Conheça o Kwanzaa, celebração de final de ano afrodiaspórica
No Kwanzaa são sete dias de celebração, que visibilizam a memória das lutas e a união dos povos africanos e afro-americanos.
Por Mariana Oliveira
21|12|2022
Alterado em 22|12|2022
As festas de final de ano são marcadas pela celebração do Natal e Ano Novo. De origem cristã, o Natal é comemorado anualmente no dia 25 de dezembro e celebra o nascimento de Jesus. Já, em 31 de dezembro acontece o Ano Novo, a despedida do ano que se encerra e a chegada do próximo.
No mesmo período, na última semana de dezembro, acontece o Kwanzaa, nome derivado da expressão “matunda ya kwanza”, do suaíli, que significa “primeiros frutos”. A festa foi criada em 1966 pelo professor Maulana Karenga nos Estados Unidos. A celebração tem o intuito de fortalecer os aspectos culturais, econômicos e políticos da comunidade negra.
Inspiradas nas festas de colheitas feitas por povos africanos, como Núbia, Ashanti e Zulu, as comemorações se iniciam em 26 de dezembro, logo após o Natal. Embora próximo da data, o Kwanzaa não foi criado para competir com a festa cristã.
Em 1996, com a violência policial dos confrontos resultantes das leis de segregação racial e a morte de Marquette Frye, jovem negro, o professor Dr. Maulana Karenga, presidente de um centro de estudos negros na California State University e ativista dos direitos civis, desenvolveu o evento para fortalecer os valores de comunidade e união familiar.
A simbologia e a cerimônia
No ocidente, o Natal é marcado pela utilização de cores vermelhas, Papai Noel, árvores coloridas e a montagem de presépios. No Kwanzaa, a simbologia se concentra no Kinara, um candelabro com sete velas (uma preta, três verdes e três vermelhas) que representam sete princípios, conhecidos como Nguzo Saba: Umoja (união); Kujichagulia (responsabilidade com o próprio futuro); Ujima (trabalho coletivo); Ujamaa (economia cooperativa); Nia (expansão da cultura africana); Kuumba (criatividade); Imani (honra e fé ancestrais).
Mesa posta para celebração do Kwanzaa.
©Pexels
A festa tem duração de sete dias, e em cada um é acendida uma vela. A começar pela preta, em referência ao povo africano e intercalando com as vermelhas, postas do lado esquerdo da Kinara, simbolizando a luta do povo africano. As verdes são postas do lado direito, representando a esperança. Para completar, é feito um altar com frutas frescas e uma espiga de milho para cada criança da casa. No último dia, em 1º de janeiro, há distribuição de três presentes para as crianças.
A primeira celebração do Kwanzaa no Brasil, aconteceu em Salvador (BA), em 2007. No ano seguinte aconteceu em São Paulo (SP), com influência de Carlos Machado, professor mestre em história pela USP (Universidade de São Paulo), pesquisador e ativista do Movimento Negro.
Cada família pode celebrar o Kwanzaa à sua maneira, mas alguns espaços promovem eventos coletivos. Confira dois lugares para celebrar:
Espaço cultural Morada Jaraguá
Local: Avenida Jerimanduba, 175 , Jaraguá ( Ao lado da estação CPTM Jaraguá)
Data: 28/12
Horário: 17hr
BatucAfro
Local: Rua Florai, 105, Itaim Paulista
Data: 27/12
Horário: 19hr