Tantra: muito além do orgasmo transcendental

Será que tantra é só sexo?

03|09|2024

- Alterado em 03|09|2024

Por Maria Chantal

Baseado no estudo de tendência da empresa de cores Pantone, que anualmente apresenta a cor do ano, 2024 é o período em que estamos buscando o “desejo inato por proximidade e conexão.” A seleção pela cor do ano é baseada em um estudo global das indústrias de entretenimento, moda, mundo da música, redes sociais, tecnologia, esporte, assim como condições socioeconômicas. A cor escolhida foi “Peach fuzz”, um tom de rosa alaranjado, quase como um pêssego rosado aveludado.

Ao se aprofundar na compreensão sobre a cor de 2024, resultado de uma pesquisa sobre comportamento, vemos que ela é definida como “sutilmente sensual”, sem falar exclusivamente do sexo, mas da necessidade coletiva para o contato e conexão que vêm se perdendo pela forma individualista na qual somos socializados.

Como provocação e convite para a proximidade consigo mesmo e com as parcerias sexuais, trago o tantra enquanto possibilidade para esse aprofundamento.

O que é o tantra?

Ao se aprofundar na compreensão sobre a cor de 2024, resultado de uma pesquisa sobre comportamento, vemos que ela é definida como “sutilmente sensual”, sem falar exclusivamente do sexo, mas da necessidade coletiva para o contato e conexão que vêm se perdendo pela forma individualista na qual somos socializados.

Como provocação e convite para a proximidade consigo mesmo e com as parcerias sexuais, trago o tantra enquanto possibilidade para esse aprofundamento.

Eu conheci o tantra através de um livro que uma amiga compartilhou comigo. Eu estava em um momento de vulnerabilidade emocional e procurava respostas sobre meu erótico. Depois de alguns anos de teoria e prática, foi enquanto presente de aniversário de uma amiga que pude experimentar uma sessão de massagem tântrica. Isso foi um divisor de águas na minha vida, trazendo total clareza sobre a pessoa que eu era naquele momento.

Hoje em dia, pratico o tantra no meu cotidiano, quando busco me conectar com o meu corpo-mente-espírito. Faço isso durante os momentos em que estou rebolando ou fazendo Yoga com consciência e intenção; as massagens tântricas são momentos onde experiencio o choro e a liberdade do corpo para sentir. Tenho choros presos há anos, os quais consigo dar lugar e alento durante as sessões. Por isso, para quem busca “desejo inato por proximidade e conexão”, como apontam os pesquisadores da Pantone, não recomendo que ao procurar pelo tantra busque experiências alheias: procure a si, isso sempre me trouxe mais leveza.

De acordo com a terapeuta Laísa Camargo o tantra é uma filosofia comportamental milenar embasada em um sistema matriarcal e na espiritualidade. “Seu objetivo maior é ativar a Energia Kundalini, a qual é compreendida como um fenômeno bioelétrico e espiritual de ativação de uma energia que fica adormecida na base de nossa coluna. conforme ascende ajudar a equilibrar o sistema nervoso, promove a saúde mental e emocional a quem a movimenta, de modo que os praticantes se conectem com sua potência e “alcancem a iluminação”, explica.

A terapeuta Maylana Irineu, acrescenta, “”Tantra” significa também “libertação total do Espírito”, pois regula o que a sociedade oprime e reprime ao longo dos séculos. Ex: Reconhecer a corpa, o corpo físico e a genitália como morada e expressão divina, o prazer e celebração como direito de cada pessoa. Honrar a energia feminina é fundamental, a Shakti, que é Deus(A) Mãe. Equilibrar as energias femininas e masculinas dentro de nós é parte dessas transformações”.

A terapeuta contextualiza em seu livro Sacred Sexuality Ancient – Egypt Tantric Yoga, de Dr. Muata Ashbyque que os egípcios consideravam Tantra uma forma de yoga avançada “Há muitas escolas e traduções de Tantra e as que mais me identifico são a Visão Tântrica do Caminho do Amor e Tantra como uma Ciência espiritual, que atua através das meditações ativas e vibracionais, respirações conscientes, yoga, mantras, yantras e massagem terapêutica”.

Maria Chantal Maria Chantal é uma mulher cis, bissexual, angolana em diáspora no Brasil. Estudiosa autodidata da Ginecologia Natural, atua como educadora menstrual, compartilhando conhecimentos sobre prazer, rebolado afro referenciados e a naturalização do ciclo uterino.

Os artigos publicados pelas colunistas são de responsabilidade exclusiva das autoras e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Nós, mulheres da periferia.

Larissa Larc é jornalista e autora dos livros "Tálamo" e "Vem Cá: Vamos Conversar Sobre a Saúde Sexual de Lésbicas e Bissexuais". Colaborou com reportagens para Yahoo, Nova Escola, Agência Mural de Jornalismo das Periferias e Ponte Jornalismo.

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