25 de julho, mulheres negras, Dia da Mulher Negra

Dia da Mulher Negra: quatro mulheres para se inspirar

No mês da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha inspire-se na trajetória e luta de quatro mulheres negras e brasileiras.

Por Mariana Oliveira

27|07|2023

Alterado em 28|07|2023

O dia 25 de julho é marcado, desde 1992, como o Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. Na ocasião, em Santo Domingo, na República Dominicana, ativistas de mais de 70 países reuniram-se para ampliar a discussão de temas relativos à condição destas mulheres, além de denunciar o racismo e o sexismo.

Para marcar a data, selecionamos quatro mulheres negras brasileiras que impactaram nosso país com suas escolhas e posturas de vida. Veja abaixo!

Adelina, a charuteira

Nasceu em 7 de abril de 1859, em São Luís do Maranhão. Filha de uma mulher escravizada, conhecida como Boca da Noite, e de um senhor de escravizados.

O pai de Adelina prometeu a ela que concederia sua alforria quando completasse 17 anos, mas a promessa não foi cumprida. O senhor perdeu as riquezas e passou a fabricar charutos, vendidos por Adelina em botequins e nas ruas. No ofício, ela pode circular pela cidade.

Durante as vendas, conheceu alguns estudantes e se aproximou do movimento abolicionista. Colaborando na articulação da fuga de pessoas escravizadas e na troca de insumos para manutenção dos povoados quilombolas. 

Geni Guimarães

Poeta, escritora e ficcionista brasileira, Geni Mariano Guimarães nasceu na área rural do município de São Manoel, São Paulo, em 8 de setembro de 1947. É vencedora do Prêmio Jabuti de Literatura e Prêmio Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores.

Apaixonada por literatura, Geni publicou seus primeiros trabalhos nos  periódicos do município que circulavam na época, como o  “Debate Regional” e o “Jornal da Barra”. Em 1979, lançou seu primeiro livro de poemas, intitulado “Terceiro Filho”.

No início dos anos 1980, aproximou-se do grupo Quilombhoje e, no ano seguinge, publicou dois contos no quarto volume da coleção Cadernos Negros. 

Geni escrevia cada vez mais até que, em 1988, participou da IV Bienal Nestlé de Literatura e, no mesmo ano, a Fundação Nestlé publicou “Leite do peito”,  livro de contos que reflete sobre as dificuldades da população negra. Hoje, aos 75 anos, a professora é autora de 10 livros de poemas, contos e infantis.

Jovelina Pérola Negra

Jovelina Pérola Negra nasceu em Botafogo, no Rio de Janeiro, em 1944. A cantora foi criada em Miguel Couto, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Foi empregada doméstica até os 40 anos, mas sempre frequentou os sambas e pagodes nos subúrbios do Rio. Foi a partir desta  vivência que iniciou sua carreira na música.

Inspirada por Clementina de Jesus, Jovelina é considerada uma das grandes influências na luta pelo reconhecimento feminino no samba. Nos anos 80, integrou a Escola de Samba Império Serrano, em Madureira, e passou a desfilar na Ala das Baianas. 

Foi convidada para gravar a coletânea “Raça Brasileira”, primeiro disco de sua vida, em 1985 e gravou seu primeiro CD solo no ano seguinte. A cantora Alcione chegou a  homenageá-la no disco “Profissão Cantora”, em 1995, com uma mixagem dos sucessos de Jovelina.

A dama do samba faleceu em 1998, quando ela tinha apenas 54 anos. Sofreu um infarto enquanto dormia em sua casa, em Jacarepaguá. Em 2016, recebeu do Ministério da Cultura a Ordem do Mérito Cultural, em homenagem póstuma por suas contribuições à cultura brasileira.

Marli Soares

A empregada doméstica Marli Soares, apelidada de “Marli Coragem”, começou sua luta ao por justiça após testemunhar o assassinato de seu irmão, Paulo Pereira Soares, no dia 13 de outubro de 1979. Paulo foi executado a tiros por policiais. 

Com a intenção de identificar os assassinos, Marli batia ponto nas delegacias. A repercussão das suas atitudes na mídia contribuiu na visibilidade e urgência da conclusão do caso. Cinco policiais militares acusados de envolvimento no assassinato chegaram a ser presos, mas não permaneceram por muito tempo.

Em 1993, “Marli Coragem” revive a impunidade: seu filho Sandro, de 15 anos, foi assassinado.

“Marli, Coragem” teve sua história contada em dois livros “Marli Mulher: tenho pavor de barata, de polícia não” (1981), de Maria Alice Rocha e Maria Teresa Moraes. E “Heroínas Da História – Mulheres em busca de justiça por familiares mortos pela ditadura” (2020).