Documentário registra a força das mulheres no futebol de várzea na periferia

O filme retrata o dia a dia de quatro mulheres que vêm transformando suas comunidades por meio do futebol de várzea, tanto dentro quanto fora dos campos

Por Jéssica Moreira

16|02|2018

Alterado em 16|02|2018

“O futebol inspira, cria, junta, faz amigos. Na verdade, ele acaba sendo parte da vida”, é assim que Marcia Piemonte resume a importância do esporte em sua vida. Diretora de um dos times de várzea de maior expressão na periferia – o Inajar de Souza, na Brasilândia (zona norte) – Marcia é uma das quatro protagonistas do documentário Mulheres do Progresso – muito além da várzea, que será lançado na próxima quarta-feira (21) na Galeria Olido, às 19h30.


Com três sessões gratuitas, o filme  de 14 min. percorre os bairros da Brasilândia, Missionária, Iporanga e Jardim Guacuri, retratando o dia a dia de quatro mulheres que vêm transformando suas comunidades por meio do futebol de várzea, tanto dentro quanto fora dos campos.
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“O futebol é uma paixão mundial, mas no imaginário das pessoas um diretor de futebol ou um técnico é sempre a figura masculina, e é justamente para contrapor esse imaginário que o filme mostra a vida real de mulheres que dirigem times, organizam campeonatos, administram campos e sedes de equipes, para garantir momentos de lazer, alegria e união às famílias, torcedores e jogadores que dão vida aos jogos da várzea nos finais de semana nas periferias, aponta Jamaica Santarém, cineasta e integrante da Rede Doladodecá, realizadora e produtora do curta.

Desde 2014, a Doladodecá vem unindo futebol, samba e literatura na beira do campo nas comunidades de São Paulo e evidenciando o talento da mulher no cenário do futebol. A rede entende que o futebol de várzea pode ser considerado um dos pilares da cultura periférica dado o seu potencial para gerar renda nas comunidades e promover lazer e cultura aos moradores.
AS DONAS DO CAMPO
Todas as personagens do Mulheres do Progresso possuem histórias inspiradoras. Cada uma enfrenta as dificuldades do cotidiano na periferia à sua maneira, mas com um fator social em comum: a várzea. Para elas, a vida faz mais sentido à beira do campo, para acompanhar, torcer ou organizar uma partida de futebol.

Além de Marcia, do Inajar de Souza, o documentário traz ainda a história de outras três mulheres periféricas que têm no futebol sua paixão de vida. Sindy Rodrigues, vice-presidente do Esporte Clube Explosão da Vila Joaniza, bairro da zona sul de São Paulo, tem 27 anos e 26 desses estão marcados pela estreita relação que ela e seu pai construíram com o futebol de Várzea.
Mãe de cinco filhos, ela concilia a maternidade com o posto de diretora de futebol. “Eu tinha um ano quando o Explosão foi criado. Então, desde pequenininha eu sou varzeana”, relembra.
Ainda na zona sul de São Paulo, Tianinha, como é conhecida nos campos dos quatro cantos da cidade, é moradora da Jardim Iporanga. Há 40 anos, ela dedica seus finais de semana para viver intensamente o clima das beiras de campo. Com um sorrido largo e um brilho nos olhos, ela exclama com orgulho a importância de sua presença no time “Eu sou diretora da agremiação Ressaca da Vila Rubi. E eu tenho voz dentro do time.”
“Eu comecei trabalhando na liga de futebol de várzea de São Bernando do Campo como mesária, durante 16 anos”, conta Sandra, criadora da página e do Festival Apaixonados pela Várzea, organizado somente por mulheres. Outra paixão da varzeana é atuar como organizadora da Copa Pionner, também conhecida como a Champinons League da Várzea paulistana.
Após estreia na Galeria Olido, acontece uma série de quatro exibições especiais nas comunidades onde moram as personagens do documentário. A agenda será divulgada em breve pela Doladodeca.