Raquel Trindade, artista, professora e ativista, morre aos 81 anos
A partir de agora, a Dona Raquel, como é respeitosamente e carinhosamente chamada, seguirá nos acompanhando e fortalecendo em outro plano. Nascida em Recife, Pernambuco, em 10 de Agosto de 1936, foi criada no Rio de Janeiro e passou grande parte da sua vida na cidade de Embu das Artes, em São Paulo.
Por Semayat S. Oliveira
15|04|2018
Alterado em 15|04|2018
Não é à toa que este domingo, dia 15 de abril de 2018, amanheceu chuvoso na capital paulista. Raquel Trindade, conhecida como a Rainha Kambinda, fez a passagem nesta madrugada, aos 81 anos. Segundo informações, ela havia feito uma cirurgia recente no coração e estava em processo de recuperação, mas o motivo da morte não foi divulgado.
O velório acontece no Teatro Popular Solano Trindade neste domingo e seu corpo será enterrado na segunda-feira, dia 16 de abril. Amigos e familiares farão um cortejo, às 13h, para a despedida, assim como dona Raquel gostaria que fosse. O enterro está previsto para às 15h.
A partir de agora, a Dona Raquel, como é respeitosamente e carinhosamente chamada, seguirá nos acompanhando e fortalecendo em outro plano. Nascida em Recife, Pernambuco, em 10 de Agosto de 1936, foi criada no Rio de Janeiro e passou grande parte da sua vida na cidade de Embu das Artes, em São Paulo.
Raquel foi uma importante ativista contra o racismo, artista plástica, dançarina, coreógrafa e lecionou em espaços que vão desde as periferias do Brasil até universidades como Unicamp e Unifesp, onde foi responsável pelo curso de extensão Identidade Cultural Afro-Brasileira (ICAB).
Filha de Solano Trindade, conhecido como ‘O poeta do povo’, e Maria Margarida da Trindade, coreógrafa e terapeuta ocupacional, ela preservou a origem pernambucana da família de diferentes maneiras. Raquel foi a fundadora da Nação Kambinda de Maracatu e, em homenagem a seu pai, criou o Teatro Popular Solano Trindade, em Embu das Artes. O espaço comemorou 40 anos em 2015 e, neste chão, foi semeado e cultivado muita cultura, amor, celebração e força. Tudo isso regado com muito Maracatu, Côco de Alagoas e Pernambuco, Samba, Jongo, ritmos dos Orixás e outras manifestações da cultura popular brasileira.
Raquel foi, é e sempre será uma guardiã e multiplicadora de conhecimento, ícone de resistência e liderança feminina. Foi uma mulher que inspirou e impulsionou outras mulheres, e homens também, ao autoconhecimento e à independência.
Sua casa, que nem portões tinha, recebe as águas que caem hoje para semear e espalhar novos caminhos. Seu legado vive em nós.
Que nossa griot faça uma passagem de luz, agradecemos de peito cheio de amor.Viva Raquel Trindade!
Serviço
Teatro Popular Solano Trindade
Endereço: Av. São Paulo, 176 – Jardim Silvia, Embu das Artes – SP, 06804-230