Dicas da Semana: programação para lembrar que arte é resistência
A jornalista Livia Lima faz uma seleção de manifestações de arte como resistências e inspirações para refletir sobre nosso presente e futuro.
Por Lívia Lima
17|09|2021
Alterado em 20|09|2021
“São tempos difíceis para os sonhadores”, é uma frase que gosto muito do filme “O fabuloso destino de Amélie Poulin”. Já assistiu? Se não, vale procurar por aí!
Essa é uma dica extra dentro das sugestões culturais da semana, que trazem uma seleção de manifestações que mostram que é arte é resistência e inspiração para refletir sobre nosso presente e futuro.
Vamos lá?!
Clarianas
Para o esquenta do fim de semana, a dica é assistir a apresentação “Derramagoa de Mulher – Cânticos de Cura, Proteção e Asè” do Grupo Clarianas. O show acontece na sexta-feira, 17 de setembro, sexta-feira, às 20h no canal do Youtube do Coletivo Batakere.
Clarianas tem como mote principal a investigação da voz da mulher “ancestral” na música popular do Brasil.
©divulgação/Facebook
Feira Literária da Zona Sul (FELIZS)
Se tem um sonhador que eu admiro, é o Binho, do Sarau do Binho, que acontece por aqui na cidade de São Paulo. O coletivo é um dos organizadores da sétima edição da Feira Literária da Zona Sul (FELIZS), que acontece de 18 a 25 de setembro com uma programação repleta de mesas literárias e intervenções artísticas.
Com o lema ‘Existirmos! A que será que se destina?’, verso da música “Cajuína” de Caetano Veloso, o evento debate o papel da arte em tempos de desinformação nas periferias. Com programação voltada para as plataformas digitais, ao longo de sete dias a feira literária irá promover debates, shows musicais, intervenções artísticas, oficinas com alunos de escolas públicas e o Festival “Tem uma arte no meio do redemoinho”.
“Ao avaliar o impacto da desinformação, o negacionismo, as fake news e o descaso governamental que ampliou o número de mortes causadas pela pandemia de Covid-19 no cotidiano da população preta, periférica e indígena, nós decidimos levar para a FELIZS a importância de coletivos, autores independentes, selos editoriais, e grupos culturais que fomentam a arte indígena e o afrofuturismo”, explica Silvia Tavares, curadora da FELIZS.
Nesta edição, a FELIZS homenageia Geraldo Magela, patrono da cultura popular de Taboão da Serra. Ao longo da programação, haverá momentos exclusivos dedicados à participação de convidados especiais que marcam a história da arte nas periferias. Dentre os convidados, Marcelino Freire, Paulo Lins, Daniel Munduruku, Kiusam de Oliveira, Bel Santos Meyer, dentre outros.
A programação completa está na página do evento no Facebook. Há atividades presenciais e online.
Mostra Taturana
Até o dia 19 de setembro é possível conferir os filmes da 2ª Mostra Taturana de Cinema: Democracia e Antirracismo, realizada em parceria com a Coalizão Negra por Direitos, Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (APAN) e Wonder Maria Filmes (Portugal).
A mostra reúne curtas e longas-metragens documentais, brasileiros e de outros países, sob a premissa de que não é possível falar em democracia sem se comprometer com a luta antirracista. A aposta é que se a imagem desempenha um papel fundamental na sociedade contemporânea, para falar em democracia também é necessário descolonizar o olhar.
Os filmes da mostra estão disponíveis na plataforma TodesPlay.
Entretodos
O Filme “A Beleza de Rose” retrata a beleza e a magia de um dia comum da vida de muitas brasileiras.
©divulgação
Outro rolê importante de cinema que está rolando é o Entretodos – Festival de Filmes Curtos e Direitos Humanos. Com objetivo de ampliar o debate envolvendo os mais diversos temas da Declaração Universal de Direitos Humanos, o evento é gratuito e aberto à votação online do público.
Em sua 14ª edição, o festival recebeu 2467 filmes do Brasil e do mundo. A cada ano, temas e assuntos se destacam por agruparem uma grande quantidade de filmes. Em 2021, vieram à tona questões ligadas à precarização do trabalho, movimentos de migração e êxodos, o isolamento distópico, negritude, lutos, dentre outras.
A homenageada da edição é a cineasta Lilian Solá Santiago, pesquisadora do LAbArteMidia na ECA-USP, documentarista considerada a primeira diretora negra a lançar filme em circuito comercial no Brasil durante a chamada Retomada, signatária do manifesto Dogma Feijoada.
O vencedor do Prêmio do Júri Popular será anunciado na cerimônia de encerramento do Festival Entretodos, no dia 26 de setembro.
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