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“PatyNomad” viaja o Brasil e a América Latina como nômade digital

Patrícia Batista decidiu se tornar nômade digital após a pandemia de Covid-19 e compartilha dicas para quem quer viajar gastando pouco.

Por Mariana Oliveira

04|03|2024

Alterado em 05|03|2024

Viajar e conhecer diversos lugares sempre foi um sonho na vida da especialista em sustentabilidade, Patrícia Batista. No entanto, foi somente com a adoção do home office durante a pandemia de Covid-19, período em que a procura por imóveis distantes das grandes capitais subiu 340% (dados do Grupo ZAP para a InfoMoney), que PatyNomad decidiu aventurar-se pelo mundo como nômade digital.

O nomadismo digital é um estilo de vida adotado por pessoas que trabalham remotamente, permitindo que seus adeptos explorem diferentes cidades ou países, vivenciando diversas culturas e gastronomias. Patrícia expressa sentir-se privilegiada com essa oportunidade, mas lamenta a escassez de mulheres negras viajantes. Além disso, ela destaca que, para muitas mulheres, a ascensão social pode gerar sentimentos de culpa, o que as impede de considerar a possibilidade de uma vida nômade.

A possibilidade de viver essa experiência única surgiu na vida de Patrícia devido à adoção do home office durante a pandemia. Morando de aluguel, ela vendeu móveis e carro, substituindo os gastos fixos por uma vida em movimento.

“Viajar é um privilégio. As mulheres são convencidas ao longo da vida de que estabilidade e sucesso é ter uma casa e filhos”.

Ao longo de seis anos, Patrícia estudou as possibilidades de intercâmbio, mas o orçamento e compromisso com o trabalho a impediam de realizar o sonho. “Meu maior desafio no início foi pensar como seriam minhas finanças. Aos poucos descobri que não preciso de bens materiais, então abri mão: não uso salto alto ou produtos de maquiagens que exigem que eu carregue uma bolsa a mais”. Explica que mantém tudo “na ponta do lápis”, adia ou altera destinos, utiliza serviços de carona solidária, pede descontos para economizar máximo. “Saí da Colômbia e fui para João Pessoa, a passagem não estava barata, então fiquei na cidade até quitar as parcelas. Só quando terminei de pagar comecei a pensar no próximo destino”, explica Patrícia.

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Optar por uma vida nômade permitiu Patrícia Batista realizar o sonho de conhecer novos lugares. © Arquivo Pessoal

Paty aproveita o nomadismo para conhecer novas pessoas e desenvolver o espanhol. © Arquivo Pessoal

Ela conta que vida de viajante proporciona experiêcnias que nunca havia imaginado. © Arquivo Pessoal

Mesmo fora do Brasil, Patricia precisa cumprir carga na empresa que trabalha. © Arquivo Pessoal

Para econimizar nos gastos, Paty utiliza o transporte público ou caronas solidárias. © Arquivo Pessoal

Apesar de não ter uma residência fixa, Paty mantém uma rotina à medida do possível, passando longos períodos em cada local, mesmo que isso signifique explorar menos lugares. Atualmente, ela opta por destinos no Brasil e América Latina para manter-se dentro do orçamento. “Eu trabalho em regime CLT, então tenho que estar sentadinha das 8h às 18h, mas vivo uma vida normal, seja em João Pessoa ou Buenos Aires. Antes de ser nômade, eu trabalhava de segunda a sexta, e à noite frequentava o teatro ou cinema com meus amigos. A diferença nos dias de hoje é que em João Pessoa eu vou à praia ou a um forrozinho, por exemplo”, conta.

Patrícia, apesar de se considerar “desapegada” de bens materiais, sente saudades da família e utiliza a tecnologia para aliviar esse sentimento. “Essa parte é difícil. A primeira coisa que perdi foi a formatura do meu irmão na faculdade, mas tento me manter sempre presente ligando para saber o que está acontecendo na vida deles e tentamos nos encontrar pelo menos duas vezes no ano”.

Dicas para quem quer começar

1

Tenha controle sobre seu orçamento: Patrícia alerta que a vida nômade pode ser arriscada; o deslumbre em aproveitar tudo pode ser um vilão. Por isso, é importante ter consciência da sua renda e gastos para evitar acabar se endividando. “Eu viajo com o meu salário. No início, cozinhava muito mais em casa, em vez de comer fora. Se sei que só posso tomar uma cervejinha, me limito a isso”.

2

Procure por destinos afastados das capitais: O acesso a grandes cidades ou capitais é mais fácil, no entanto, mais caro. Uma alternativa é buscar cidades vizinhas ao seu destino final; nesses locais, a estadia pode ser mais em conta, e há a possibilidade de acesso por ônibus, trem ou transportes alternativos.

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Pesquise pessoas com perfis semelhantes ao seu: Busque acompanhar pessoas com estilo de vida, princípios, valores e finanças que estejam de acordo com a sua realidade para evitar frustrações. “Tento acompanhar pessoas que falam e se parecem comigo, dou preferência a pessoas negras para não me deparar com coisas além do meu alcance, evitando comparações que poderiam me fazer sentir mal, pois às vezes as redes sociais favorecem isso”, sugere.

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Acomodações compartilhadas e descontos: Às vezes, ser “desinibida” pode ajudar a garantir um bom desconto. É possível se alojar em hostels em troca de trabalho voluntário no estabelecimento. Compartilhar acomodações em casas compartilhadas ou em casas de família e tentar negociar os valores com os proprietários também são alternativas para economizar na estadia.

5

Saiba abrir mão: Talvez o destino desejado ou a realização de uma atividade específica esteja distante do seu orçamento, e a disposição para abrir mão e buscar alternativas deve ser uma aliada. “Se eu puder aproveitar a praia, é o que vou fazer. Gosto muito de ir ao samba, mas evito frequentar lugares em que preciso pagar entrada, por exemplo”.