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Fã sai do Brasil pela primeira vez para ver Beyoncé em turnê na Alemanha

'BeyHive’ de carteirinha, Naomi Xavier, enfrenta desafios financeiros e contratempos, mas realiza o sonho de assistir ao show da cantora Beyoncé, em Hamburgo.

Por Mariana Oliveira

22|06|2023

Alterado em 23|06|2023

Diretamente de um avião rumo à Alemanha para assistir ao show da cantora Beyoncé na cidade de Hamburgo, Naomi Xavier nos relata sua história, digna de roteiro de filme: Ela acompanhou a diva em sua nova turnê solo após sete anos sem shows.

Tudo começou ainda na infância, quando a diva ainda fazia parte do grupo Destiny’s Child. A BeyHive, (como são conhecidos os fãs de Beyoncé) brasileira sentiu algo de diferente em relação ao conjunto musical, uma paixão que Naomi, sabia que não terminaria ali. “Encontrei na minha nuvem uma pasta com fotos dela com o nome “Minha ídolo” criada em 2005”.

Beyoncé iniciou sua carreira solo em 2003, emplacando um sucesso atrás do outro, Naomi sempre estava ansiosa para aprender as letras e assistir aos clipes. “Parece não haver um momento da minha vida em que ela não tenha feito parte. Além de tudo que ela representa sendo uma mulher preta de sucesso, acho que sempre houve pra mim uma conexão quase espiritual”, conta.

A primeira batalha

Apenas acompanhar os clipes ou ouvir as músicas não era mais suficiente. Naomi sabia, naquele momento, que um dia estaria presente em um um show da diva. “Por falta de dinheiro, eu havia perdido o show de 2010 no Brasil, mas estava decidida a mudar isso em 2013”.

Com o dinheiro que vinha poupando, a ajuda da família e amigos, Naomi conseguiu comprar o ingresso para a apresentação na cidade de São Paulo. “Consegui meu ingresso para o dia 15 de setembro de 2013”. Claro que meses antes do show já havia filas na porta do estádio do Morumbi, com todos na esperança de conseguir os melhores lugares. Entre a multidão nas filas, estava Naomi, que dividia uma barraca com outras pessoas. Ela anotou em uma revista os nomes de cada um, mas algo terrível aconteceu:

Deixei meu ingresso ali naquela madrugada de sábado e esqueci de pegar a revista de volta. A intenção era não deixá-lo em um lugar óbvio, como a carteira, mas assim que a revista sumiu, percebi como a ideia era péssima.

A poucas horas para o início do show e sem o ingresso, ela entrou em desespero. As pessoas da fila se mobilizaram na busca, até que alguém a contatou por telefone, dizendo que tinha encontrado o ingresso. No entanto, a alegria durou pouco, pois a pessoa desistiu de devolvê-lo. Com o telefone, conseguiram acessar a foto de perfil de um aplicativo de mensagens, uma pequena multidão reconheceu a pessoa. “Às 5h, no dia do show, ela me entregou o ingresso. A felicidade nem me permitiu sentir raiva da desonestidade daquela família”.

Apesar da satisfação em ver Beyoncé ao vivo e em cores, houve críticas. “Não havia água para beber. As pessoas se esmagaram para conseguir um lugar melhor. Eu estava disputando espaço com homens maiores e mais fortes que eu, e estava um calor absurdo”. Esse caos a convenceu de que o próximo show da Beyoncé que iria, seria fora do Brasil.

A BeyHive no exterior

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A ‘BeyHive’ de carteirinha realiza o sonho de assistir ao show da diva fora do Brasil.

©Arquivo pessoal

Com o anúncio da “Renaissance World Tour”, a dualidade de emoções tomou conta. Por um lado, o sonho de acompanhar o show internacional estava próximo. Por outro lado, faltava dinheiro para realizá-lo. Mais uma vez, sua família e amigas foram essenciais, com destaque à sua irmã Muriel. “Minha irmã é mais prática e mais organizada financeiramente que eu”. Muriel elaborou em planilha os gastos que a irmã teria durante estadia fora do país. A princípio, Naomi iria em 8 de junho para Barcelona, na Espanha. Mas os compromissos do trabalho não permitiram, então o destino final foi alterado para a Alemanha, com show em 21 de junho.

Parcelei muita coisa no cartão de crédito. Peguei dinheiro emprestado com  minha irmã, fiz vaquinha entre os amigos e, no final, deu certo. Comprei a passagem mais barata, são 18 horas de viagem com escala em Roma e Milão e chegarei em Hamburgo um dia antes do show. Escrevo tudo isso dentro do avião com destino a Roma.

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Naomi durante Renaissance World Tour em Hamburgo, na Alemanha.

©Arquivo pessoal

Essa correria toda, para muitos pode ser “coisa de fã”. No entanto, para Naomi, Beyoncé é uma “fonte de inspiração”, além de ser uma artista que contribui com a manutenção de sua saúde mental. “Sempre que canto e danço a tristeza vai embora. Esse é o poder dela em mim”.