Todas as vezes que ouvi falar sobre “tempo de qualidade” foi em relação à como nos relacionamos com outras pessoas. Em uma rápida pesquisa temos uma definição explicando que o tempo de qualidade é um período em que dedicamos exclusivamente a nossa atenção a alguém. Com isso, surgiu uma pergunta na minha mente: como eu dedico um tempo de qualidade a mim mesma, em meio a tantas obrigações do dia a dia e o tempo cada vez mais corrido? A resposta é: eu não dedico. E sei que várias mulheres com duplas e triplas jornadas de trabalho também não conseguem um tempo de qualidade consigo mesmas.

Essa reflexão veio justamente no meu dia de folga, pois durante a semana a vida se torna tão corrida que mal temos tempo para respirar. Aí o momento de relaxar, se divertir, se entreter ou o ato de não fazer nada vai ficando pra depois. Não sei vocês, mas tudo o que não é trabalho eu tenho o costume de empurrar para os dias de folga. E a consequência disso é estar cada vez mais ansiosa quando tenho tempo livre, pois não sei qual das coisas faço primeiro e ainda ganho o sentimento de “culpa” por não estar sendo produtiva. Sim! Nos dias que eu deveria descansar. Mais alguém se identifica com isso? Tenho certeza que muitas mulheres.

Com isso, podemos chegar ao pensamento de que não existe tempo de qualidade quando se tem culpa ou ansiedade, não é mesmo? E como tudo na vida é questão de equilíbrio, venho tentando tirar um tempo de qualidade para mim todos os dias. Nem que seja durante uma horinha, porque assim eu evito deixar tudo pra depois e esse depois nunca chegar.

Na realidade que vivemos hoje, nós aprendemos a nos dedicar exclusivamente aos outros. Seja nos dedicando ao trabalho, à família, aos relacionamentos amorosos, amizades, e a nossa vez não chega nunca.

Por que não tirar um momento para me arrumar e tomar uma taça de vinho na sala, usufruindo do prazer de minha própria companhia?

Ou passar uns minutinhos cuidando da pele, do cabelo, sem nem olhar o celular? E até usar o dia de folga para não fazer absolutamente nada a não ser passar horas jogando videogame? Essas são apenas algumas das inúmeras formas de nos presentear com um tempo de qualidade.

Esse tempo que passamos em nossa própria companhia faz com que a gente se conecte com os nossos próprios pensamentos e sentimentos, nos levando, sem dúvidas, ao autoconhecimento. Eu sei que é extremamente difícil colocar isso em prática quando falamos da realidade de grande parte das mulheres na nossa sociedade. São demandas infinitas com trabalho, filhos, casa e outras inúmeras tarefas “invisíveis”. É por isso que eu digo sempre que o autocuidado feminino é um ato revolucionário! Afinal, é MUITO difícil de colocar em prática na configuração atual do nosso mundo. Mas eu sigo aqui tentando, mesmo que sejam apenas algumas horas ou minutos do dia. Isso, pra mim, é autoamor.