Recarregável ou à pilha? Conselhos para comprar seu primeiro vibrador

Colunista Maria Chantal explica diferentes usos do vibrador e dá conselhos para compra

11|09|2023

- Alterado em 17|05|2024

Por Maria Chantal

Resolva essa charada: o que é que está cada vez mais presente em filmes e séries protagonizadas e dirigidas por mulheres, de produções nacionais como Dois Tempos (Starplus) até as internacionais como Insecure (HBO), e causa ciúme e prazer?

Conseguiu adivinhar do que estou falando? Acertou quem pensou em vibradores, ou para os íntimos, vibramores.

Esse item que está cada vez mais presente nas mãos das mulheres, tem a sua criação datada no século 19. Mas como nasceu o vibrador do jeito que conhecemos hoje?

Existe uma ideia que vem sendo difundida há décadas, a de que havia uma doença que acometia mulheres, a histeria, termo guarda-chuva para uma doença que os sintomas iam de dor de cabeça, irritabilidade até o que se classifica hoje como transtornos mentais.

Acreditava-se que a causa da doença era a falta de circulação sanguínea no útero, além da falta de relações sexuais. A cura acontecia a partir da estimulação genital em consultórios médicos. Onde os profissionais de saúde faziam a estimulação genital manual, a fim de provocar o “paroxismo histérico”, hoje conhecido como orgasmo, que trazia alívio para a paciente.

Mas essa estimulação manual era cansativa, e os médicos precisavam arranjar uma solução. Assim nasceu o vibrador, ferramenta médica que ajudava a acabar com a histeria com maior eficácia, pois permitia que mulheres experimentassem orgasmo em um período de tempo menor, o que fazia com que os médicos atendessem mais pacientes. História maneira, né?!

Porém, segundo a BBC News Brasil, a história não é bem essa. Baseado no artigo da historiadora Hallie Lieberman, publicado no Journal of Positive Sexuality, apontam que o vibrador na verdade nasceu como uma ferramenta para massagens relaxantes nas costas e que a ideia de médicos massageando pacientes na região genital não é verídica. Esses massageadores manuais começaram a ser inutilizados pelos médicos. Entretanto, ainda havia no estoque das marcas muitas unidades disponíveis, então, para escoar a produção, a indústria começou a vender para o consumidor final, sendo uma das funções ainda o relaxamento. E dado momento, resolveram focar no público feminino, pois esses massageadores manuais poderiam curar a histeria, a partir do relaxamento proporcionado por eles mesmo com o uso recreativo.

A historiadora Helen King diz que a primeira versão é mais popular por ser um fetiche médico – paciente. Independente da história popular, sobre ter sido uma ferramenta ginecológica médica do século 19, ser verdadeira ou falsa. Os vibradores atualmente são um dispositivo terapêutico benéfico para a saúde pélvica e emocional de diversas mulheres, homens trans e pessoas com vulva. Em seu livro “Da dor ao prazer“,a fisioterapeuta pélvica e doutora em ciências da saúde Márcia Oliveira, conta que, para além de serem uma ferramenta de prazer, os vibradores auxiliam no tratamento das disfunções dolorosas femininas, como o vaginismo e a vulvodínia, além de trazer melhoras para quadros de atrofia vaginal após a menopausa ou na dor sexual após o parto, acrescenta a fisioterapeuta.

Mas pode usar vibrador quando se está em um relacionamento? Olha, vibradores são brinquedos sexuais que estão mergulhados em muitos tabus: tem gente que acredita que a depender da religião não pode utilizá-lo, pois podem atrair o “mal”, assim como existem pessoas que acreditam que se uma mulher hetero está em um relacionamento não pode utilizá-lo, pois seu parceiro está ali naquela função e usar o vibrador é substituir essa parceria. Quando na verdade o vibrador serve para estimular sensorialmente o corpo a partir de outras intensidades e variações. Lembrando que usar vibrador não define sexualidade, não é gostar de usar um vibra que vai dizer que tu é héterosexual, homo ou assexual. Outro ponto é que vibradores podem ser utilizados durante a relação ou para fazer a sua auto estimulação sozinha. Por último, segue sendo válido conversar honestamente sobre o assunto com seus afetos e amizades.

Conselhos de compra para iniciantes

Um vibrador não serve só para penetração, mas também para a estimulação vulvar completa, assim como não precisa ter o formato de um pênis, atualmente você consegue encontrar disponíveis em variedades de tamanho, cores, formatos e valores.

Um formato bem conhecido é o “bullet”, que tem o tamanho de um batom e pode ser levado de forma bem discreta em sua mochila ou mala de viagem ( alô viajantes, essa dica é pra nós!). Existem também vibradores que podem ser usados no dedo, pênis e na calcinha, sendo controlados por aplicativos de celular. Algumas outras opções de vibradores são os vibradores para o ponto G e os plugs que vibram. Ah, tem também os tão falados e desejados sugadores de clitóris, que produzem uma onda vibratória e são elas que estimulam o clitóris.

A depender do formato alguns estimulam vagina, colo do útero, lábios externos e internos, ponto G e clitóris de forma separada, mas existem os mais elaborados que estimulam do colo do útero até o clitóris ao mesmo tempo, e com 10 a 15 opções de pulsação. 

vibradores, vibrador

Existem vibradores em variedades de tamanho, cores, formatos e valores.

©Freepik

Os vibradores hoje em dia podem ser encontrados em diversos formatos, como por exemplo cofrinhos de guardar moedas, brinquedos, maquiagens ou flores.

Um precioso conselho sobre a compra é começar pelo básico.  Você pode iniciar a sua jornada com um bom bullet e ele não precisa ter mil pulsações, já que é bem comum que você só use as primeiras pulsações. Não posso deixar de te recomendar que você prefira vibradores recarregáveis, a bateria dura mais e você não vai precisar estocar pilha ou ter que sair em horários aleatórios para comprá-las, caso precise.

Antes do uso

Antes de tudo, leia o manual do usuário que vem junto com o seu vibramor. Então, compre as pilhas ou carregue seu vibra. Higienize. As marcas em geral recomendam um bom sabonete neutro e algumas disponibilizam higienizadores próprios para o sextoy. Lembre-se de ter próximo lubrificantes e espelho, é legal olhar a própria vulva ao longo do processo de uso do vibramor.

Depois do uso

Higienize, seque com uma toalha limpa, coloque para carregar, para que na próxima vez que for utilizá-lo esteja completamente carregado. Afinal, você não vai querer que na próxima vez o vibramor descarregue no meio do processo, né?. Guarde-o em um lugar sem exposição à luz solar e calor.

Maria Chantal Maria Chantal é uma mulher cis, bissexual, angolana em diáspora no Brasil. Estudiosa autodidata da Ginecologia Natural, atua como educadora menstrual, compartilhando conhecimentos sobre prazer, rebolado afro referenciados e a naturalização do ciclo uterino.

Os artigos publicados pelas colunistas são de responsabilidade exclusiva das autoras e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Nós, mulheres da periferia.

Larissa Larc é jornalista e autora dos livros "Tálamo" e "Vem Cá: Vamos Conversar Sobre a Saúde Sexual de Lésbicas e Bissexuais". Colaborou com reportagens para Yahoo, Nova Escola, Agência Mural de Jornalismo das Periferias e Ponte Jornalismo.

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