunindo 173 países, mais de 18 mil pessoas, em Durban, África do Sul.

Passados 20 anos da mais importante conferência contra o racismo, quais são os desafios que ainda persistem no país? No episódio 50 do Conversa de Portão, convidamos  a relatora oficial da conferência, Edna Roland, a primeira mulher negra brasileira a ser relatora da ONU para fazer um balanço desses 20 anos.

Psicóloga de formação e uma das militantes históricas do Movimento Negro, Movimento de Mulheres Negras, Movimento Feminista, Edna atuou contra a Ditadura Civil-Militar, foi cofundadora do Coletivo de Mulheres de São Paulo, do Geledés e da Fala Preta. Também integra o Grupo de Especialistas Eminentes Independentes das Nações Unidas, que acompanham a implementação da declaração de Durban no Brasil.

“Muitas mulheres negras foram tendo a oportunidade de participar desses processos, processos de discussão, processo de construção de conceitos, de ideias, de dialogar com outros segmentos sociais, quer dizer, seja o movimento de direitos humanos, movimento de mulheres, seja movimento de saúde, então, de várias formas as mulheres negras foram conseguindo se inserir nesses processos”, aponta no episódio.

Para mostrar também a importância das articulações em torno da conferência para os dias atuais, entrevistamos Juliana Gonçalves, jornalista, mestranda mestranda em Estudos Culturais na USP, onde investiga o significado do Bem Viver para mulheres negras e militante da Marcha das Mulheres Negras de SP.

“Quando a gente age nessa escala, em coletivo, no esforço coletivo de trazer uma discussão internacional, que é uma conferência internacional, e fazer ela fazer sentido pra mulheres negras de várias partes do brasil, foi uma delegação muito grande, foi muito potente, isso mostra como de fato a nossa luta ela vem de acúmulo”, conta.

Ouça aqui o episódio

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