multidão em bloco de carnaval

Ondas de calor impactam blocos de carnaval; saiba se prevenir 

Exposição a altas temperaturas podem causar insolação, desidratação, exaustão térmica e queimaduras; Comissão Feminina do Carnaval de Rua de São Paulo cobra ações preventivas do poder público

Por Beatriz de Oliveira

05|02|2024

Alterado em 05|02|2024

Ondas de calor têm se tornado cada vez mais frequentes no cotidiano dos brasileiros. Certamente, você já presenciou cenas de pessoas passando mal pelas altas temperaturas. Na agitação dos blocos de rua durante o carnaval, a atenção aos efeitos da crise climática deve ser redobrada.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o mês de fevereiro deve ser marcado por temperaturas acima da média em todo país, além de chuvas mais intensas do que o comum na maior parte do território.

Preocupados com esse cenário, organizadores do carnaval de rua cobram ações preventivas do poder público. É o caso da Comissão Feminina do Carnaval de Rua de São Paulo (CFCRSP), que reivindica a distribuição de água durante os blocos, bem como a extensão do horário limite de término dos cortejos, inicialmente definido para às 18h.

Thais Haliski, integrante da comissão, relata que ocorreram reuniões sobre as reivindicações em outubro de 2023 com a Secretaria Municipal de Subprefeituras. Acrescenta que não tiveram retorno até o início de janeiro, quando decidiram procurar a imprensa. Depois disso, a prefeitura divulgou em nota que ocorrerá a distribuição gratuita de água durante a festa.

“Até o momento a gente não sabe qual será a logística e quanto de água vão distribuir e também não temos informações sobre postos de atendimento para receber pessoas com casos de insolação e desidratação”, afirma Thais Haliski.

A integrante da comissão critica ainda a atuação do poder público no Carnaval de São Paulo em 2024. “Nessa gestão do prefeito Ricardo Nunes, os blocos foram jogados para o canto, as interlocuções foram as piores possíveis. Eu já organizo carnaval há 10 anos e nunca vi nada parecido”, diz.

Em nota, a prefeitura de São Paulo afirmou que contará com 20 postos de atendimento médicos durante os dias de Carnaval de Rua, além de 26 ambulâncias UTI (unidade de terapia intensiva) e 114 ambulâncias básicas. Alegou ainda que “duplas de bombeiros civis acompanharão o trajeto dos blocos a cada 100 ou 200 metros para prestarem o atendimento necessário aos foliões”.

Como se prevenir dos efeitos do calor durante os blocos de carnaval 

Thatiane Silva, médica de família e comunidade, explica os impactos das ondas de calor no corpo humano: “com o aumento da temperatura de forma repentina, o organismo precisa ativar o seu centro de termorregulação e pode sobrecarregar alguns sistemas como o respiratório, urinário e cardiovascular”. Essa sobrecarga pode gerar casos de insolação, desidratação, exaustão térmica e queimaduras. 

médica negra

Thatiane Silva é médica de família e comunidade

©arquivo pessoal

“Nós tivemos um caso muito emblemático durante o show da Taylor Swift, em que uma fã morreu devido aos efeitos dessas ondas de calor. Então, sim, é perigoso e pode levar à morte, por isso é necessário dar a devida atenção a esse fenômeno principalmente agora que estamos no verão e que temos eventos com grande aglomeração de pessoas, como o carnaval”, pontua Thatiane.

Entenda os sintomas dos principais problemas causados pela exposição ao sol por longos períodos:

Insolação: pele quente, seca e vermelha, pulsação rápida e forte, náusea, cãibras e

perda de consciência;

Desidratação: mal-estar, fraqueza, sonolência, irritabilidade, dificuldade de atenção, fome ou sede, dor de cabeça, tontura ao levantar-se ou para se deitar, se sentar ou se levantar, alteração na coloração da urina; 

Queimaduras: pele vermelha, inchada ou dolorida, devido à própria exposição ao sol ou contato com superfícies ou objetos que foram expostos ao sol por um determinado período de tempo, como objetos de metais;

Exaustão térmica: transpiração, fraqueza, tonturas, desmaios, náuseas, dor de cabeça, cãibras musculares e diarreias.

Ao sentir esses sintomas, a recomendação é procurar atendimento médico imediato. Além disso, existem pessoas com fatores de risco que podem aumentar a chance de passar pelas situações. Doenças transmissíveis ou crônicas, psiquiátricas, cardiovasculares, respiratórias, renais metabólicas, além de diabetes, hipertensão, obesidade são alguns dos fatores de risco. Crianças, idosos, gestantes, lactantes também têm maior predisposição.

De acordo com a Nota Técnica nº 18/2023 do Ministério da Saúde, também é necessário considerar fatores socioeconômicos, “que fazem com que o indivíduo esteja mais exposto aos riscos climáticos, como populações que vivem na pobreza, em ilhas urbanas de calor, cidades populosas, em condições precárias de saneamento” diz o texto. Gênero e raça são outros pontos de atenção, “vulnerabilidades decorrentes dessas condições muitas vezes se interseccionam e são resultado de um cenário mais amplo de iniquidades históricas”.

Diante desse cenário, a médica Thatiane Silva dá algumas dicas para evitar esses efeitos do calor durante os blocos de carnaval:

1

Usar roupas e acessórios que diminuam a exposição aos raios ultravioletas, como roupas leves e de manga comprida, óculos de sol e bonés; 

2

Beber muito líquido, principalmente água;

3

Evitar bebidas alcoólicas, que podem aumentar a retenção de líquido; 

4

Usar protetor solar;

5

Pessoas com hipertensão, diabetes e outras doenças de risco devem estar com a saúde equilibrada, com medicação em dia.