Dicas: livros e filmes para entender a realidade de encarceradas

A arte nos ajuda a conhecer outras realidades e histórias e a criar empatia com as mulheres encarceradas. Vamos juntas?

Por Lívia Lima

27|05|2021

Alterado em 27|05|2021

No Nós sabemos que a vida não está fácil para ninguém e que, muitas vezes, arte e cultura são alternativas para tentar- ao menos por pouco tempo – esquecer  dos problemas, sonhar outros mundos possíveis, se divertir sem compromisso.

Também acreditamos que, às vezes, as produções artísticas podem nos mostrar outras realidades, histórias e promover empatia. Na seleção de Dicas da Semana, apresentamos algumas obras que abordam a situação de mulheres encarceradas.

Vamos conhecê-las?

Prisioneiras

Depois de publicar “Estação Carandiru” (1999), livro que se tornou best-seller e até filme (Carandiru, 2003, dirigido por  Hector Babenco),  o médico e escritor Dráuzio Varella lançou “Prisioneiras” (Cia das Letras, 2017), para relatar sua experiência na Penitenciária Feminina da Capital em 2006.

Além de se ver diante de históricos de violência que atravessam a trajetória das mulheres desde a infância, os dilemas das maternidades, o autor também expõe os relacionamentos e a sexualidade das aprisionadas.

A leitura é bem interessante. Aqui em São Paulo é possível consultar o acervo do sistema de bibliotecas públicas para empréstimo gratuito, observando as restrições diante da pandemia. Vale pesquisar em outras cidades também.

Presos que menstruam

Outra obra importante quando o assunto é encarceramento de mulheres é o livro-reportagem da jornalista Nana Queiroz. Em “Presos que menstruam –  a brutal vida das mulheres tratadas como homens nas prisões brasileiras” (Record, 2015), a autora aborda o cotidiano das prisões femininas do país, os problemas estruturais do sistema carcerário brasileiro, além de contar as histórias das mulheres e famílias, de forma humanizada.

Nós sugerimos essa entrevista do Canal Futura com Nana Queiroz, que conta um pouco sobre a produção do livro, que também se tornou um curta-metragem em 2018. Como ativista, a jornalista atua na produção de conteúdos feministas e iniciou, em 2016, a campanha “Eu não mereço ser estuprada“, que viralizou nas redes sociais.

Flores do Cárcere

Na plataforma Sesc Digital estão disponíveis dois filmes recentes que abordam as condições das mulheres encarceradas. Na seção Cinema #emcasacomosesc, eles estarão no serviço de streaming gratuito até dia 19 de junho.

No documentário “Saudade Mundão” (2020), as diretoras Julia Hannud e Catharina Scarpellini apresentam, através de cenas de um cotidiano monótono e limitado, a realidade de mulheres marginalizadas muito antes de serem encarceradas na Cadeia Pública de Franca.

“Flores do Cárcere” (2019), de Bárbara Cunha e Paulo Caldas, conta a história de seis ex-detentas da Cadeia Feminina de Santos que, doze anos depois, retornam ao espaço prisional, hoje abandonado, revisitam a antiga experiência e refletem sobre o encarceramento feminino, as questões relativas à autoestima e à reinserção na sociedade. O filme é baseado no livro homônimo de Flavia Ribeiro de Castro.​ Xakila, uma das ex-detentas, também se tornou escritora e lançou sua biografia.

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Cena do filme Flores do Cárcere

©Reprodução

…bônus

Estão abertas as inscrições para o VOCACIONAL, programa de iniciação e orientação artística da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, que há 20 anos promove  encontros entre artistas profissionais e artistas vocacionados. São encontros para quem quer ter seu primeiro contato com a arte ou quer desenvolver seu projeto artístico e trocar com toda a cidade.

O VOCACIONAL é direcionado para pessoas a partir de 14 anos e, devido à pandemia, o programa começará online, com encontros virtuais e outras atividades nas redes dos espaços culturais da cidade.  Para se inscrever, é necessário preencher este formulário.