Nathalia Marques: “Moça da periferia, não desacredite do seu poder!”
Há tempos eu queria escrever sobre a subjugação da mulher periférica e a ideia surgiu por conta de algo que aconteceu comigo. Após concluir minha faculdade, com o auxílio do governo, eu disse para mim mesma – eu quero mais, quero fazer um outro curso, quero ir longe! No entanto, não tinha grana para fazer […]
Por Redação
19|05|2017
Alterado em 19|05|2017
Há tempos eu queria escrever sobre a subjugação da mulher periférica e a ideia surgiu por conta de algo que aconteceu comigo. Após concluir minha faculdade, com o auxílio do governo, eu disse para mim mesma – eu quero mais, quero fazer um outro curso, quero ir longe!
No entanto, não tinha grana para fazer uma pós. Foi então que me surgiu a ideia de tentar algo na USP. Entrei em contato com uma professora e ela permitiu que eu assistisse suas aulas.
Quando chegue na USP, algo estranho aconteceu. Eu sentia que ali não era meu lugar. O primeiro pensamento foi – vou embora, isso aqui não é para mim! Entretanto, me dei conta do que eu estava falando e me corrigi – eu vou continuar sim! Esse lugar é por direito nosso, da população que não tem dinheiro para pagar uma faculdade!
Entrei, assisti a aula e em nenhum momento consegui fala, sentia que não era boa o bastante. Comecei a pensar porque isso estava acontecendo e cheguei à conclusão – eu estou me subjugando, desacreditando do meu potencial, eu estou aceitando o papel que a sociedade impõe para as mulheres periféricas.
Não deixe de ler:
Por um momento me veio o pensamento – quantas mulheres da periferia também se sabotam e desacreditam em seus potenciais por pensar que não são boas, que aquele emprego não é para elas, que aquela faculdade dos sonhos nunca vai rolar.
É por isso, moça, que eu decidi escrever esse texto. Eu e você não podemos aceitar o papel social de que a mulher periférica é menos, não podemos deixar que esse ideia faça com que deixemos os nossos sonhos de lado. Somos fortes, guerreiras que sobrevivem a desigualdade social, que lutam pela sobrevivência digna. Somos muito fortes e por isso podemos lutar pelo o que queremos. Por isso, quando pensar em desistir de algo por não se sentir boa, lembra que sua existência é de sobrevivência por meio de luta e que você é uma guerreira e guerreiras não fogem dos desafios!
Nathalia Marques/ crédito: arquivo pessoal
Nathalia Marques é jornalista, tem 24 anos moradora do município de Pedreira, em São Paulo.
Escreva para o Nós, mulheres da periferia. Envie um e-mail para contato@nosmulheresdaperiferia.com.br