Lançada em 4 de maio de 2023, pela Netflix, a série Rainha Charlotte é um spin-off de Bridgerton, outra série de romance de época baseada nos livros da norte-americana Julia Quinn. Fiquei fascinada pois, na série original, Bridgerton, a rainha Charlotte — o maior símbolo da alta-sociedade — é uma mulher negra. E como Shonda Rhimes, uma das produtoras, não dá ponto sem nó: veio aí a série que conta a história da rainha Charlotte e o romance com o Rei George III.

Apesar de bem curtinha, Rainha Charlotte conseguiu me prender do início ao fim e ainda deixar o gostinho de quero mais. A série tem o DNA Bridgerton, mas com uma trama muito mais focada nas relações do que nas fofocas. Com a sutileza que só a Shonda sabe dar o tom, a minissérie mostrou como a Charlotte se tornou rainha e todas as questões que vêm junto com esse acontecimento. Afinal, é um romance de época onde uma mulher negra é a rainha do império britânico. Isso, pra mim, é muito simbólico e muito satisfatório de assistir. Os conflitos raciais aparecem, é claro, mas eles não roubam a cena e sim fazem parte do enredo.

©Divulgação/Netflix

Como já vimos em Bridgerton, a caracterização não deixou a desejar. Preciso mencionar que India Amarteifio (Charlotte) e Arsema Thomas (Lady Danbury) estavam lindíssimas e mostraram que são rainhas na ficção e na vida real. A atuação dessas atrizes é surreal e digna de prêmios.

Rainha Charlotte é daquelas séries que a gente assiste, chora e sente um quentinho no coração. Eu, definitivamente, amei ver uma história com mulheres pretas sendo parte da realeza. É muito importante se sentir pertencida nesse lugar também, não só de realeza como também enquanto amada e digna de afeto. Isso mexeu comigo de inúmeras formas e sei que causa mudanças também na autoestima de meninas negras jovens.

E falando nisso, acho que uma das cenas mais importantes da série é um diálogo entre Lady Danbury e o filho, Dominic, em que ela lhe diz que ele pertence à realeza, da linhagem real de Serra Leoa. Pode parecer uma cena simples, mas é uma fala muito simbólica e importante.

Afinal, a história do povo preto não começou com a escravização. A realeza faz parte da nossa história.

Ashley Malia