Pelo que as mulheres protestaram neste 8 de março?

Conversamos com algumas manifestantes que compareceram à Avenida Paulista, em São Paulo (SP), sobre suas reivindicações. Confira!

Por Redação

09|03|2023

Alterado em 10|03|2023

*Amanda Stabile e Mariana Oliveira

Apesar da chuva, neste 8 de março, centenas de mulheres se reuniram na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), para se manifestarem no Dia Internacional das Mulheres. Cada uma delas estava lá por uma causa diferente, neste dia de luta. Conversamos com algumas delas sobre suas motivações. Confira:

Sandra Morales

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Sandra é imigrante peruana

©Amanda Stabile

“Eu sou uma mulher imigrante peruana e agora faz dois meses que o meu país está em uma ditadura. As pessoas estão protestando nas ruas querendo tirar a presidenta que é sumamente corrupta, está alinhada com a direita, mas fala que é da esquerda. A polícia e os militares estão reprimindo a população e atirando diretamente no corpo das mulheres e das crianças que saem nas ruas. Já temos mais de 60 mortos em dois meses e não se encontra uma solução. A repressão está lá, mesmo com a ONU [Organização das Nações Unidas] e as comissões dos Direitos Humanos intervindo”.

Ana Abraão

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O cartaz, com os dizeres “Ni una menos”, significa “Nem uma a menos”, em tradução livre

©Amanda Stabile

“Eu estava muito em dúvida do que eu ia escrever nesse cartaz, mas eu acho que essa é a frase que mais define assim essa aliança, esse coletivo. Eu venho para a manifestação há uns quatro ou cinco anos no 8 de março e olhando as mulheres ao meu redor eu penso ‘nenhuma mulher a menos’. É uma proteção que eu não sinto em nenhum outro dia do ano, apesar de não ser uma data de comemoração. Nesse primeiro Dia das Mulheres fora do governo Bolsonaro eu estou muito aliviada, mas eu acho que a gente não pode se dar por vencido. A luta não acabou. Agora que o Lula é presidente, mais espaços vão se abrir para nós nos manifestarmos, mais gente vai vir e ser impactada. Então eu acho que é só o começo de uma luta muito maior”.

Natália Alexandre Almeida

Foto mostra mulher com o cartaz "obstetrícia em luto e em luta em memória de Nayara Baraldo"

“Eu sou estudante do curso de Obstetrícia da EACH-USP (Escola de Artes, Ciências e Humanidades, da Universidade de São Paulo), o único curso no Brasil. E a obstetrícia não é enfermagem obstétrica, não é medicina, é um curso que veio para repensar os modos de nascer no Brasil. Nayara Baraldi era obstetrícia, nossa professora e faleceu recentemente. Então a gente está aqui para fazer essa homenagem para ela”.

Gladys Marques de Farias Alfredo

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Mulheres da União dos Moradores do Jardim Quiles e Adjacências

©Mariana Oliveira

“Nós somos de Cariri, Peruíbe (SP), de uma associação chamada União dos Moradores do Jardim Quiles e Adjacências. Nossa pauta principal são todas as políticas públicas necessárias para a sobrevivência das mulheres. Mas neste momento é fundamental para nós a garantia de uma saúde pública e de qualidade, porque em Cariri a nossa saúde é terceirizada e está muito deficiente. Nós queremos acreditar que com a eleição do governo Lula essas políticas públicas serão melhoradas, mas nós sabemos que para que isso ocorra, nós da classe trabalhadora precisamos estar unidos, principalmente as mulheres, já que somos maioria no país”.

Silvana Zuculin

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Mulheres do coletivo se manifestaram contra o machismo

©Amanda Stabile

Eu sou do Coletivo Luta Educadora e sou professora da rede Municipal de São Paulo. A gente está aqui hoje lutando por direitos democráticos. Lutamos por um país que respeite a vida e os direitos de todas as mulheres. Lutamos hoje contra o racismo e a direita, porque tiramos Bolsonaro do poder, mas ele continua vivo na sociedade. A gente tem cinco pautas muito importantes: o combate à fome, porque são mais de 30 milhões de brasileiros passando fome hoje e não vamos sossegar enquanto tiver um aluno chegando na escola pública chorando de fome porque não tem o que comer em casa; a luta pelos direitos reprodutivos e sexuais das mulheres, para que tenhamos esse direito garantido pelos equipamentos; contra a violência, porque precisamos criar programas contra todo tipo assédio e violência sexual; a precarização do trabalho, porque a gente tem visto cada vez mais as mulheres sofrendo; e a luta por moradia, porque não é possível que em um país como nosso existam mulheres sendo despejadas todos os dias e empresas imobiliárias ganhando milhões. Não vamos dar sossego enquanto toda mulher não tiver uma casa para morar. E a gente luta principalmente pela revogação de todas as reformas, porque as mulheres foram as mais prejudicadas”.

Suzimara

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À esquerda, dona Maria de Lourdes e, à direita, Suzimara

“Hoje, como eu sou uma das coordenadoras das Promotoras Legais Populares, eu estou protestando contra o feminicídio. Todo ano eu venho e cada vez com uma pauta. E essa é a primeira vez que eu trago a minha mãe, a dona Maria de Lourdes”.