As tarefas domésticas e as viagens na rotina de uma babá

Desde os 17 anos, ela se dá bem com criança. Veio para São Paulo com objetivo de trabalhar em loja e uma amiga que trabalhava de governanta a chamou para trabalhar de arrumadeira uma vez, e como o salário era bom, ela foi ficando. E quando nasceu uma criança, a família contratou uma enfermeira, mas […]

Por Redação

02|05|2015

Alterado em 02|05|2015

Desde os 17 anos, ela se dá bem com criança. Veio para São Paulo com objetivo de trabalhar em loja e uma amiga que trabalhava de governanta a chamou para trabalhar de arrumadeira uma vez, e como o salário era bom, ela foi ficando. E quando nasceu uma criança, a família contratou uma enfermeira, mas nenhuma babá dava certo e ela como já estava lá, acabou ficando por dois anos como babá. Só saiu porque o pai ficou doente e ela precisou retornar para a Bahia. Mas depois voltou para São Paulo e viu que era o que queria fazer. Assim começou na área Ivonete Pires da Silva, 35 anos, moradora do Recanto Verde, zona norte da cidade de São Paulo.
Ivonete conta que tem bom relacionamento com os patrões, e esses que está hoje foi indicação de um. Sempre se lembra do aniversário das crianças e mantêm contato. Há 12 anos ela trabalha como babá e atualmente dorme no trabalho cuidando de gêmeos, nas proximidades da Avenida Paulista.
“Geralmente a babá fica até quatro anos de idade. Quando entrei eles tinham um ano e um mês. Até os dois anos a gente trabalha 24h e dorme no quarto com eles, troca fralda, vê o que precisam quando choram. Nosso trabalho é educar a criança, ensinar a falar, a andar, explicar as palavras novas, mas depois dos quatro anos começam a estudar em escola integral e aí você passa a ser arrumadeira e a cuidar das coisas deles”, conta.
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A rotina é de folga um final de semana sim e outro não, como hoje as crianças estão na escola, o trabalho é arrumar os quartos, cuidar dos brinquedos, da roupa, e até é possível descansar um pouco. Quando eles chegam almoçam, tomam banho, dormem um pouco e cada um vai para o seu quarto. Depois tem atividade, lancham e às 20h estão dormindo. Como agora a patroa coloca eles para dormir, Ivonete consegue ir para o quarto e até assistir novela. Mas, para sair, ela precisa se programar, por mais que eles estejam dormindo, ela precisa ficar, caso precisem de algo.
“Como não tenho marido, filho e não sou de balada, é normal dormir no trabalho. Tenho uma amiga que tem filho e estuda, para ela já é mais difícil, precisa conseguir emprego que não precisa dormir”, diz.

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Ivonete durante viagem a trabalho à Disney – Crédito: arquivo pessoal


Como sempre trabalhou como CLT, ela não teve problemas e segundo ela, quando precisa viajar os patrões pagam por fora o diferenciado, de acordo com o piso do lugar que estão. Ainda conta que já foi para a Disney, Uruguai, Miami e geralmente quando volta tira férias.
“Gosto das viagens porque me divirto também e até aprendi o básico de inglês, mas agora estou querendo parar e fazer faculdade para trabalhar na área de assistência social. Quero ir para casa, fazer inglês e academia. O salário é bom, tenho casa própria na Bahia e em São Paulo pago aluguel. Se minha mãe adoecer eu tenho condições de cuidar dela financeiramente”, revela.
Essa é uma área que exige paciência, principalmente quando se cuida de bebês. Para ser babá o perfil mais desejado pelas patroas é de uma mulher que não bebe, não fuma, que seja evangélica, e se for solteira é melhor ainda, porque pode viajar e ficar fora. A responsabilidade é muito grande, principalmente se acontecer algum acidente ou ficar doente.
“Tem gente que cuida como se fosse filho dela, eu por exemplo, sei que não são meus filhos, e sim dos patrões. Não posso me apegar, pois não vou ficar a vida inteira. Quando você sai a criança sente falta e pergunta se não gosta mais dela, mas faz parte. Por isso encaro dessa dessa forma, estou lá hoje e amanhã posso ir embora. Não tenho vergonha de dizer que sou babá, tenho orgulho. Eu não tive condições de fazer uma faculdade, mas agora que posso, vou fazer”, conclui.