Coletivo Negro Di Jejê faz vaquinha para participar de congresso na Alemanha

Coletivo Di Jejê já realizou formações para mais de 4 mil mulheres e agora faz vaquinha para conseguir falar sobre seu trabalho na Alemanha

Por Jéssica Moreira

20|09|2018

Alterado em 20|09|2018

Realizar o intercâmbio de ideias entre mulheres negras de diferentes continentes. Isso é o que pretende fazer o Coletivo Di Jejê  em Frankfurt, Alemanha, durante o 2º Aniversário da Abertura da Década das Nações Unidas para os Afrodescendentes: “Honrando o Movimento Negro na Alemanha”, que acontece entre os dias 5 e 6 de outubro.
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Mas para conseguir realizar essa troca junto às outras mulheres, o coletivo precisa angariar pelo menos R$ 15.840 reais nos próximos dias, para custear as despesas com a viagem de duas mulheres negras, o que inclui as passagens, seguro de saúde obrigatório e alimentação para os oito dias de estádia. Colabore com a campanha, doe para o coletivo conseguir chegar à Alemanha.
https://www.facebook.com/jaqueodara/videos/1936972509730870/
Promovida pela ONU, em parceria com organizações negras locais, a atividade integra a programação da Década de Afrodescendentes da ONU. “Embora tenhamos que superar essas barreiras financeiras, é muito importante nossa participação, seja para denunciar a condição de vida das mulheres negras no Brasil, seja para denunciar o avanço do fascismo em nosso país e todo o impacto disso na vida de todas as mulheres brasileiras”, aponta uma das fundadoras e educadoras do curso, Jaqueline Conceição.
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O Coletivo DI Jeje foi fundado em 2014, e tem por objetivo a pesquisa e formação política de mulheres no Brasil, especialmente de mulheres negras. Nesses 4 anos de existência, mais de 4 mil mulheres já receberam as formações presenciais ou por meio dos cursos à distância por preços populares. O Nós, mulheres da periferia conversou com Jaqueline Conceição, para entender a importância da formação para as mulheres negras na reconstrução da identidade e história afro-brasileira, e como a presença das integrantes no congresso podem colaborar nesse processo. Confira!
Nós, mulheres da periferia: Qual é a importância de pensar formações para a população negra como vocês fazem?
Jaqueline Conceição: As mulheres negras são as que menos têm acesso a informação, seja ela de qual tipo for: escolar, acadêmica, jornais, revistas, livros, e isso impacta na capacidade de análise e interpretação do mundo por parte das mulheres negras. O acesso à informação de qualidade, é um dos passos mais importantes para a formação de uma consciência crítica, para o processo de emancipação, buscando ocupar os lugares de produção de conhecimento e tomada de poder. Por isso, nosso trabalho desenvolvido através de círculos de feminismo negro e ensino a distância, através do e-learning, possibilita que mulheres possam pensar sua realidade e traçar estratégias reais de enfrentamento dos problemas cotidianos, causados pelo machismo, racismo, homofobia, transfobia, lesbofobia e bifobia. Esse trabalho de 4 anos está se materializando na primeira plataforma de e-learning de formação politica para mulheres, que vamos lançar em Novembro agora, a plataforma chama NKANDA, que significa mapa em kimbundo ( língua africana falada no noroeste de Angola, incluindo a Província de Luanda).
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Nós, mulheres da periferia: O que vocês pretendem mostrar no Congresso da Alemanha?
Jaqueline Conceição: Na verdade, as organizadoras entraram em contato conosco na sexta feira dia 14 de Setembro, dizendo da atividade, e se poderiamos ir, para compartilhar nossas experiências com as mulheres negras da Alemanha, sobre o trabalho que desenvolvemos no Brasil. A tecnologia da educação a distância pode ser um instrumento muito eficaz para disseminar informação. O software que nos usamos, por exemplo, pode ser acessado por celular, de qualquer lugar do mundo.
Nós, mulheres da periferia: Porque é importante para vocês estarem neste Congresso?
Jaqueline Conceição: É importante compartilhar experiências positivas de emancipação da mulher, sobretudo da mulher negra, trocar experiências, fomentar laços, criar estratégias, e principalmente denunciar a condição de vida desumana e violenta que 54 milhões de brasileiras vivem cotidianamente, pois é uma atividade dentro da Década de Afrodescente da ONU, por isso é um espaço estratégico de atuação.