5 anos sem Marielle Franco: relembre os últimos andamentos do caso
Em 2019, Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz foram presos por envolvimento no assassinato, mas o mandante do crime continua desconhecido
Por Amanda Stabile
14|03|2023
Alterado em 02|08|2023
Desde 14 de março de 2018, ecoa pelo Brasil e pelo mundo o grito de justiça por Marielle Franco, socióloga e política brasileira brutalmente assassinada nesta data junto ao motorista Anderson Gomes, no Rio de Janeiro. O carro em que estavam foi alvejado por tiros de submetralhadora e apenas a assessora de Marielle, Fernanda Chaves, sobreviveu.
Em março de 2019, o sargento reformado Ronnie Lessa foi preso por envolvimento nos assassinatos. No caso da vereadora, ele foi condenado por homicídio qualificado por motivo torpe, com uso de emboscada ou recurso que dificulte a defesa da vítima. Além dessas acusações, no caso de Anderson, Lessa também responde pelo acréscimo de que o objetivo da morte do motorista seria assegurar a “execução ou a ocultação de outro crime”.
No mesmo dia, o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz também foi preso acusado de participação no crime. Em outubro de 2020, ele foi condenado a cinco anos de prisão por porte ilegal de arma de uso restrito e posse irregular de arma de uso permitido. Em outro processo, ele é acusado de dirigir o carro usado no crime.
Em junho de 2020, o ex-bombeiro e sargento Maxwell Simões Correa foi preso suspeito de atrapalhar as investigações sobre o caso. De acordo com as investigações ele teria cedido o veículo utilizado para guardar o arsenal de Ronnie. Em julho de 2023, delatado por Queiroz, o ex-bombeiro, que cumpria pena em regime aberto, foi preso acusado de participar de campanhas durante o planejamento para a morte de Marielle. As declarações do ex-policial militar também detalham sua participação e a de Ronnie no crime.
Mesmo com as prisões, cinco anos depois do crime, ainda não há respostas sobre quem mandou matar Marielle e por quê. Para que você fique atualizada sobre os andamentos, fizemos uma linha do tempo com as últimas atualizações do caso desde 2022. Confira:
Andamentos em 2022
Marielle Franco aparece rodeada de jornalistas e policiais militares
©Divulgação
Fevereiro
- O delegado responsável pelo caso, Henrique Damasceno, foi substituído por Alexandre Herdy. Essa foi a quinta troca de chefia da investigação o que, segundo especialistas, pode atrasar a elucidação do caso.
Março
- Aconteceu a primeira reunião de parentes da vereadora com o então governador do estado, Cláudio Castro (PL), e o secretário da Polícia Civil, Allan Turnowski. O encontro foi palco de desentendimentos após a família questionar os motivos de ainda não se conhecer o mandante e a motivação do crime.
- Rogerio Schietti Cruz, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou recurso da defesa de Ronnie Lessa que pedia sua absolvição sumária e a suspensão do julgamento por júri popular. Em junho, os advogados também solicitaram a suspensão do júri ao Supremo Tribunal Federal (STF). O pedido foi negado pela ministra Rosa Weber e a decisão foi mantida pelo Tribunal.
- Ilma Lustoza e seu filho, João Marcelo de Lima Lopes, foram presos suspeitos de integrar quadrilha que vendia armas à Ronnie Lessa.
Abril
- A Delegacia de Homicídios da Capital e a Corregedoria da Polícia Militar do Rio de Janeiro iniciaram uma operação para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados a seis policiais militares próximos à Ronnie.
Setembro
- A justiça negou o pedido de liberdade e manteve as prisões preventivas de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz. A defesa recorreu, mas a justiça negou o recurso.
Novembro
- A justiça mandou soltar Elaine Pereira Figueiredo, esposa de Ronnie Lessa, acusada de supostamente ter ajudado o marido a ocultar a arma utilizada no crime e por lavagem de dinheiro.
Andamentos em 2023
Anielle e o presidente Lula durante cerimônia de posse do Ministério da Igualdade Racial
©Marcelo Camargo/Agência Brasil
Janeiro
- O novo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que vai estudar a possibilidade de a Polícia Federal e a Justiça Federal conduzirem o caso Marielle Franco, que está a cargo da Polícia Civil do Rio e da Justiça estadual.
Fevereiro
- Dino determinou que novas investigações do crime serão tocadas pela Polícia Federal, que será auxiliada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. A titularidade da investigação, porém, continua sendo da Polícia Civil do Rio e da Justiça estadual.
Março
- Em 9 de março, o presidente Lula (PT) assinou encaminhou o Projeto de Lei que cria o Dia Nacional Marielle Franco. O texto, encaminhado ao Congresso Nacional, propõe a comemoração no dia 14 de março, data em que a vereadora foi assassinada em 2018.
- No dia 14, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) decidiu pela confirmação da condenação de Suel, como é conhecido. Por unanimidade, a 1ª Câmara Criminal decidiu pela pena de seis anos e nove meses.
Julho
- Em julho, Élcio Queiroz fechou um acordo de delação premiada e assumiu sua participação na morte da vereadora. O ex-policial militar também deu detalhes das participações de Ronnie e Maxwell no crime. Segundo ele, a primeira tentativa de assassinato de Marielle aconteceu em 2017.
- Após a delação, o ex-bombeiro, que cumpria pena em regime aberto, foi preso acusado de participar de campanhas durante o planejamento para a morte da vereadora.
- No mesmo dia, Flávio Dino, Ministro da Justiça, afirmou à imprensa que novas provas apontam para o envolvimento de milicianos no assassinato.