Professores dizem não à retomada escolar em SP durante carreata

Segundo os manifestantes,  o governador impediu a carreata de chegar ao Palácio dos Bandeirantes de forma truculenta e autoritária. "Nem mesmo a pé foi permitida a nossa chegada", afirma Bebel, professora, presidenta da Apeoesp e deputada estadual.  

Por Semayat S. Oliveira

29|07|2020

Alterado em 29|07|2020

Nesta quarta-feira (29), professores da rede pública estadual, organizados pela APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), realizaram uma carreata em protesto ao possível retorno às aulas presenciais, indicada pelo governador João Doria (PSDB) para setembro.

A concentração estava marcada às 9h, em frente ao Estádio do Morumbi, e iria seguir até o Palácio dos Bandeirantes. Segundo os manifestantes, o governador impediu a carreata de chegar ao Palácio dos Bandeirantes, agindo de forma autoritária. “Nem mesmo a pé foi permitida a nossa chegada”, afirma Bebel, professora, presidenta da Apeoesp e deputada estadual.

Na visão dos profissionais, as escolas devem ser as últimas a retornar às atividades e, ainda assim, somente quando houver signifiativa redução da pandemia e a garantia de segurança sanitária para professores, estudantes, funcionários e suas famílias.

Para as professoras e professores envolvidos na ação, a suspensão das aulas presenciais contribuiu decisivamente para que não tivessem um quadro ainda mais grave na pandemia.

Segundo Bebel, a categoria está avaliando a possibilidade de uma greve e pretende cobrar  um isolamento social horizontal total, com segurança sanitária e alimentar para toda a população, assim como o pagamento de auxílio emergencial para os professores temporários, que estão passando necessidades diante da insensibilidade.

“Doria é tão autoritário e genocida quanto Bolsonaro. Quer colocar a vida de milhões de estudantes, de centenas de milhares de profissionais da educação e das famílias em risco. Não aceitamos. Em defesa da vida, não voltaremos às aulas presenciais e iremos à greve, se necessário”, denuncia.

Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que, embora as chances de volta às aulas fossem irreais nas regras de reabertura anteriores, com as mudanças anunciadas por Dória na segunda-feira (27), o retorno realmente pode acontecer ainda em setembro.

Antes, para que uma região fosse considerada apta à reabertrura, ela deveria estar na fase amarela. Para ir para essa fase, no entanto, as regras previam que 60% dos leitos de UTI para a Covid-19 estivessem ocupados. Com a mudança nesta semana, é possível ir para a fase amarela com 70% a 80% das vagas preenchidas, contanto que o governo entenda que o número de internações e o de óbitos por 100 mil habitantes estejam dentro de uma zona de segurança.

Nesta terça-feira (28), o Estadão apontou que o Conselho Municipal de Educação de São Paulo está preparando uma resolução explicando que familaires e responsáeis podem optar por não mandar seus filhos para a escola durante a pandemia, mesmo diante do retorno autorizado pelo estado.

Os alunos que não forem não receberão falta, porém, deverão continuar as atividades de maneira remota em casa. Já a Prefeitura irá pedir aos responsáveis que assinem um termo se comprometendo com regras sanitárias, em caso de decidirem enviar os alunos às escolas.

Leia mais em reportagem especial sobre volta às aulas

https://nosmulheresdaperiferia.com.br/noticias/volta-as-aulas-maes-e-professoras-discordam-com-retomada-escolar/