Cleone Santos ativista da organização Mulheres da Luz de trabalhadoras sexuais

Conversa de portão #47: os estigmas contra as trabalhadoras sexuais

Falar em prostituição é um grande tabu no Brasil. Há, ainda, muito preconceito e estigma em volta desta profissão, que muitos afirmam ser uma das mais antigas do mundo. 

Por Lívia Lima

25|08|2021

- Alterado em 10|09|2021

No episódio 47 do Conversa de Portão, tratamos do assunto conversando com Bianca Pedrina, repórter que realizou a reportagem especial “Trabalhadoras sexuais das periferias” que publicamos em parceria com a Agência Mural de Jornalismo das Periferias. 

E também trouxemos para a conversa Cleone Santos, ativista em defesa das mulheres em situação de prostituição, coordenadora da organização Mulheres da Luz.

Em 2010, o Brasil tinha 1,5 milhão de pessoas, entre homens e mulheres, em situação de prostituição. Os dados da Fumec (Fundação Mineira de Educação e Cultura) são os únicos disponíveis sobre esse segmento, o que mostra a dificuldade de avaliar a situação da categoria e a criação de políticas públicas.

“São mulheres e que tem uma dificuldade econômica muito grande, totalmente vulneráveis assim o sistema capitalista as pessoas não escolhem né? Está nessa situação de vulnerabilidade, ela é só empurrada pra essa situação né? E quando eu digo que são escolhidas né? Aí eu coloco que na sua grande maioria são mulheres negras né? E aí você sabe que são realmente escolhidas pra ser a subalterna, a vulnerável né? E raramente encontra outra saída”, relata Cleone. 

Na reportagem de Bianca, muitas mulheres relataram os perigos e riscos de contaminação da Covid-19, que tiveram que enfrentar para se manterem trabalhando e garantindo o sustento. 

Durante a pandemia, Cleone analisou que houve um aumento no número de mulheres recorrendo à prostituição para garantir sua subsistência.  “A maioria delas trabalhavam em salões de beleza e bares, restaurante, casas de família e foram dispensadas e a única alternativa que restou foi a prostituição pra sobrevivência”, conta. 

Escute o episódio

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