Coronavírus: o empreendedorismo nas periferias precisa de apoio
Em uma situação como a que estamos vivendo agora, com a pandemia do Covid-19, refletimos qual é a real situação de empreendedores e empreendedoras das periferias
Por Redação
27|04|2020
Alterado em 27|04|2020
Este texto foi publicado originalmente em nossa coluna mensal na revista digital Aupa.
Nós, mulheres da periferia, sempre tivemos muito senso crítico ao olhar para o empreendedorismo que acontece nas periferias, evitando certo romantismo que, não raro, domina as narrativas midiáticas. Tudo isso porque, muitas vezes, esse fenômeno revela que, à população periférica, não são dadas opções que não sejam o trabalho informal, o ‘jeitinho brasileiro’, o se virar na medida do possível com as poucas opções que se têm. E também que as oportunidades continuam não sendo iguais para aqueles que se lançam no mundo dos negócios, para afirmarmos que no mercado a competição é justa.
Em uma situação como a que estamos vivendo agora, com a pandemia do Covid-19, refletimos qual é a real situação de empreendedores e empreendedoras das periferias, e quais serão as suas principais dificuldades. Em um contexto onde mais de 38 milhões de pessoas vivem de trabalho informal no Brasil, consideramos que a maioria não se trata de um empreendedorismo por escolha, mas, sim, por necessidade de sobrevivência.
Feira de Empreendedoras em Itaquera
©Danilo Vilela
Em situações ideais, os negócios deveriam ter planejamento e estratégia, criando reservas para poder passar por momentos de crise e de recessão. A quarentena necessária do Coronavírus, provavelmente, pegou desprevenida grande parte dos pequenos empresários, comerciantes, autônomos, dentre outros prestadores de serviço. E, quando o pouco se tem é totalmente investido para a manutenção dos negócios no momento presente, como lidar com condições que interrompem compulsoriamente o andamento do trabalho?
Iniciativas de suporte financeiro por parte do governo, além de possíveis linhas especiais – e justas – de crédito, são alternativas fundamentais para resguardar a população periférica como um todo, na qual se incluem uma gama de trabalhadores que vivem de seus próprios empreendimentos.
O projeto de renda mínima aos mais desassistidos, política pública que deveria ser permanente, independentemente das condições advindas da pandemia, é o começo para uma estrutura de bem-estar social que o Estado deve garantir aos seus cidadãos e que pode dar sobrevida a muitos negócios periféricos que estão paralisados nesse momento. Em um chão comum a todos, poderemos, enfim, semear com esperança: para colhermos novos frutos, após essa fase difícil passar.