Pagode Por Elas: iniciativa busca construir nova década do pagode baiano
Joyce Melo e Beatriz Almeida são fundadoras da Pagode Por Elas, empresa que mapeia e divulga mulheres do pagodão baiano
Por Beatriz de Oliveira
21|03|2024
Alterado em 21|03|2024
Uma iniciativa dedicada a mapear e divulgar mulheres pagodeiras da Bahia. É isso que o Pagode Por Elas se propõe a fazer, criado pelas jornalistas e empresárias Joyce Melo e Beatriz Almeida. A ideia, que nasceu de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), é ambiciosa: construir uma nova década do pagodão baiano, com mais diversidade e igualdade de oportunidades entre homens e mulheres.
O pagodão baiano – ou pagode baiano – é um gênero nascido em Salvador (BA) que mistura samba-reggae e pagode, com presença de percussão e ritmo acelerado. Ele ganhou forma a partir da década de 1990, com grupos como É o Tchan e Parangolé.
Durante a graduação em Jornalismo, a ideia de abordar o pagodão baiano surgiu a partir de uma brincadeira entre Joyce e Beatriz. Já a decisão de focar nas mulheres veio após uma pesquisa inicial que revelou a falta de conhecimento sobre mulheres do gênero e a ausência de estudos sobre o tema. A maioria das bandas mais conhecidas tem vocalistas homens.
Joyce Melo e Beatriz Almeida criaram o Pagode Por Elas
©divulgação
Elas tiveram a certeza que abordariam o protagonismo de mulheres no pagode após assistir a um show com a percussionista e cantora Fernanda Maia, em 2019. “Quando ela entrou pra cantar, o público ficou extasiado, inclusive a gente”, lembra Joyce.
Ao se questionarem se as mulheres desse ritmo estavam recebendo o devido reconhecimento, as duas estudantes começaram a procurar essas artistas. “Ficamos com medo de não ter conteúdo suficiente, mas quando buscamos uma mulher, puxamos várias outras. Essa foi uma das descobertas mais maravilhosas: há muitas mulheres no pagodão baiano”, diz Joyce. Entre as mulheres que entrevistaram para o trabalho da faculdade, estão A Dama, Léo Kret e Aila Menezes.
Já formadas em Jornalismo, transformaram o TCC em negócio. Inicialmente, nove artistas, hoje já são mais de 30. A iniciativa conta com diferentes frentes de atuação: um canal de comunicação, um selo musical e formação. Além disso, produzem também o podcast Pagode por Elas e o Festival Pagode Por Elas, cuja primeira edição ocorreu em janeiro deste ano.
“Nossa primeira edição teve uma lineup com 100% de mulheres do pagodão. Batemos o pé para manter a nossa curadoria exclusiva de mulheres”, conta Beatriz.
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“O mais importante de tudo foi o feedback das mulheres e das artistas foi o mais importante. Todas se sentiram acolhidas, mostrando que o festival foi revolucionário. Queremos que surjam novos nomes para fortalecer esse festival e para que as mulheres ocupem mais esse lugar de protagonistas”, acrescenta Joyce.
Revolucionária é também a meta da empresa: construir uma nova década para o pagode baiano, com início em 2020 e fim em 2030. Nesse período, “mapeamos as mudanças que acontecem na cena do pagode feminino e, também através da atuação do Pagode Por Elas, é uma missão audaciosa, mas acreditamos no poder das mulheres em torná-la realidade”, explica Beatriz.
Dada a grandeza da meta, as atividades são muitas. Este ano, lançaram a segunda temporada do podcast Pagode por Elas, voltado para profissionais da música. Em maio, ocorre o lançamento do clipe da música “Eu sou pagodeira”, que faz parte do EP da iniciativa. Já no segundo semestre, está previsto o lançamento do clipe “É o pagode por elas”, faixa composta por Rai Ferreira.