Mapa da Desigualdade traz novos dados de feminicídio e racismo

Edição apresenta indicadores inéditos que abrangem violência contra mulheres, negros e LGBTQI+. Outros comparativos informam sobre educação, saúde, cultural, habitação e idade média de vida nos distritos da cidade de SP.

Por Sâmia Teixeira

10|11|2020

Alterado em 10|11|2020

A Rede Nossa São Paulo apresentou recentemente o Mapa da Desigualdade 2019 com novos e importantes indicadores. O “desigualtômetro” traz nesta edição informações sobre o número de casos de feminicídio, além de violências homofóbica e transfóbica, racismo e injúria racial.

A organização mantém outros dados sociais já tradicionais da pesquisa, que explicam o motivo de o Brasil ser o segundo país mais desigual do mundo. O perfil que mais sofreu com a crise econômica e social abrange a população negra, com variação de -8% na renda, em maior parte entre os jovens de 15 a 19 anos, com variação de -27% e sem instrução, -15%.

Violência e feminicídio

Sobre os novos dados que abrangem violência contra as mulheres, nota-se que enquanto bairros de classe média e média alta ocupam os lugares com menos casos, bairros como Socorro, Itaquera, São Miguel, Brás, Santo Amaro, República são os que têm mais casos.

Entretanto, a região da Sé, no centro da cidade, lidera a lista de registros, com o valor de 803,9, quase 8 vezes mais casos de violências do que bairros como Perdizes, Alto de Pinheiros e Saúde, por exemplo.

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Novo indicador traz dados sobre feminicídio

©Guilherme Santos/Sul21

Em casos de feminicídios, os distritos com mais registros são Vila Formosa, Perus, Artur Alvim, Jaçanã, República, Casa Verde, Campo Belo, Vila Guilherme, Barra Funda e Sé.

O valor do desigualtômetro revela que a Sé tem 56,3 vezes mais casos do que outros distritos. O distrito do Alto de Pinheiros fica em primeiro lugar com menos casos, junto de outros como Bela Vista, Moema, Pinheiros, Vila Andrade e Moóca.

Racismo e injúria racial

Os registros mais altos de racismo e injúria racial estão localizados em maior parte na região central de São Paulo, em distritos como Brás, Pari, Bom Retiro e República. Mais uma vez, o distrito da Sé lidera o número de casos, com valor de 13 nas ocorrências.

O nível de desigualdade para este indicador chega a 107 vezes de diferença entre a região com mais e menos casos.

LGBTQI+

O desigualtômetro aponta que há distritos em São Paulo com taxa de ocorrência de violência contra LGBTQIs 18 vezes maior do que em outras regiões. Entre os locais com mais casos de violência estão Campo Limpo, Consolação, Itaquera, Capão Redondo, Sacomã. O distrito com mais ocorrência é o da República, com 18, seguido por Penha, com 11 e Cidade Ademar, com 10.

Vale lembrar que esse tipo de violência, segundo alerta da Rede Nossa São Paulo, costuma ser subnotificado, ou seja, os números reais são provavelmente maiores dos que os publicados.

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Dados de 10 diferentes áreas e 53 indicadores mostram a realidade dos distritos da capital paulista por meio do “desigualtômetro”

©Juliano Antunes/Sul21

Outros indicadores da desigualdade

Quando o assunto é moradia, mais uma vez a pesquisa aponta o grau de desigualdade na cidade de São Paulo. Os locais onde há mais favelas são os periféricos. Neste indicador, o desigualtômetro chega a 607 vezes.

Enquanto distritos como Moema, Alto de Pinheiros, Perdizes e Bela Vista zeram neste quesito, as regiões com mais favelas são Rio Pequeno, Pedreira, Jd. São Luís, Jd. Ângela, Campo Limpo, Capão Redondo, Vila Sônia, Sacomã, Brasilândia e Vila Andrade.

Esse números mostram o número de pessoas em situação de moradia vulnerável, em assentamentos e regiões informais. Outros indicadores também revelam a grave desigualdade no atendimento médico, acessos a hospitais, números de leitos, além de dados sobre gravidez na adolescência e mortalidade materna.

Sobre a proporção de leitos disponíveis para cada mil habitantes, o desigualtômetro dispara e chega a 5.520 vezes na cidade de São Paulo, entre distritos como Bela Vista, com 38,64, e Vila Sônia com zero.

A média de idade com que as pessoas morreram chega a representar mais de 20 anos de diferença entre os distritos de Moema, com valor de 80,57, e o da Cidades Tiradentes, que é de 57,31.

Sobre o Mapa da Desigualdade

Publicado desde 2012, o Mapa da Desigualdade, organizado pela Rede Nossa São Paulo, consiste no levantamento de indicadores sociais nos 96 distritos da capital.

O objetivo é o de comparar dados e verificar os locais mais desprovidos de serviços e equipamentos públicos.

Em muitos casos, a enorme distância entre o melhor e o pior indicador, que determina o valor do chamado “desigualtômetro”, enfatiza a profundidade dos problemas de desigualdade.

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Rede Nossa São Paulo apresentou nova versão do Mapa da Desigualdade da Cidade

©Marcos Novaes/WikiCommons