Marielle, presente: “a violência que cala é a mesma que desencadeia nossa voz”

Na noite de ontem, 15/3, milhares de pessoas marcharam em solidariedade à vereadora Marielle Franco, assassinada com quatro tiros na região central da cidade do Rio de Janeiro.

Por Jéssica Moreira

16|03|2018

Alterado em 16|03|2018

“Lutamos juntas contra as tropas, que assassinam nosso povo, tropas no Rio não passarão. Somos todas Marielle”. O grito de guerra entoado por milhares de pessoas ontem (15) na Av. Paulista aquecia, mesmo que minimamente, o coração de todas as pessoas estarrecidas com o assassinato da vereadora Marielle Franco.
Veja também: Nota de pesar: justiça por Marielle Franco
Palco de tantas outras manifestações, o ato de ontem não foi apenas político ou militante, ele foi, antes, o abraço em meio a um funeral em nível nacional. Ao encontrar os amigos, as pessoas não conversavam, elas se abraçavam num lamento profundo, tão profundo quanto a dor que agora sentiam perante a morte de mais uma de nós.
Nas mãos levantadas, bandeiras, faixas e cartazes pediam justiça e marcavam a presença marcante de Marielle. “Marielle, presente. Marielle, presente. Hoje e sempre”.

Image

São Paulo tem ato em homenagem à vereadora Marielle Franco.

©Jéssica Moreira,


No meio da Consolação, uma projeção em letras garrafais lembrava os manifestantes “Vidas negras importam, nossos passos vêm de longe”, enquanto papéis brancos caíam feito chuva em homenagem à vereadora que lutou incansavelmente pelos direitos da população preta, pobre e favelada. Negras e negros, ali, sabem que essa não é a primeira, nem será a última morte de nosso povo, infelizmente.
Em outra ponta, as baterias dos movimentos davam o tom de uma tristeza que vem sempre a outras, tantas, camadas de raiva. “Não acabou, tem que acabar eu quero o fim da polícia militar”, denunciavam não só uma, mas milhares de vozes.
Image

Ato exige apuração e justiça à Marielle


Uma faixa gigante ia caminhando carregada por muitas pessoas. Quando parou, hasteada pelo chão, era possível ler a larga indagação “Onde estão os negros?”, enquanto no entorno uma mulher lembrava os tantos nomes já assassinados nos últimos tempos. “Mariella, presente. Anderson, presente”.
No alto, helicópteros e drones sobrevoavam o mar de gente. Talvez, eles tenham tido dimensão da quantidade, enquanto a gente não consegue medir nem a dor, que, em união, pelo menos vira aconchego entre os nossos e nossas iguais.
Image

Vereadora do PSOL foi morta a tiros dentro de carros na região central do Rio.

©Regiany Silva