set de filmagem

Série Cidade de Deus terá mais mulheres protagonistas e menos violência

A série Cidade de Deus será lançada em 2024, após mais de duas décadas do lançamento do filme homônimo. Confira!

Por Beatriz de Oliveira

20|10|2023

Alterado em 24|10|2023

Vinte anos depois do lançamento do filme que marcou o Brasil, ocorre a produção de uma série sobre a trama: Cidade de Deus. Os protagonistas da vez, entretanto, são as mulheres, os afetos e as potências das favelas, deixando a violência em pano de fundo. Essa é a avaliação de Sabrina Rosa, uma das atrizes que participa de ambas as produções.

O filme é de 2002 e foi dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund. Já a série, que deve ser lançada em 2024, é dirigida por Aly Muritiba, em uma produção da HBO Max.

Na série, Sabrina Rosa vive a personagem Cinthia, liderança de uma organização não governamental (ONG) na favela que atende principalmente crianças. Há 20 anos, seu personagem em Cidade de Deus nem ao menos tinha nome. Ela interpretou“ a mulher de Mané Galinha”.

Para a artista, esse é um retrato do machismo vivido no cinema naquela época. “Eu sempre falava isso: ‘o cinema brasileiro é muito machista, só mostra a vida dos homens’. E com Cidade de Deus não foi diferente, os personagens femininos só eram o alicerces para a jornada masculina acontecer”, pontua.

Atriz Sabrina Rosa em escritório

Sabrina Rosa interpreta Cinthia em série Cidade de Deus

©Renato Nascimento/Divulgação

Cidade de Deus foi importante, mas violento

Aos nove anos de idade, a carioca passou a integrar o grupo Teatro Nós do Morro, sediado na Favela do Vidigal. Conta que, apesar de já ter trabalhado em algumas produções, Cidade de Deus foi um divisor de águas para a sua carreira e de outros atores. “O Cinema brasileiro estava apagado, Cidade de Deus abriu as portas do Brasil para o mundo, foi um cometa”.

O longa foi indicado ao Oscar 2004 nas categorias Melhor Direção, Melhor Fotografia, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Montagem. Em 2003, levou o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro como melhor filme e outras cinco categorias. Além disso, é o segundo filme estrangeiro mais assistido do mundo, segundo a plataforma Preply.

Quando recebeu o convite para participar da série, Sabrina Rosa temeu que o projeto tivesse as mesmas falhas que o filme: excesso de violência e invisibilização da trajetória das mulheres. “Cidade de Deus foi muito importante, mas foi muito violento também. Eu, como uma mulher nascida e criada na periferia, sei muito bem que não existe só violência na comunidade”, afirma.

Felizmente, ao ler o roteiro da obra, se deparou com uma trama atenta às lideranças femininas e aos afetos na favela. Segundo a atriz, a violência funciona como um pano de fundo para a narrativa.

Em sua opinião, essa mudança de foco se deve às produções de criadores negros no audiovisual, que cada vez mais tem contado suas próprias histórias e desafiado a lógica predominante. Diferente do filme, a série conta com profissionais negros também atrás das câmeras, no entanto, não são a maioria da equipe.

As expectativas de Sabrina Rosa para a reação do público com a série Cidade de Deus são boas. “Que a gente esteja contando uma história bacana, que as pessoas se sintam representadas e que seja importante para o nosso país, como o filme Cidade de Deus foi”.