4 filmes de diretoras africanas para assistir

4 filmes de diretoras africanas para assistir

A jornalista Lívia Lima dá dicas de filmes produzidos e dirigidos por nossas irmãs africanas cujos trabalhos nos ensinam e inspiram. Confira!

Por Lívia Lima

08|07|2022

Alterado em 08|07|2022

Este é um mês especial por aqui porque celebramos o “Julho das Pretas”, em alusão ao Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, no dia 25.

Até lá, por aqui, destacamos o trabalho e a arte de mulheres negras, além da programação especial que vai rolar.

Esta semana, reconhecendo de onde viemos, indicamos dicas de filmes produzidos e dirigidos por nossas irmãs africanas cujos trabalhos nos ensinam e inspiram!

Confira!

Sambizanga

Sarah Maldoror (1929-2020) foi pioneira e é considerada uma das primeiras cineastas mulheres da África. Ela nasceu na França, filha de imigrante caribenho, e dedicou sua vida e obra aos movimentos de negritude e independência dos países africanos. A diretora faleceu em abril de 2020, vítima da Covid-19, aos 91 anos.

Seu longa “Sambizanga” (1972) é baseado na obra “A vida verdadeira de Domingos Xavier”, do escritor José Luandino Vieira, e conta a história de um ativista revolucionário do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) que luta pela independência do país e é preso e torturado pela polícia secreta portuguesa. Angola veio a se tornar independente apenas em 1975.

O filme é contado a partir do ponto de vista de Maria, a esposa de Xavier, que parte em sua procura nas prisões. É possível assisti-lo na íntegra pelo Youtube.

Atlantique

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Prometida a um homem rico, Ada fica devastada quando Souleimane, o homem que realmente ama, desaparece no mar.

©Atlantique

O filme é dirigido por Mati Diop, atriz e diretora franco-senegalesa que foi a primeira realizadora africana a ter um filme em competição no Festival de Cannes. Diop é sobrinha de Djibril Diop Mambéty, uma das referências do cinema em Senegal, autor do clássico “Touki Bouki” (1973).

Em um contexto afrofuturista, “Atlantique” (2019) conta a história de Ada, uma menina de 17 anos apaixonada por Souleimane, um jovem pedreiro que está trabalhando na construção de um prédio futurista à beira mar no subúrbio de Dakar, no Senegal. O único problema é que ela foi prometida para outro homem. Quando, certa noite, os trabalhadores desaparecem no mar, seus espíritos retornam possuindo o corpo de suas namoradas para buscar justiça.

Dá pra assistir na Netflix!

Lion Heart

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Seu pai adoeceu. Agora, Adaeze tem de dividir a direção dos negócios da família com seu tio e provar seu valor em um mundo dominado por homens.

©Lion Heart

Também na Netflix, “Lion Heart” (2018) é classificado a partir do gênero dos filmes de Nollywood, a indústria cinematográfica da Nigéria. Protagonizado e dirigido por Genevieve Nnaji, o longa é uma comédia que narra a história de Adaeze, uma executiva que trabalha na empresa do pai, a Lionheart Transport. Ela prova constantemente sua habilidade de trazer lucros e lidar com situações difíceis, mas quando seu pai adoece quem é dado a posição de chefe é seu tio não tão competente. Ela, então, precisa se juntar a ele para salvar a empresa da falência.

Contos da Cidade Acidental

Até 20 de julho acontece em São Paulo a Mostra de Cinemas Africanos, uma realização do Sesc São Paulo que reúne cerca de 50 filmes, entre curtas e longas, de 20 países africanos, com destaque para a produção feminina, filmes inéditos no Brasil e atividades paralelas como debates, masterclasses e painéis com a presença de convidados do continente.

Além da programação presencial, a mostra, que tem curadoria de Ana Camila Esteves e Beatriz Leal Riesco, traz ainda curtas online disponíveis na plataforma Sesc Digital.

Para quem quiser curtir uma sala de cinema, uma das indicações é o filme Contos da Cidade Acidental (2021) da queniana Maïmouna Jallow, que será exibido no dia 11 de julho no Cinesesc, no centro da cidade.

Em uma história bem-humorada e mordaz, uma equipe de moradores de Nairóbi se reúne via Zoom para uma aula de controle de raiva exigida pelo tribunal e com a ajuda de um terapeuta peculiar. À medida que trocam histórias, questões mais profundas de classe, desigualdade e injustiças sociais sofridas por muitos habitantes urbanos africanos vêm à tona.

Entre outros destaques produzidos por mulheres, os documentários “Caminhar sobre a Água”,  da franco-senegalesa Aïssa Maïga, sobre os efeitos das mudanças climáticas e da globalização em uma aldeia do Níger, e “Nós”, de Alice Diop, que foca em seis mulheres que transitam em uma ferrovia que cruza Paris, incluindo a própria cineasta.