Guilherme Boulos

“O primeiro passo para fazer São Paulo antirracista é implementar a Lei 10.639”, diz Guilherme Boulos em sabatina

Em sabatina sobre educação municipal, o candidato à prefeitura de São Paulo (SP) respondeu a perguntas sobre escolas cívico-militares, ensino de história e cultura afro-brasileira e acesso à pré-escola.

Por Beatriz de Oliveira

25|07|2024

Alterado em 29|07|2024

Em sabatina realizada nesta quarta-feira (24), o candidato à prefeitura da cidade de São Paulo (SP) Guilherme Boulos (PSOL) comentou sobre suas propostas para educação municipal. O evento, realizado pelo Centro do Professorado Paulista (CPP), contou com a participação de jornalistas convidados dos veículos Nós, mulheres da periferia, Agência Mural, Revista Educação, Carta Capital e Uol. O candidato respondeu perguntas sobre escolas cívico-militares, ensino de história e cultura afro-brasileira, acesso à pré-escola, violência nas escolas e valorização dos professores.

Pesquisa do Datafolha divulgada em 8 de julho, mostra o candidato Ricardo Nunes (MDB), com 24% das intenções de voto, empatado tecnicamente com Guilherme Boulos (PSOL), com 23%. Em seguida aparecem José Luiz Datena (PSDB), com 11%, Pablo Marçal (PRTB), com 10%, Tabata Amaral (PSB), com 7%, e Marina Helena (Novo), com 5%.

Caso eleito, Boulos prometeu investir na capacitação de professores, plano de carreira, promover o respeito à autonomia pedagógica e chamar todos os profissionais aprovados em concursos públicos da área de educação. “Não existe educação pública de qualidade sem valorização dos professores”, disse.

Sobre o combate à violência nas escolas, o candidato afirmou que pretende incluir profissionais de saúde mental em todas as unidades, medida que pode prevenir possíveis ataques motivados por bullying; além disso, falou em ampliar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e retomar a ronda nas escolas.

Boulos se posicionou “radicalmente” contra as escolas cívico-militares e afirmou que caso eleito, elas não serão implementadas na cidade de São Paulo. “As escolas militares são a falência da educação”, disse. Importante lembrar que em maio deste ano, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou a criação do Programa Escola Cívico-Militar na rede pública de ensino.

Durante a sabatina, Boulos respondeu ainda às perguntas do Nós, mulheres da periferia relacionadas ao ensino de cultura e história afro-brasileira e ampliação do acesso à pré-escola.

O candidato afirmou que vai promover a capacitação e formação de educadores para implementar o ensino de cultura e história afro-brasileira nas salas de aula, contando com o apoio de entidades da sociedade civil que atuam nesse meio. “Eu tenho uma convicção de que o primeiro grande passo para fazer com que São Paulo seja antirracista é implementar a Lei 10.639”, pontuou.

Uma pesquisa de 2023 do Instituto Alana e Geledés – Instituto da Mulher Negra mostrou que mais de 70% das escolas municipais do país não cumpriam a Lei 10.639, de 2003, que estabeleceu a inclusão obrigatória da história e cultura afro-brasileira no currículo oficial da rede de ensino.

A principal proposta do candidato para ampliar o acesso à pré-escola é aumentar a atuação do TEG (Transporte Escolar Gratuito). Também mencionou a integração de dados da gestão pública: “os dados da educação não se conectam com os dados da assistência social, se uma criança está passando fome quem está na escola não vai saber, porque não há diálogo entre esses dados”, explicou. O candidato do PSOL ainda concluiu que “quando você integra isso num sistema de dados único, você dá à escola uma condição de saber o que está acontecendo na vida da criança, que permite uma busca ativa muito melhor para combater a evasão escolar”.

Segundo pesquisa de 2023 da ONG Todos Pela Educação, quase 180 mil crianças brasileiras entre quatro e cinco anos não frequentam a escola porque têm dificuldade de acesso.

Ao longo de uma hora de sabatina, Boulos defendeu ainda sua proposta de inclusão do ensino integral em todas as escolas da capital, de modo que no contraturno os alunos tenham acesso a atividades fora das disciplinas obrigatórias, Pretende fazer isso com a integração de equipamentos públicos e um processo gradual de melhoria de estrutura das unidades escolares.

Falou também sobre a inclusão de letramento digital e Wi-Fi nas escolas, implantação de ensino ambiental com atividades práticas e a proposta de construção dos Centros de Oportunidade, destinada à capacitação profissional de jovens nas periferias.

Guilherme Boulos é atualmente deputado federal e disputa pela segunda vez a prefeitura da capital paulista. Formado em Filosofia, se especializou em Psicologia e tem mestrado em Psiquiatria. É ativista da luta social por moradia digna.