
Saiba como vai funcionar exame molecular DNA HPV, substituto do papanicolau no SUS
Novo teste é mais eficaz e pode ser realizado num intervalo de tempo maior
Por Beatriz de Oliveira
08|05|2025
Alterado em 08|05|2025
Neste mês de maio, o Sistema Único de Saúde (SUS) começará a substituir gradualmente o papanicolau pelo exame molecular DNA HPV. O novo exame de detecção de câncer do colo do útero tem resultados mais precisos e pode ser realizado num intervalo de tempo maior. A mudança foi anunciada em 26 de março pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Ambos os exames detectam o papilomavírus humano, ou HPV, que é o causador de quase todos os casos de câncer de colo do útero – o terceiro mais incidente entre as mulheres. No entanto, enquanto o papanicolau identifica células já com alterações no útero, o exame molecular DNA HPV verifica se o paciente tem o DNA do vírus, possibilitando uma sensibilidade de 97% na detecção dos subtipos do HPV.
Com a mudança, o tempo de intervalo entre as coletas, quando não houver diagnóstico do vírus, passa de três para cinco anos – ao passo que a faixa de idade para realização do exame continua igual: de 25 a 49 anos.
Nota-se que desde 2021, a Organização Mundial da Saúde recomenda o teste molecular como exame primário para detectar o HPV, em razão de sua maior sensibilidade. Um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostrou que o novo teste aumentou a detecção de lesões pré-cancerígenas em até quatro vezes em comparação ao papanicolau. Além disso, antecipou a detecção do câncer em dez anos.
A implantação do exame contará com um rastreio organizado, com a busca ativa do sistema de saúde para mulheres realizarem o teste, já que dados do Sistema de Informação do Câncer mostram que, entre 2021 e 2023, apenas três estados tiveram cobertura de realização de papanicolau próxima de 50% do público-alvo.
Por fim, as diretrizes do Inca também permitem a autocoleta do material para teste em populações de difícil acesso e orientações para o atendimento de pessoas transgênero, não binárias e intersexuais.