Falaremos de eleições contando histórias de vida, aliadas à informação de qualidade, assim como são nossas conversas de portão ou de quintal.
Atualizado em 30|09|2022
Queremos começar uma conversa de amiga. Como você sabe, 2022 é um ano importante, pois teremos Eleições para decidir quem será a nova ou o novo presidente do Brasil. Também é tempo de escolher nossos(as) governadores pelos estados e deputados(as), tanto estaduais quanto federais.
Por que isso importa para mim, enquanto mulher negra e periférica? Por que isso importa para este veículo, que é composto por mulheres negras e periféricas e também fala diretamente com suas iguais?
Este é um ano importante para o Nós porque queremos, no futuro, contar outras histórias sobre mulheres. Histórias de menos dor, de menos fome ou menos medo. Somos a maioria neste país (27% da população é formada por mulheres negras) e as várias vozes que nos formam devem ser ouvidas antes, durante e depois das Eleições.
Somos uma mídia especializada e comprometida com o direito das mulheres e nosso lado é o da democracia, do combate ao machismo, ao racismo.
Não há dúvidas de que mais quatro anos sem um combate severo às desigualdades será ainda mais letal, violento e degradante para as periferias, majoritariamente negra, pobre e com lares liderados por mulheres.
Desde as últimas Eleições, vivemos ainda maiores ameaças às nossas histórias, memórias e corpos. Portanto, nosso conteúdo traz aquelas que são mais atingidas por todas essas ameaças: mulheres que estão vendo os índices de fome e desemprego nas suas próprias casas; mulheres que vivenciam as violências urbanas ou do Estado em seus próprios corpos; mulheres negras, indígenas, LGBTs, com deficiência, idosas, mães. Mulheres que cuidam, mas que também devem ser cuidadas e ter seus direitos garantidos.
Conhecemos as necessidades do nosso povo, pois somos o povo. Sabemos o que falta nas casas e mesas periféricas porque vivemos e crescemos nas periferias. Ainda, como jornalistas, precisamos nos colocar contra o avanço do cerceamento e o acirramento da violência contra profissionais comprometidos em cumprir seu papel. A liberdade de expressão está em ameaça e o Nós, mulheres da periferia jamais compactuou ou virá a compactuar com líderes que incitam a violência contra nossa área de atuação.
Dizemos isso porque entendemos que política vai muito além do processo eleitoral. Política não acontece só na voz dos políticos ou dos partidos, ela existe antes no cotidiano, quando percebemos aquilo que separa quem tem direitos de quem não tem, quando vivemos e sobrevivemos em nossos territórios.
Política é o cotidiano empreendido pelas mulheres negras e periféricas dentro de seus quintais, na luta por saúde, educação ou cultura em seus bairros ou na tarefa diária de sobreviver.
No nosso especial “Eleições”, em nosso site e redes sociais, contaremos histórias de mulheres negras e periféricas, contribuindo com a perpetuação de suas trajetórias como parte importante da memória de nossa sociedade. Na editoria Histórias, você encontrará um novo jeito de falar sobre política, tendo a trajetória de mulheres como condutora. Em Contexto e Análise, traremos com profundidade o cenário político e as principais preocupações das mulheres. Falaremos de Eleições contando histórias de vida, aliadas à informação de qualidade, assim como são nossas conversas de portão ou de quintal.
Sabemos que a caminhada até aqui não foi fácil e que há dias que o corpo cansa, a mente fica inquieta. Estar na política, seja nos palanques ou nas periferias onde pisamos, não é tarefa simples. As violências são várias, exigindo que nossos punhos estejam permanentemente erguidos e cerrados. Estamos sim cansadas, mas seguimos com a esperança de tempos melhores.
Para isso, é importante construir novas narrativas, mais representativas e plurais, para que possamos contar essas histórias juntas.
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