Esse é o primeiro episódio da série “Nós, prefeitas”, do podcast Conversa de Portão, do Nós, mulheres da Periferia. Não se preocupa que, nesse especial, não vamos te submeter a horas de histórias sobre os incríveis feitos de alguém de um país distante, que governou uma cidade com realidades muito diferentes das nossas. As prefeitas que vamos falar são do nosso próprio quintal: o Brasil.

O Brasil não tem um bom histórico com mulheres no poder. Tanto que tivemos uma única presidenta, Dilma Rousseff, que foi destituída do cargo por um processo de impeachment e até hoje é alvo de ataques sexistas e misóginos.

Além disso, se até no mercado de trabalho brasileiro apenas 38% das posições de liderança são ocupadas por mulheres – como apontou uma pesquisa de 2022 da Grant Thornton – as barreiras da desigualdade de gênero obviamente não nos deixariam em paz para governar um país, um estado ou um município sequer.

A prefeita Alzira Soriano

De acordo com dados recentes do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Brasil conta com 5568 municípios. Desses, apenas 673 são atualmente governados por mulheres, o que representa 12% do total de municípios e apenas 9% da população brasileira.

Também é importante fazer um recorte racial nesse cenário: das atuais prefeitas, apenas 4% são negras. As informações são do Censo das Prefeitas Brasileiras (Mandato 2021-2024), do Instituto Alziras.

Isso é importante porque, na prática, quem governa administra os temas que serão olhados com atenção e os que podem esperar mais um pouco. O que pode representar uma política de vida ou morte para determinados grupos, especialmente os mais vulnerabilizados e empobrecidos. Se nossas vozes não forem ouvidas, quem vai defender as questões que nos impactam?

O cenário não é dos melhores, mas nesse episódio também falamos de coisa boa: a história da primeira mulher prefeita no Brasil e em toda a América Latina: Luiza Alzira Teixeira Soriano, eleita em 1928, antes mesmo da conquista do voto feminino no país. Ouça aqui: