Iniciativas de mulheres despertam interesse pelo aprendizado em Libras
Gyanny Xavier e Nzambi Brito criaram projetos que ensinam Libras de forma acessível
Por Beatriz de Oliveira
17|01|2025
Alterado em 17|01|2025
O Nós, mulheres da periferia conversou com mulheres periféricas que têm iniciativas voltadas ao ensino de Libras de forma acessível. A influenciadora Mariana Almeida, inspiração para esta matéria, ganhou repercussão após vídeos em que aprende a Língua Brasileira de Sinais para conseguir fofocar com o seu vizinho surdo e conversar com uma cliente da sua loja.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que em 2019, entre as pessoas de 5 a 40 anos de idade que tinham deficiência auditiva, apenas 22,4% conheciam Libras. Para as pessoas do mesmo grupo etário e que não conseguiam ouvir de forma alguma o percentual aumenta para 61,3%. A pesquisa não informa dados sobre pessoas ouvintes que sabem a língua.
“Acredito que, após a pandemia, houve certo interesse da população em compreender a língua para poder inseri-la na área profissional e pessoal. Porém, ainda sinto que, para algumas pessoas, é algo irrelevante, pois só consideram necessário se houver PCDs (pessoas com deficiência) em suas vidas. E, ainda assim, nem todas as famílias que possuem pessoas PCDs têm empatia para incluí-las”, pontua Nzambi Brito, pessoa ouvinte e intérprete de Libras.
Nzambi Brito é intérprete de Libras
©reprodução Instagram
A jovem já atuou como intérprete de Libras em shows de artistas como Tasha e Tracie e MC Luanna. “Muitas pessoas se identificaram com uma jovem negra e periférica que busca fazer com que Libras seja vista de uma forma diferente e mais inclusiva”, afirma.
Moradora de Parelheiros, extremo sul de São Paulo (SP), aprendeu Libras com os pais, que têm deficiência auditiva. E, pensando em colaborar com a inclusão nesse meio, Nzambi criou o projeto Libras Diferenciada, que oferece cursos para aprender essa língua a valores acessíveis.
Gyanny Xavier é fundadora do projeto Libras na Quebrada, que ensina a língua de forma gratuita nas periferias paulistas. A iniciativa tem cinco anos, e no início, as pessoas buscavam as formações por curiosidade. Atualmente os alunos apresentam interesse de se capacitarem para conversarem com pessoas com deficiência auditiva em seu entorno ou para se tornarem intérpretes e educadores de Libras.
Projeto Libras na Quebrada oferece oficinas nas periferias de SP
©divulgação
“O interesse [pelo aprendizado de Libras] também precisa vir da sociedade ouvinte, é importante ter essa conscientização”, diz e acrescenta que é necessário que surdos e ouvintes convivam juntos. Gyanny pontua ainda que apesar de existirem várias iniciativas de ensino da língua, ainda são necessários mais projetos voltados a moradores de favelas e periferias.
Serviço
Libras na Quebrada: as aulas acontecem de forma gratuita em periferias de São Paulo, para se informar sobre inscrições e novas turmas, basta acompanhar as redes sociais do projeto.
Libras Diferenciada: as aulas acontecem de forma remota, as inscrições para turmas do primeiro semestre de 2025 estão abertas até dia 28 de janeiro; mais informações nas redes sociais do projeto.
Escola Virtual.Gov: a plataforma online do governo federal oferece o curso de Introdução à Libras de forma gratuita, para se inscrever basta acessar o site.