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BA: ‘Contamos com solidariedade das pessoas’, diz moradora após chuvas
Moradora de Itamaraju relata cenário de calamidade após chuvas na Bahia: "Contamos com a solidariedade das pessoas. Tem gente que tem só um colchão para dormir e precisam de um fogão, uma cama, um lençol, toalha de banho”.
Por Redação
13|12|2021
Alterado em 14|12|2021
Por Jéssica Moreira e Regiany Silva
As imagens que chegam do extremo sul da Bahia não são fáceis de ver. Águas enlameadas e torrenciais invadindo os estabelecimentos, as ruas e as casas das pessoas que, desde a última terça-feira (7), estão vivendo em estado de calamidade e precisando urgentemente de ajuda.
Moradora de Itamaraju (BA), a podóloga Elaine Soares, 34, descreve este cenário com muita tristeza:
“Muitas pessoas ficaram desabrigadas. Muitas famílias perderam tudo, algumas ficando somente com a roupa do corpo”.
No dia 8, quarta-feira, um barranco deslizou, atingindo seis imóveis. A TV Santa Cruz, afiliada da TV Bahia, apurou que ao menos 500 pessoas ficaram desabrigadas e 1,2 mil desalojadas em decorrência do evento climático.
Segundo informações do Portal G1, até agora, ao menos 150 casas do município foram atingidas pela chuva. As informações foram repassadas pelo prefeito Marcelo Angenica, que estima um prejuízo de R$40 a R$50 milhões, aproximadamente
“O prejuízo foi grande e a gente precisa recuperar nossa cidade. Perdemos três vidas humanas, que a gente lamenta muito, foram duas crianças e um adulto”, disse o prefeito ao G1.
As crianças, de quatro e nove anos, morreram junto ao tio, um homem de 26 anos. Na hora do desabamento, estavam todos em casa e foram atingidos tanto pela lama quanto pelos escombros.
‘Nunca vi isso em Itamaraju’
Com as tempestades, não houve tempo das pessoas retirarem seus móveis ou roupas de dentro das residências. “A água tomou conta muito rápido. Tiveram pessoas aqui que perderam tudo. Tudo mesmo. A cena que estamos vivendo aqui é devastadora”, conta Elaine.
A moradora relata que, na casa de um dos seus familiares, a água entrou pela porta dos fundos e saiu pela sala. “A situação é muito triste mesmo”. Segundo a podóloga, apenas nesta segunda-feira (13) a chuva deu uma trégua, deixando um grande estrago em toda a cidade.
Em um vídeo de pouco mais de um minuto, um morador, que não se identifica, mostra uma avenida paralisada pela água enlamaçada e um açougue tomado pela enxurrada, semelhante a uma cachoeira.
“Aqui é o Açougue do Geraldo. Olha como é que está aqui”, mostra. O estabelecimento aparece com muito mais de um metro de altura d’água e a “força terrível” da água, como ele mesmo diz. “Você imagina a situação das pessoas?”, indaga o morador. “Nunca vi isso em Itamaraju. Nunca vi uma situação dessa”, narra.
Moradores registraram imagens após a enchente, famílias tentam refazer suas casas.
©Moradores de Itamaraju
Rio subiu acima do nível normal
Itamaraju é atravessada pelo rio Jucuruçu, que chegou a atingir 6,60 metros acima do que é considerado normal, segundo Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Choveu ao menos 527 mm nos primeiros dez dias de dezembro de 2021. No mesmo período, em 2020, foram 13mm, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em reportagem do Extra.
Segundo Eliana, as chuvas são comuns durante o inverno. “Chove muito, normalmente em junho e julho. Chove e transborda o rio que corta a cidade”. Ela relata ainda que há um brejo ao lado do rio, por onde a água é escoada, afetando principalmente as pessoas que vivem às margens.
“Algumas pessoas são atingidas, mas como elas já sabem disso, quando começa o nível do rio subir, elas já vão saindo de suas casas. Mas, geralmente, [isso acontece] com poucas pessoas. Mas, essa chuva que aconteceu essa semana ela nunca aconteceu antes”, diz a moradora, que tem uma avó de 90 anos que sempre viveu no local e nunca viu nada semelhante.
Muitas famílias foram abrigadas em escolas e igrejas, espaços que serviram de acolhida e também para recebimento das doações. Entre domingo e esta segunda-feira, alguns moradores começaram a voltar para as suas casas.
Motivos climáticos
Segundo informações colhidas pelo G1, as fortes chuvas foram causadas pela Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). O ZCAS, considerada “uma faixa de nuvens que se estende desde o sul da região amazônica até a região central do Atlântico Sul”.
Em todo o estado da Bahia houveram temporais. A Defesa Civil estadual apontou, até agora, o total de sete mortes em decorrência das chuvas, um total de 70 mil pessoas atingidas e 3,7 desabrigadas em toda a Bahia.
Ajude Itamaraju, ajude a Bahia
As doações para as famílias atingidas são mais que bem-vindas, elas são urgentes. Já chegaram muitos donativos, entre colchões e roupas de cidades vizinhas, mas para o número de atingidos a população ainda precisa de mais doações
“Contamos com a solidariedade das pessoas, é um momento de muita tristeza. Precisamos de muitas coisas. Tem muita gente que está só com um colchão para dormir e precisam de um fogão, uma cama, um lençol, toalha de banho”, diz Elaine. Durante o relato, a moradora faz um apelo: “ajude-nos a ajudar essas pessoas nesse momento”.
Em Itamaraju, as doações estão sendo endereçadas principalmente para o Centro de Referências (CRAS) da cidade ou até mesmo em escolas, onde as famílias podem se cadastrar.
“Com esse cadastro as pessoas vão vendo o número de pessoas em casa, o que cada um perdeu. A gente tenta providenciar um bujão e uma botija para aquela família”, conta Elaine.
Nas redes, Whindersson Nunes, Felipe Neto, a ex-BBB Juliette e a cantora Anitta se manifestaram em suas redes sociais e mobilizaram seus seguidores para enviar doações para a região.
Você pode contribuir com a população de Várzea Alegre, bairro da Elaine, fazendo sua doação para a vaquinha Itamaraju Solidária.
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